FAMÍLIA SÁ
Portadores notáveis do sobrenome Sá foram, entre outros: João de Sá, descobridor português citado em 1497; Mem de Sá, nobre, conquistador e governador português no Brasil, falecido em 1572; Estácio de Sá, militar e conquistador português no Brasil, falecido em 1568; Salvador Correia de Sá (1594-1688), militar português que prestou grande serviço no Brasil e em Angola. Outra referência a este sobrenome é o registro de Ana Jovina de Sá, filha de José Caetano de Silva e Ana Perpétua de Sá, nascido em 1760, no Rio de Janeiro. As armas e o brasão dos Sá do Brasil foram concedidos já no Brasil pelas autoridades portuguesas por serviços prestados na colonização. O livro "Fazenda Panela D?Água - Genealogia dos séculos XVII-XX" de Marlindo Pires Leite (1994) traz dados sobre a família Sá afirmando que: "o principio desta família é bastante nebuloso, assim como a origem do apelido, que é da natureza geográfica e que uns autores definem como do solar a Quinta de Sá, no termo de Guimarães e outros assinalam em lugares diferentes." Parece que da série de gerações que se podem dar como mais prováveis, o ascendente de maior antiguidade que se conhece é Rodrigo Anes de Sá, casado com D. Maria Rodrigues de Avelar, pais de Paio Rodrigues de Sá, que se diz ter vivido no reinado de D. Diniz e que era muito herdado no conselho de Latões.
Este foi filho de João Afonso de Sá, que é o maior dos genealogistas e que dá como o primeiro da família, contemporâneo de D. Afonso IV e de D. Pedro I, senhor da Quinta de Sá, no termo de Guimarães, casado com D. Teresa Rodrigues Barreto, de quem teve filhos que seguiram o apelido de Sá e continuaram a linhagem. É possível que se tenha originado várias famílias do mesmo apelido em quintas ou em lugares diversos, mas a que alcançou maior notoriedadef oi a família de João Afonso de Sá, porque se encontram na literatura portuguesa do período trovadoresco, onde a realidade se mistura à ficção, em que constam alusões à figura da cortesã Maria Peres de Saa (do alemão: lugar; do português: chácara, solar ou sítio), uma camponesa entre as várias mulheres cortejadas pelo rei vaqueiro Dom Diniz, ou rei trovador, a quem doou a Quinta de Sá do Distrito de Guimarães, com a qual teve vários filhos fora do casamento real, entre eles João Afonso de Sá. Vários com o mesmo nome aparecem na corte portuguesa, mas entre eles empre figura o de João Afonso de Sá, antecedente do cônego Gonçalo de Sá, pai de Mem de Sá, 3º Governador Geral do Brasil e de mais 12 filhos com mães diferentes. Mem de Sá vem para o Brasil e traz consigo vários primos e sobrinhos, entre eles: Estácio de Sá, Felipe de Sá, Eduardo de Sá, Fernão de Sá e Salvador Correia de Sá, Governador da Bahia e outras figuras de destaque na História do Brasil as quais tratava-as de sobrinhos. Conta-se que, por motivo do sobrenome real não poder aparecer, os filhos eram assumidos com o nome de origem geográfica dele, da toponímia do lugar onde moravam ou do apelido da mãe. No caso de Peres deu origem ao sobrenome Pires que, por serviços prestados e ter acesso à corte ganhou privilégios e brasão de armas da nobreza portuguesa, além de direito à Morgados, Colônias e Quintas e o convite real para seus descendentes colonizarem as terras do sertão do Brasil.
É comum genealogistas pesquisarem as origens das famílias em documentos reais, entretanto, pelos registros dos que emigraram de Portugal para o Brasil, desde o Governo Geral de Tome de Sousa, percebe-se que a idéia de nobreza, em termos de linhagem, é preciso ser afastada para todos os portugueses que vieram com o objetivo de colonizar. Embora as famílias colonizadoras fossem compostas de pessoas dotadas de firmeza e vontade de melhorar de vida, não há indícios de que, as que vieram para o Brasil tivessem origem totalmente nobre ou pertencessem a alguma dinastia. As que tinham brasão de família o conseguiam prestando serviços ao reino ou por descendência bastarda de fidalgos com cortesãs e auxiliaries que frequentavam as côrtes, tanto na Espanha quanto em Portugal. Além disso, eram provenientes de camponeses e, muito raro, de diplomatas, os quais vinham para continuar a trabalhar com a mesma ocupação com a qual a família já lidava em Portugal,pois a profissão na época também era hereditária.
Sobre a família Sá de Salgueiro conta-se o caso de Manuel de Sá, filho de José de Sá Araújo e de D. Maria Carvalho (Carvalha), nascido na fazenda Canabrava, do atual município de Belém do São Francisco ? PE, então freguesia de Cabrobó, no inicio do século passado, que exerceu, segundo Antônio Araújo, a função de arrecadador de dizimo, desde jovem, por determinação da Igreja. Chegando à região de Jardim no Ceará, a serviço de sua missão, foi hospedar-se na casa do Tenente Antônio da Cruz Neves (Tonico), onde conheceu Quitéria da Cruz Neves. Casados vieram residir na fazenda Boa Vista, onde se dedicaram à criação de gado e à pequena agricultura.Seus filhos: Raimundo de Sá, Joaquim de Sá Araújo, Francisco de Sá, Mariana de Sá- de Belém, Antônio de Sá- do Cantinho e outros. Com a morte de Quitéria, Manoel de Sá casou-se em segunda núpcias com Cândida da Cruz Neves, filha de Tonico, sobrinha de Quitéria, de quem teve: João de Sá, Amâncio de Sá, de Terra Nova, D. Maria de Sá Neves, Donira, Generosa e Antônio de Sá.(Ver Genealogia da Panela D?Água, de Marlindo Pires).
De todos os seus filhos, destacou-se Raimundo de Sá, o menino que se perdeu na fazenda Boa Vista e foi encontrado, onde se acha hoje sua estátua. Esse fato levou quase ao desespero os seus pais que fizeram uma promessa com Santo Antônio,segundo a qual, se encontrasse seu filho com vida construiriam uma capela ao Santo e festejavam, por toda a vida. Assim surgiu Salgueiro, tendo como fundador Manuel Sá Araújo que construiu a capela e doou uma área de terreno para construir o patrimônio de Santo Antônio. Mas tarde, na idade adulta, Raimundo de Sá conseguiu em1864, a autonomia do município, tendo sido seu 1º Intendente, liderança equivalente a prefeito que conservou durante 32 anos. O outro filho que se sobressaiu foi Joaquim de Sá Araújo, o tenente Quincas, que, sabendo das atrocidades da Guerra do Paraguai contra o Brasil, incorporou-se a um contingente de voluntários e foi para a guerra, onde, brigou valentemente até a vitória final, voltando coberto de glórias, recebendo do imperador a Condecoração da Ordem das Rosas e com o título de Tenente.
Entretanto, são visíveis as relações entre as Famílias Alencar, Agra, Sá, Sampaio, Costa, Rodrigues, Silva, Correia, Rêgo, Sousa, Caetano e Pires (os antepassados eram vizinhos em Portugal, principalmente da Quinta de Sá, da Beira, e dos distritos portugueses de Guimarães, Santarém, Óbidos, Vigia e Viseu). Os Sá se associaram em Pernambuco aos sertanistas Caetanos Correias, Caetanos de Sousa e Sousa Mendonça, os quais saíram do Rio de Janeiro, percorreram Bahia e Minas e rumaram para o Norte do Brasil, especialmente para o Maranhão e Pará (Província do Grão ?Pará), com os objetivos de amansar índios para escravizar e buscar negros fugidos com a estratégia de fazer indígenas entrar em combate com tribos rivais para desocuparem as terras, permitindo assim a formação de cidades, ou seja, possibilitando a colonização,acontecendo com os Cariri,Carijó eTruká o mesmo que ocorreu com os Tapajó de Santarém e os Parintintins do Amazonas que foram dizimados pelos bandeirantes e sertanistas da mílicia portuguesa e da Guarda Nacional com a ajuda dos Munduruku.
Outras famílias vinculadas aos Sá foram: Coelho, Sampaio, Correia e Costa que foram para o Nordeste, principalmente, Bahia, Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco. A maioria deles abriu fazendas, instalou capelas e os que eram da Guarda Nacional criaram suas dinastias, currais eleitorais, redutos e povoações de mestiços, negros e índios, espaços que se transformaram em importantes cidades, como: Cabrobó, Salgueiro, Petrolina, Ouricuri, Parnamirim, Terra Nova, Lagoa Grande e Exu. É comum associar-se à família Sá, os Rodrigues, os Pereira, os Carvalhos, Os Pires, os Leites, os Duda e os Zuza, pois além de seus antepassados terem origem na mesma região campesina de Portugal também vieram para o Brasil pela mesma razão: participar da distribuição de áreas abandonadas pelos primeiros capitães portugueses, cujas medidas ocupacionais alcançavam espaços rurais dos sertões do norte e nordeste, com os mesmos objetivos de preservar a religião católica e dedicar-se a algum ofício necessário à formação de povoados, tais como: plantar, bater ferro, serrar madeira, curtir couro, fazer calçados, tecer, costurar, construir residências e manter a ordem e segurança nas sedes das fazendas, profissões essas motivadoras de alguns apelidos que se tornaram sobrenomes oficiais, tais como: os Rodrigues (operário das rodas de engenho), os Nogueira (cortadores de nó ou toras de lenha), Leite (ordenhadores), os Pereira (agricultores), os Pires ou Peres (cozinheiros, copeiros),Carvalhos ( conhecedores da Floresta) etc .
Autor: Djalmira Sá Almeida
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