Maroto...




Maroto...

Eu passei pelo tempo querendo que o tempo tivesse o tempo certo para mim.
Mas o maroto só fez me olhar e sorrir.
Eu quis tanto que o tempo voasse, me tirasse da infância e me levasse para bem longe dali. Desagregasse-me. Eu queria de mim ser senhora.
Mas o maroto só fez me olhar e sorrir.
Quantas vezes em horas de tristezas eu desejei que ele se esvanecesse, para que eu não mais me lembrasse de tudo que sofri.
Mas o maroto só fez me olhar e sorrir.
Eu pedi a ele que se detivesse naquele momento em que fui tão feliz, para que nele eu me aninhasse e pudesse vivê-lo eternamente. Como se fosse o início e o fim.
Mas o maroto só fez rir de mim.
Ao ouvir as palavras mais doces que alguém pode ouvir, pedi a ele, "se esqueça de mim, vá embora, não olhe para trás."
Mas o maroto só fez me olhar e sorrir.
Ao passar do eu para nós, implorei que ele caminhasse devagar. Eu precisava viver aquele tempo do tempo, em passos bem lentos, ao compasso do amor.
Mas o maroto só fez me olhar e sorrir.
Mas de repente me dei conta que sempre pedi ao tempo que caminhasse depressa, que se tornasse pequeno, pois eu queria chegar... Chegar a algum lugar... No tempo certo.
Outras tantas eu pedi que ele caminhasse a passos bem lentos, quase que parando, pois precisava que ele se fizesse maior. Como se possível fosse.
Utopia ou mordomia?
Mas o maroto só fazia me olhar e sorrir, passando no tempo certo do tempo que tinha.
Só eu não percebi.
Agora o procuro e ele se esconde. Tenho a impressão de vê-lo esgueirar-se a cada esquina, a sorrir e a fugir, a ir-se embora de mim.
Aí então eu o chamo e sequer ele responde.
Pensa que aprendi.

Heloisa




Autor: Heloisa Pereira De Paula Dos Reis


Artigos Relacionados


Um Dia

O Que é Amar

Êxodo Lupino 2

O Que É Amar?

Sem VocÊ...

Viver

Só Quero Curtir