Globalização e Pobreza



Globalização e pobreza.

A queda do muro de Berlim, em 1989, pondo fim a Guerra fria, com a vitória do "way of life" (estilo de vida) dos americanos, dá início a globalização, um fenômeno econômico complexo em razão do qual o mundo todo é/deve ser um mercado único, no qual se trocam bens financeiros, bens reais e serviços, e as fronteiras são quase inexistentes, onde determinados grupos podem se unir em torno de idéias, trocar e-mails, ter acesso à tecnologia.
Apesar de a globalização criar novas possibilidades, novas relações, estabelecer ligações e conexões entre pessoas e povos, não se pode dizer que as desigualdades sociais acabaram.
Mais fácil e comum é fazer uma análise dos aspectos desse "polvo de mil tentáculos" e as novas realidades sociais que foram sendo criadas em relação inevitável com esse processo, que envolveu de formas diferentes e desiguais, particulares e específicas o mundo e suas cidades.
Entre os aspectos mais tematizados nos tempos da globalização, a pobreza ganhou uma relevância imprevisível. O fato de a pobreza existir em todas as partes do mundo representa uma profunda advertência de que, na sua forma atual, a globalização juntamente com todos os seus benefícios e oportunidades não se deu de maneira homogênea.
Entre 1995 e 2000, o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia aumentou 20%. Passou de 1,0 bilhão para 1,2 bilhão de pessoas. Um pouco menos da metade da humanidade ?2,8 bilhões de pessoas - é obrigada a se virar com menos de dois dólares (menos de quatro reais) por dia. No Leste Europeu e na Ásia Central, o número de pobres multiplicou-se por 20 desde a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Sendo da América Latina o pior índice de pobreza relativa, o qual leva em conta as diferenças entre ricos e pobres, pior até que o da África.
Segundo relatório da ONU, as desigualdades globais de renda aumentaram no século 20 numa proporção anteriormente desconhecida. Segundo o documento, em 1820, a diferença de rendimento entre o país mais rico e o mais pobre era de três para um. Passou a ser de 35 para 1 em 1950, de 44 para 1 em 1973 e de 72 para 1 em 1992.
O principal perigo, no entanto, é que nos tornamos cada vez mais indiferentes com relação a estes mesmos números. O muro de Berlim veio abaixo e o mundo todo comemorou, então porque ficarmos indiferentes a esse muro invisível que ao mesmo tempo em que une também segrega.
A era da globalização, traz a tona um novo tipo de pobre, diferente dos de antigamente, que eram considerados pobres por não terem acesso à comida e a bens de primeira necessidade, e que esperavam que seus filhos descem um "salto social", pois isso não era um sonho tão distante. Os novos pobres estão condenados a viver em guetos, favelas, ruas às margens de meros assistencialismos e atos "humanitários".


Autor: Pedro Mélo


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