O MENINO DO TERÇO



As crianças brincavam todos os dias na rua, como era comum naquela época, quando eu era criança e não tinha nenhum perigo nos rondando à porta...
Brincávamos de tudo e meu apelido era "mosquitinho elétrico", porque era muito
difícil me pegarem numa corrida.

Vinham crianças de toda a vizinhança brincarem na nossa rua, à tarde, e
somente entrávamos quando já era noite e nossos pais nos chamavam ... Desse
tempo restou-me uma lembrança que me motivou a gravar esta prosa romântica,
cujo protagonista, um menininho de uns seis anos, aproximadamente, mereceu por
seu gesto inocente, a minha eterna gratidão e reconhecimento, pelos seus sentimentos.

Estava eu debruçada na janela, olhando para a rua, quando o menino veio em
minha direção e me deu um embrulhinho e saiu correndo... Entrei imediatamente para
abrir e ver o que ele continha... Era um lindo terço branco e ao pegá-lo senti uma forte
emoção, pois, naquela idade não se esperava um gesto daqueles...

À tarde, alguém bateu à nossa porta e eu mesma fui atender. Era a irmã do menino
que queria confirmar se ele tinha me dado um terço de presente. Respondi que sim e
então ela me pediu que eu o devolvesse porque pertencia a ela. Fiquei muito sem graça e
desapontada ao devolver o pacotinho com o lindo terço...

Essa história da minha infância eu sempre contava para as minhas amigas, e era conhecida como "O menininho do terço".

Depois de muitas mudanças para outras cidades, voltei à minha terra natal, pela segunda
vez e qual não foi a minha surpresa quando reconheci o "Menino do Terço" numa das reuniões
literárias das quais eu participava?

Um senhor da minha idade... E nós nos olhávamos curiosos um para o outro...

Para dirimir as dúvidas que ainda persistiam em minha mente,confirmei o seu endereço no livro de registro de presenças e fiquei admirada ao saber que era o mesmo daquela rua, onde nós
morávamos na infância e para onde voltara depois de alguns anos.

E o "Menino do Terço", agora, tornou-se um dos meus melhores amigos , só que eu não confirmei com ele ainda, se ele se lembra que me deu aquele lindo terço, de presente, quando era tão criança...

Se ele não ler este texto não vai ficar sabendo...

Será que só eu tenho boa memória?
Autor: Helenice Rodrigues


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