COMPORTAMENTO ÉTICO: UMA IMPOSIÇÃO ÀS EMPRESAS E SEUS GESTORES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA SERRA
PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ALCIONE SOARES DE ANDRADE
COMPORTAMENTO ÉTICO: UMA IMPOSIÇÃO ÀS EMPRESAS E SEUS GESTORES
Alegre
2010
ALCIONE SOARES DE ANDRADE
COMPORTAMENTO ÉTICO: UMA IMPOSIÇÃO ÀS EMPRESAS E SEUS GESTORES
Monografia apresentada à FASE- Faculdade de Educação da Serra, como requisito para a conclusão do curso de Pós-Graduação em Gestão Pública Municipal e Administração Pública, orientada pelo Professor Msc Carlos Magno Ramos Oliveira.
Alegre
2010
ALCIONE SOARES DE ANDRADE
COMPORTAMENTO ÉTICO: UMA IMPOSIÇÃO ÀS EMPRESAS E SEUS GESTORES
Aprovado em de de 2010
_______________________________
Prof. Msc Carlos Magno Ramos Oliveira
Faculdade de Educação Superior da Serra
Alegre
2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que guiou meus caminhos, aos familiares que sempre demonstraram seu apoio e aos colegas que se fizeram solidários nas dificuldades surgidas no cotidiano.
Dedico este trabalho aos amigos, professores e colegas, que foram meus companheiros nesta jornada que mesclou momentos difíceis com dias repletos de felicidade e companheirismo e às crianças para que encontrem, no futuro, um mundo mais ético.
"Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, sua ética e a nobreza dos seus ideais".
(Charles Chaplin)
RESUMO
A ética tem se colocado como uma peça fundamental para que o ser humano possa conviver de forma sensata em sociedade, dentro das condições direcionadas para o dever de agir conforme o bem comum entre os demais integrantes dessa sociedade. É preciso que haja uma concordância com os valores morais que se concentram na virtuosidade de que se preocupa com o bem estar entre diferentes parcelas da sociedade. Mesmo tendo conhecimento de que a ética se apropria de valores morais considerados bons, no sentido de um conhecimento cientifico, o comportamento moral do homem em sociedade, admite a dificuldade de se imaginar a ética no mundo dos negócios. Esse sentimento não deve fazer parte do mundo da administração em qualquer organização. Este estudo tem como objetivo discutir a questão da ética como instrumento de gestão de conduta nas organizações públicas, em especial nas Prefeituras Municipais. O grande desafio atualmente sobre a questão da ética é a maneira como ela deve ser gerenciada pelas organizações, principalmente as do setor público, para que as divergências de interesse sejam menores. Baseia-se a argumentação na idéia de que tão somente com o desenrolar de uma ligação mútua entre as entidades públicas é que se pode conseguir sucesso num programa de gestão de ética em uma organização. Sobre isso, estuda-se a gestão da ética nas instituições públicas como parte de uma estratégia de desenvolvimento da organização. Ética é a responsabilidade social. Na realidade, entende-se a ética, como a maneira de praticar uma hierarquia de preceitos morais, assim como o exercício da responsabilidade social que deve existir sempre sob todos os aspectos. Sobrevive como visão ampla diante das pressões da sociedade às quais os gestores são submetidos durante sua vida profissional.
Palavras-chave: gestão, ética, governo, moralidade, pública
1 INTRODUÇÃO
O avanço vertiginoso da economia mundial aliada às novas tecnologias de comunicação vem contribuindo para a exclusão das fronteiras entre a sociedade e as organizações públicas, fato que exige posturas morais cada vez mais austeras na condição de conduzir suas atividades. Por sua vez, as mudanças estruturais ocorridas na Administração Pública, principalmente a partir dos anos 90, e o cenário econômico instalado a partir daquela época, praticamente exigiram a promoção da ética, da transparência e da honestidade como requisitos primordiais para assegurar a confiança das instituições públicas.
Dentro do contexto atual, a questão da ética passou a ser tratada formalmente pelas administrações, por meio de ações normativas e executivas. Este estudo pretende abordar de forma clara e simples a questão da ética e das condições necessárias para expulsar de vez os conflitos de interesses nas organizações públicas. Inicialmente será definido o que seria a burocratização institucional da ética, considerando que a burocratização da ética pelos canais oficiais, sozinha é incapaz de obter sucesso na paralisação de interesse próprios em detrimento de do cidadão.
Na administração municipal quando seu gestor age de acordo com a ética, sua atuação é vista sempre como um respeito ao próximo, seja ele contribuinte, eleitor ou simplesmente uma pessoa que vive a margem dos interesses governamentais, na obscuridade da vida social. A ética gera uma boa convivência dentro de qualquer instituição.
Tendo em vista, a administração pública, através dos seus gestores, ser considerada como a maior força para o bom andamento das instituições, considera-se o tema deste estudo como de profunda relevância, assim como relevante é a determinação dado ao pensamento de que é preciso a todo custo combater a falta de ética de administradores e funcionários públicos.
Se o administrador prima pela ética dificilmente seus preceitos morais vão ser questionados pelos comandados ou por quem dele se aproxima com a finalidade de um pedido de prestação de serviços, etc. Agindo sob o comando da moralidade e ética qualquer profissional da área de gestão não estará só contribuindo somente para si, mas para a instituição que administra e para a sociedade.
Os problemas que se evidenciam neste estudo são os que compreendem a administração executiva do país. Busca-se então respostas para as perguntas:
Como compreender que possam existir administradores sem a devida ética, dentro de organizações públicas?
De que maneira o conceito de ética deve ser analisado partindo da concepção de que se trata de uma imposição aos gestores?
Como estabelecer uma conduta ética dentro de uma empresa?
De que maneira deve-se agir em busca de motivação para que se efetive ética diante da corrupção no Brasil?
Como objetivo, o presente trabalho pretende analisar a questão da ética na Administração dos órgãos públicos, além de propor uma discussão sobre ética, baseando-se nas várias definições que antecedem o assunto e ao mesmo tempo, confrontar a definição do conceito de moral.
Buscou-se, como objetivos específicos:
ü Definir a ética como uma necessidade dentro dos órgãos públicos e privados, entre todos os servidores;
ü Analisar o comportamento ético dentro dos preceitos morais de cada servidor;
ü Conceituar a ética como uma verdade absoluta nos relacionamentos sociais.
Justifica-se o tema desta monografia pelo fato de que na atualidade tem-se como normal a falta de ética dentro dos órgãos públicos, com raras exceções. Como justificativa foi considerado ainda o comportamento, independentemente de classe social, como necessidade para exemplo de gerações futuras.
2 A ÉTICA, DOS FILÓSOFOS À ÉPOCA CONTEMPORÃNEA
A ética foi, durante séculos compreendida como parte do pensamento filosófico e deixou na sua história a definição de filosofia moral , pois a ética sempre significou os costumes e a boa conduta da sociedade. A moral estabelece regras de conduta para o bem-estar da sociedade e normas éticas. As duas se assemelham, uma vez que tratam dos bons costumes. Os filósofos, alternadamente cada um em sua época, procuraram mostrar princípios e deixar um rastro de compreensão da ética e da moral.
Desde então, a visão de compreensão foi se ampliando e conhecendo novos sentidos, fazendo com que as ações e as condutas das pessoas fossem sendo vistas de maneira diferente. Argumenta Rios (2002, p. 87) afirmando que:
Define-se aqui a ética como uma reflexão de caráter crítico sobre os valores presentes na prática dos indivíduos em sociedade. É no domínio da ética que se problematiza o que é considerado bom ou mau numa determinada sociedade, que se questionam os fundamentos dos valores e que se aponta como horizonte o bem comum, sem dúvida histórico, mas diferente de um bem determinado por interesses particulares e, muitas vezes, insustentáveis.
Nos tempos atuais existe a necessidade de se conceituar, o que seria, de verdade, a ética. Embora existam designações já estudadas, a evolução do ser humano e da ciência, busca novos conceitos para esta palavra. A ética de uma organização não se traduz na responsabilidade, pois os resultados, embora sejam, muitas vezes positivos, nem sempre justificam as razões para infringir os princípios éticos.
A ética não corresponde a uma convicção, uma vez que a defesa de valores conceituados pode ter conseqüências que invalidam intenção, ou seja, apesar de se acreditar e de se lutar por um ideal, a partir do momento em que ele foi destituído de ética, de nada adianta a busca por ele. Não se deve menosprezar a função impactante das decisões de uma empresa, apenas observando o fator ético. Não se apoiar nos resultados de tomada de decisão é um exemplo de gestão desastrosas.
No entanto, acreditar que apenas pessoas virtuosas, de princípios éticos formam uma organização de boas qualidades, não condiz com a realidade dos novos tempos. Uma instituição não é somente representada por pessoas, mais que isso, é uma junção de processos, tecnologias, culturas e, obviamente, pessoas.
Existe uma independência de idéias do que seja uma ética individual ou coletiva. No entanto, mesmo que se os pensamentos ajam de forma única, esses levam a compreender a ética como a única maneira de se levantar uma bandeira em prol dos bons costumes que levam ao bem estar de todos os indivíduos. (KANT, 1986, p.161)
O modelo de ética dentro de qualquer instituição, seja privada ou de prestação de serviços públicos, exige um trabalho voltado para a integração de resultados, valores combinados com a maneira de agir de uma organização. A ética nas funções, desde as mais singelas até as administrativas, faz parte da gestão e por este motivo deve ser intercalada na cultura e nos processos administrativos, tecnológicos e decisões. A palavra ética se coloca num patamar acima de definições. Ética é mais que isso; são exemplos a serem seguidos.
Segundo a História, quem primeiro abordou a ética, por analogia, foi o filósofo Sócrates, que buscava as razões da existência de condutas de extrema virtude de sua. Insatisfeito por ser considerado, na época, uma coisa ser moral apenas por ser feita por todos, Sócrates estabeleceu a chamada a filosofia da moral, mais tarde denominada ética. Considerava que o conteúdo do bem moral coexistia com a felicidade interior; dessa forma o homem agindo de uma forma correta alcançaria a felicidade.
Platão, outro pensador da época, analisava uma ética de finalidades: se elas são boas então também são boas as intenções, o saber e o poder. Já para Aristóteles a ética era a satisfação gerada pela felicidade e que apenas a atitude perfeita do ser humano pode levá-lo à felicidade.
Na antiguidade, a ética estava ligada de forma direta a três questões: ao racionalismo, pois, para o pensamento da época, a vida virtuosa significava agir conforme a razão, uma vez que razão conhece o bem, e dirige a vontade; ao naturalismo, pois na antiga concepção, a virtude estava ligada ao modo de agir de acordo com a própria natureza; ao vínculo indissolúvel da ética e política. Sendo assim, entre a conduta das pessoas e os valores sociais, somente na existência que se compartilha com outros seres humanos é que se acha felicidade, justiça e liberdade.
Tempos depois, chegou-se à Idade Média, quando se pensou em uma ética mais perto de Deus. Os filósofos daquela época eram adeptos da teologia e vinculavam ética à religião. Com isto, conceituavam um elo entre os homens e o Criador, excluindo a sociedade. Nesta concepção os destaques eram São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Segundo sua filosofia, a ética de um homem era medida pelo modo através do qual ele agia conforme as leis divinas.
Com a chegada da Idade Moderna, as concepções de ética da Idade Média foram esquecidas, tendo em vista que os pensadores não acreditavam mais na concepção teológica. Na fase do Iluminismo, ética passou a ser discutida na política, no direito do homem e nas demais formas de relações sociais. Pensadores, como Montesquieu, Hegel e Nietzsche acreditavam numa ética direcionada para uma relação do ser humano com a sociedade e não com Deus. Empreendeu-se assim, partindo das concepções de Kant, um estudo da ética sem dependência das idéias religiosas.
Os traços fundamentais da ética pensada por Kant são: o formalismo, o apriorismo e a autonomia. Essa ética ignora toda a parte material e impera a lei que leva a ética ao dever de ser acima de tudo a determinação da vontade. Vê-se então que a concepção de ética tem sido bastante discutida ao longo dos séculos por vários pensadores e autores. Com relação a todas essas concepções, observa-se ao lado de outras virtudes, a responsabilidade, a honestidade e o respeito, que alicerçam uma conduta ética. Conforme Kant (1986, p.183):
A moralidade começa no meu invisível eu, na minha personalidade, e expõe-me num mundo que tem a verdadeira infinidade, mas que só se revela ao entendimento. A lei moral eleva infinitamente o meu valor como inteligência por meio da minha personalidade na qual a lei moral me descobre uma vida
A responsabilidade, no mundo de hoje, é o ponto onde se inicia a ética na sociedade. É um elemento que compõe a ética; quem não se responsabiliza pelos seus atos não se comporta como um elemento ético. Isso significa que em todas as organizações ou grupos sociais, a ética deve estar presente. A honestidade, obviamente, é um elemento que faz parte da ética; uma vez que ser honesto é agir com probidade, com honra, tomando para si apenas aquilo que lhe é devido.
A responsabilidade e honestidade são valores que buscam os valores éticos. Uma organização ética busca resultados, mas também se preocupa com a maneira de promover sua realização. Finalmente, o respeito, que é também um elemento da ética, embora não seja o principal. Dentro da honestidade deve haver o respeito, uma vez que, não se pode ser honesto sem agir com respeito.
Conclui-se assim que, em virtude de grandes modificações tecnológicas por que passa o mundo, vive-se em um conflito de valores, fazendo com que a sociedade faça questionamento de certos valores e busque outros novos embora seja difícil descobrir o fator principal que levou a sociedade a buscar a ética, os fatores sociais e administrativos foram os que mais se destacaram na busca da ética nas organizações.
3 OS FATORES SOCIAIS E A ÉTICA
No mundo de hoje busca-se cada vez mais a ética, sendo assunto cada vez mais discutido em palestras, simpósios ou mesmo internamente nas instituições. Começa-se a perceber a extrema importância de um comportamento ético, de uma conduta que seja condizente com os valores da honestidade, da integridade e do caráter. Diante de tantos fatores, perante os quais a sociedade fica estarrecida, jamais se clamou tanto pela ética.
Estudando a ética analisam-se, entre outros, a desorganização experimentada na primeira metade do século XX, em virtude de duas guerras mundiais; enriquecimento extraordinário do primeiro mundo e conseqüentemente o empobrecimento dos países do terceiro mundo; uma pobreza sem antecedentes na África, crescimento da violência, ascensão do terrorismo ao redor do mundo e a corrupção governamental ilimitada.
Outros fatores podem fazer parte dessa lista, porém, a evidencia é que os que foram mencionados deram sua contribuição para que o mundo lutasse por uma ética na política, nos negócios, enfim, em todos os setores da sociedade. Conclui-se assim que as organizações não são simplesmente máquinas de fazer dinheiro. Elas também têm um importante papel social a cumprir e a ética deve servir como base para todas as suas ações. A parte financeira é apenas uma parte que compõe toda uma estrutura.
É inegável que as mudanças que ocorreram na administração a partir dos anos oitenta, mudaram de maneira radical, o mundo organizacional. O dinamismo é uma exigência para que empresas não se situem na posição de inércia esperando soluções e mudanças, sem que lutem por elas. A nova situação econômica exige que as empresas realizem mudanças administrativas, ampliando suas ações em beneficio de todos. Dentre as mudanças é importante destacar as novas necessidades com relação a pessoal.
A ocupação de um cargo é uma profissão. Isso se evidencia, primeiro, na exigência de um treinamento rígido, que demanda toda capacidade de trabalho durante um longo período de tempo e nos exames especiais que, em geral, são pré requisitos para o emprego. (WEBER, 1963, p.232)
A administração de qualquer instituição da atualidade, seja ela uma empresa pública ou privada, está cada vez mais exigente e podem se destacadas algumas pretensões que se situam acima de qualquer outra; relação de confiança mútua entre funcionários de níveis hierárquicos diferentes; boa qualidade de vida dos funcionários; credibilidade da informação; boa imagem perante a sociedade e o mercado consumidor.
Apesar de o modelo administrativo de instituições, especialmente as públicas, ter se transformado num ambiente voltado para a desonestidade, a omissão, condutas inadequadas, na proporção em que o enxugamento das estruturas diminui sensivelmente os espaços para promoções, fazendo que sejam abertos caminho para a disputa acirrada por melhores cargos e conseqüentemente salários, a desonestidade desesperada se torna uma constante para se alcançar um objetivo.
As regras de condutas nem sempre devem ser consideradas como sendo a própria ética, pois, muitas vezes, elas são espontâneas, não sistematizadas, com total mobilidade em decorrência das condições materiais da existência humana. (QUEIROZ, 1985, p.88-89)
O que se verifica atualmente dentro uma empresa é a busca por ética pois as pessoas tem se tornado cada vez mais seletivas com relação a contratações de servidores, utilizando quase sempre a ética como critério de decisão. Não existem dúvidas de que os prejuízos ocasionados pela falta de ética nos ambientes organizacionais, não dependem do nível hierárquico ou do tempo de serviço dos que se encontram em atividade. Uma boa imagem se situa muito além de uma estrutura física suntuosa. A imagem de uma empresa se transmite por seus integrantes, por meio de condutas externas e internas.
Não existe mais aquele cliente que comprava um produto de boa qualidade e com ele se considerava satisfeito. Na atualidade, esta mesma pessoa quer ter a certeza de que está adquirindo um produto que, em sua concepção, tenha cumprido rigorosamente as regras de um processo confiável e eficiente. Neste contexto, podem-se destacar vários fatores que justificam esta postura do consumidor atual.
Nos tempos atuais as empresas que visam as atitudes eticamente corretas possuem mais solidez e, com isso, se situam em condições de proporcionar uma assistência mais efetiva aos seus cliente e seus usuários em caso de empresas públicas. O consumidor de hoje tem consciência de sua força e pode de compra e seus conceitos da empresa se multiplicam, quando se sente satisfeito, bem atendido e quando percebe que a aquisição dos produtos ou serviços foram feitos por uma instituição que se mantém dentro de um padrão ético.
Diante isto, fica evidente que qualquer empresa perde significativas fatias de mercado se fizerem opção por condutas antiéticas. Mesmo perante situações de extrema dificuldade, com a necessidade de suplantar os concorrentes, a empresa deve optar por uma postura ética e transparente, sendo que com uma atitude assim, plantará suas sementes para um futuro promissor diante de pessoas.
No caso de organizações destinadas ao serviço público, mais que o administrador, deve todo o contingente de funcionários, além de se prestar a uma posição ética, precisa estar bem treinado para sua missão, unindo a ética a um treinamento que possa reunir forças contra qualquer tentativa de um desvio de conduta.
A profissionalização do servidor público, a instituição e o fomento de escolas de administração pública, haverão de propiciar uma preparação intelectual dos funcionários públicos, presumindo que seja contra as tentações da corrupção. O servidor bem preparado, remunerado adequadamente, com condições dignas de trabalho e, sobretudo, com esperança de progressão funcional, haverá de ser um profissional da função pública, certamente reunirá as indispensáveis virtudes para o desempenho da missão pública. (BARCELLAR, 2008, p. 356)
As instituições públicas, infelizmente, têm se apresentado como cenário de exemplos inadequados de conduta gerencial levando em conta que o desrespeito aos subordinados e atitudes incorretas, principalmente as vantagens cobertas de desonestidade levam com a devida velocidade ao bem estar. Entretanto sabe-se que nos tempos atuais, o primeiro passo efetivo para o sucesso e o alcance da qualidade dos serviços prestados é a adoção de uma conduta ética por parte de qualquer um dos componentes humanos.
Entre os benefícios que a postura ética reúne estão os seguintes:
o Estabelecimento de um relacionamento respeitável e de um considerável grau de confiabilidade junto aos clientes e usuários.
o Ampliação das possibilidades de parcerias com demais empresas ou órgãos públicos.
o Reconhecimento da qualidade baseada na confiança transmitida pelas atitudes ética nas negociações e prestação de serviços.
o Ampliação dos serviços prestados, da lucratividade e do conceito de empresa que atende com mais vigor.
Apesar de a definição de conduta ética depender da convicção de cada pessoa, pode-se afirmar que existem alguns princípios básicos. Baseando nisso, certas medidas podem e devem ser tomadas pelas organizações com a intenção de garantir comportamentos éticos:
Superiores devem servir de exemplo; se os administradores agem utilizando mentiras e desonestidade seus subordinados se comportarão da mesma forma. Por isso, uma conduta irrepreensível dos administradores propaga a ética nas empresas.
Promover discussões sobre a ética enfatizando que ela não é somente um costume; é lógica, emoção, é principio de honestidade. Um dos fatores que conduzem a pessoa à ética é justamente conhecê-la; assim, devem sempre haver espaços destinados a essas discussões.
A ética na administração é sem dúvida indispensável para uma empresa. Se um profissional trabalhar de forma ética dentro de uma organização, com certeza ela terá muito sucesso. A ética não é mais uma opção e sim uma exigência de mercado. Através da ética, a organização realiza seu diferencial, ganhando respeito, confiança e credibilidade, não somente na administração, mas também na sociedade. (CAMARGO, 1999, p. 18)
Adotar regras transparentes é uma forma de levar ao conhecimento dos funcionários importância que a ética tem em um ambiente no qual se reúnem, para realizar alguma atividade, os grupos de pessoas.
Preparar, para decisões em conjunto, atitudes como a de tomada de decisões em uma ação democrática. São medidas que eliminam os riscos de decisões tomadas por apenas um funcionário, colocando em risco a ética.
Criar espaços próprios para denúncias é outra medida comum no ambiente corporativo atual; estabelece-se uma comunicação entre a diretoria e os que se encontram numa posição hierárquica inferior. É uma medida de grande valia no caso de quaisquer atitudes questionáveis de funcionários e que podem chegar rapidamente ao conhecimento dos diretores, sem a interferência de níveis intermediários, evitando criar assim, questões pessoais.
Severidade na reação de possíveis casos de desvio de atitudes éticas é uma das mais importantes medidas a ser tomada. Deixar sem resposta casos antiéticos seria um risco imperdoável, que inclui a possibilidade de o incidente chegar até a imprensa, além da possibilidade de ações judiciais e outros atitudes que podem expor a empresa. Reconhecer os erros cometidos é uma atitude que prima pela ética. Segundo Jacomino (2000, p. 28):
Para se saber se uma empresa é ou não ética, não basta observar seu comportamento na hora da crise. Ao contrário, é preciso verificar a maneira como ela se planeja e cria soluções para evitar deslizes e escorregadelas.
São atitudes que, com certeza, auxiliarão a instituição a construir um ambiente de trabalho sólido e ético, e demonstram sua preocupação não somente com sua função comercial, mas, acima de tudo, com a função social.
3.1 A ÉTICA NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Existem pessoas corretas ao desempenhar suas funções, aquelas que respeitam o público, a importância de sua atividade do agente, o normal desenvolvimento ao se relacionar com o cidadão. Existe, porém, o que se chama "carteirada", o desvio de comportamento funcional que comumente alguma autoridade pública, quase sempre do baixo escalão, faz uso para conseguir algumas vantagens indevidas, mesmo que mínimas.
Esta consiste em obter ou tentar obter proveito pessoal, material ou de outra natureza, para si ou para terceiros, valendo-se do cargo ou função que exerce ou ocupa. O exemplo mais comumente utilizado é a expressão: "sabe com quem está falando?", na maioria das vezes acompanhada da apresentação da carteira funcional escancarada, numa forma de ameaça.
Conforme destaca Severino (2002, p, 44): "muitas vezes até em casos extremos, como crianças em litígios com outras, valem-se desses artifícios, citando pais de nomes conhecidos com finalidade de intimidar."
Se o interlocutor, valendo-se de aspectos éticos, não cede, fica compreendida na ameaça de que ele poderá ser prejudicado, por alguém que lhe seja superior, mesmo que isso seja uma deslavada mentira.
Esse tipo de atitude, idêntica ao chamado "jeitinho brasileiro" que carrega consigo a mania de levar vantagem em tudo. Ainda que possa parecer inofensivo e de pequenas proporções, em face das inúmeras condutas corruptas de que o povo tem conhecimento no momento atual, é uma manifestação antidemocrática, antiética e passível de aversão.
DaMatta (1979, p. 33) descreve o papel de um contexto jurídico, diminuindo a responsabilidade de um crime, analisando um caso isento de ética:
As reações após a barbárie cometida no Rio de Janeiro contra o menino João Hélio, de seis anos, que ganhou as primeiras páginas dos jornais do país. Diante das reações revoltosas do povo que pedia justiça e penas mais eficazes para aquele tipo de crime com modificações do código penal, ouviu-se a sandice verbalizada por alguns políticos e acadêmicos do meio jurídico: as leis não podem ser feitas com emoções. Criou-se, com isto, mais uma nova modalidade do jeitinho: a de minimizar a necessidade de reações imediatas.
No livro "O jeitinho brasileiro", é desvendado o surgimento da famosa mania no país de dar um jeito para tudo, mesmo que para que isso seja possível sejam utilizados todos os meios ilícitos. É um instrumento para auxiliar no difícil dia-a-dia do povo, um procedimento inevitável em todos os níveis de relacionamento.
É visto naquele pedido de atendimento, com anuência do servidor, sem que a documentação esteja completa, mesmo sabendo que outras pessoas serão prejudicadas. Uma prática social comum em todas as classes e que se situa entre o favor e a corrupção.
De forma curiosa a maneira de conseguir favores, prejudicando outros menos favorecidos, somente encontra sentido de uso diante de uma atitude onde o imprevisto beneficie os objetivos de uma pessoa, que deseja resolver seu problema dentro de um prazo que tende a se esgotar. Na sociedade como a brasileira que é excessivamente burocrática, recorrer à ajuda de outros, de maneira pouco ética, causando prejuízos a pessoas e instituições, é lugar-comum.
Para a efetivação do famoso ajustamento das coisas que aparentemente estão difíceis de serem resolvidas rapidamente, é preciso lançar mão de emoções, como simpatia, modo de falar e carisma. Quando não se resolve com estes argumentos a maneira mais prática que se conhece é apelar para a propina, a contribuição ilegal. O dinheiro é rapidamente guardado por quem o recebe, sem garantir que isso construirá a possibilidade da agilização do processo de atendimento. No entanto, a reivindicação é atendida e se está diante do fenômeno conhecido; a falta de ética caminhando ao lado da corrupção.
É possível falar em comportamento moral somente quando o sujeito que assim se comporta é responsável pelos seus atos, mas isto, por sua vez, envolve o pressuposto de que pôde fazer o que queria fazer, ou seja, de que pôde escolher entre duas ou mais alternativas, e agir de acordo com a decisão tomada. O problema da liberdade da vontade, por isso, é inseparável do da responsabilidade. (VASQUEZ, 2008, p.18)
Embora seja reconhecido que o jeito brasileiro de resolver as coisas adotando os modos poucos convencionais e honestos é uma atitude generalizada no país, mesmo diante do fato de se compreender que é uma atitude despojada de ética, qualquer um, mesmo que seja em uma única oportunidade, já se utilizou da modalidade em alguma situação. Pode-se então conceituar o jeitinho brasileiro como uma forma peculiar de se resolver alguma questão ou alguma situação conflitante.
Para aqueles que defendem o uso do jeitinho, mesmo sabendo que ele demonstra uma falta de ética, para qualquer uma das partes envolvidas, ele faz parte da personalidade da maioria do povo brasileiro; é o resumo do lado cordial, simpático, alegre, bonachão e despreocupado. Acima disso conceitua-se que é uma qualidade do povo brasileiro desviando-se da maneira de agir dentro de uma vida rígida e cheia de retidão, de maneira que uma atitude mais facilitadora ajuda a suportar as eventualidades do cotidiano enfadonho.
Embora essa maneira de agir de grande parte dos brasileiros seja uma forma desprovida de ética, uma vez que envolve, por vezes, um prejuízo a terceiros, nem sempre está associado à corrupção, ou pelo menos a grandes montantes provenientes da corrupção.
É um fator cujo foco está evidente em grande parte, nas relações interpessoais, num envolvimento de simpatia, boa vontade, valorização de amizades construídas ao longo dos anos, modo de pedir e outros elementos que não se relacionam com grandes improbidades institucionais e quebra de normas legais, apesar de se considerá-la com falta de ética. Segundo Severino (2002, p. 96):
Os valores pessoais não são apenas individuais, pois só se é humano quando a existência se realiza nos registros individuais e sociais simultaneamente. Assim, a avaliação ética de uma ação não se refere apenas a um sujeito; é preciso reportá-la a um índice coletivo.
Outro discurso muito utilizado pelo povo brasileiro termina com a frase: "esse país não tem jeito". É uma afirmativa da qual qualquer cidadão brasileiro se utiliza quando percebe que são de frustração suas expectativas em relação ao futuro do Brasil, ao governo ou mesmo ao próprio meio em que ele convive.
Baseia-se nas experiências vividas ou presenciadas ao longo de sua existência. São palavras que trazem contidas, em forma de desabafo, que o jeitinho é um ardil, uma forma de esperteza que prejudica a alguém que vai se tornar desiludido com o país.
Existe, de forma generalizada, uma grande descrença no país, no povo, nas instituições e nos governos, sejam eles municipais, estaduais, ou federais. Quando se trata de confiar no Legislativo, então é que o brasileiro se sente mais a vontade para criticar.
O que de certa forma, qualquer cidadão consciente não pode fechar os olhos para os fatos que acontecem envolvendo deputados estaduais, federais e senadores da Republica. São imagens vistas quase diariamente que deveriam deixar qualquer pessoa estarrecida e descrente da importância do seu voto. No entanto, os dias passam, as punições não se efetivam, e chega-se a triste conclusão de que "este país não tem jeito", ou ainda: "no Brasil tudo é assim mesmo"
A falta de ética tem uma dimensão estritamente administrativa. Pois, além de inaceitável do ponto de vista moral e político, ela é disfuncional tanto para o setor privado quanto para o setor público. Basta um único exemplo paradigmático: imagine-se um sistema de arrecadação de impostos inteiramente corrupto, que não é uma hipótese desprezível. (CARNEIRO, 2002, p.80)
Trata-se de uma identidade que não é nata, mas adquirida pelo povo com uma aceitação dos fatos. È uma construção cultural, que não significa que a corrupção e a falta de ética simbolizem expressivamente toda a sociedade brasileira, mas expressa o comportamento típico do brasileiro que é o de aceitar as atitudes desonestas de outros e muitas vezes até colaborar, desde que receba seu quinhão.
A inquietação com valores éticos tem sido localizada cada vez mais na mentalidade dos empresários brasileiros. Fica sempre claro que não apenas o cidadão brasileiro comum tem se tornado mais exigente na procura por atitudes éticas por parte de empresas e órgãos públicos, como também os próprios administradores de empresas de todas as dimensões e estilos, se deram conta de que posturas e ações éticas vinculadas a órgãos públicos e empresas privadas cooperam para formar uma imagem positiva perante os cidadãos.
É preciso deixar que o povo se conforme com as situações de falta de ética e se mobilize numa exigência de mudanças. Alguns exemplos de mobilizações da sociedade em que o resultado foi satisfatório para a implantação da ética, já foram sentidos na sociedade brasileira.
É preciso uma reivindicação maior dos direitos coletivos ou individuais, em vez de se buscar uma forma confortável de passar pela situação de maneira que seja fácil individualmente mesmo que para que ela se consume, seja em detrimento de outros. É lamentável que determinadas situações já tenham se incorporado ao cotidiano do país, ao invés de terem sido escorraçadas por meio de uma mobilização concreta da sociedade. Silveira (2001, p. 198): assim define:
As mobilizações em forma de protesto são as mais comuns no Brasil. Numa explicação porque elas existem, cita-se que se não houver o grito do povo oprimido, se não se juntarem mais e mais pessoas, jamais haverá um combate aos males que estão enraizados na mentalidade de grande parte dos que fazem e cumprem as leis.
Observa-se que o comportamento onde sobrevive a falta de ética, permanece incrustado na cultura brasileira, nas diversas camadas sociais, o que ocasiona uma grande preocupação por parte dos brasileiros que apenas aceitam a ética como valores, considerando-a uma tarefa árdua e longa.
A falta de ética nas empresas e órgãos públicos, definitivamente interfere na prática do Administrador, nos seus métodos e procedimentos. Caso persistam as atitudes antiéticas dentro de qualquer instituição que lida com pessoas, libera-se um caminho curto para a desonestidade e corrupção.Os servidores públicos que agem sem a devida ética sabem que dificilmente sofrerão alguma conseqüência por suas condutas inadequadas e isso lhes facilita esses procedimentos.
A aplicação de certas atitudes desprovidas de ética, mesmo as aparentemente inofensivas e insignificantes, em vista das inúmeras condutas corruptas levadas ao conhecimento da população, não devem ser aceitas, levando em consideração que o que importa não é a dimensão da atitude e seus efeitos e sim o procedimento inadequado, próximo da desonestidade. Para Aguiar (2003, p.61)
A Ética, como ciência, procura princípios universalmente válidos que possam fundamentar um agir construtivamente orientado, que favoreça o indivíduo, a coletividade na qual ele se insere, a humanidade em geral e, até, todos os seres vivos. Ela pretende determinar os valores e preceitos que devem nortear a conduta humana em qualquer tempo ou lugar.
Grandes pensadores de todas as épocas acreditam que a ética precisa fazer parte da consciência dos indivíduos, uma vez que ela é uma condição de sobrevivência e de convivência social. A ética impõe limites e se coloca como um compromisso com a dignidade da humano e justiça social, mas, para que ela permaneça como crença em beneficio de todos é necessário uma mudança na cultura da sociedade. Rios (1999, p. 23) afirma que:
A ética se apresenta como uma reflexão crítica sobre a moralidade, sobre a dimensão moral do comportamento do homem. Cabe a ela, enquanto investigação que se dá no interior da filosofia, procurar ver [...] claro, fundo e largo os valores, problematizá-los, buscar sua consistência.
O principal ponto da ética é a discussão sobre o relacionamento entre pessoas humanos, conceituado como sua forma de agir e os seus costumes. As sociedades elaboram seus valores a partir de seus interesses na sociedade e cada cultura define as relações dos seres humanos. Se existe uma palavra cujo significado possa ser uma forma de abrir a porta para um futuro, esta palavra é a ética.
O gestor da atualidade é consciente da relevância da ética em um ambiente organizado, que se destina a atender a uma parcela da população. Como ficariam as pessoas carentes que procuram uma entidade de serviços públicos e lá se deparassem com funcionários relapsos que buscam atitudes das quais não emanam conceitos de ética?
Sem que exista a ética podem-se aguardar resultados negativos transformados em prejuízos sociais, pessoais e financeiros, afetando de forma muitas vezes irrecuperável a imagem de uma instituição. As posturas e compromissos éticos equivalem a abrir espaço para qualquer tipo de empresa, seja ela privada ou publica, as quais tem destinações diferentes; mas o que importa é o comportamento que vai trazer os benefícios sociais.
Na empresa privada, a eficiência é instrumento para perseguição do lucro, o que é legítimo. Na Administração a realidade é outra. O lucro não é valor justificador das funções públicas. Cabe ao estado promover o bem comum, a dignidade da pessoa humana, a paz social, o que já se deduz do Preâmbulo da Constituição de 1988. (TORRES, 1988, p.44)
A ética faz com que organizações sejam consideradas organismos de real vivência , na qual cada funcionário, cada servidor, cada gestor que luta pelo seu desenvolvimento tem um papel importante a cumprir e deve se responsabilizar pelo bom funcionamento das relações de trabalho e pelo alcance dos objetivos.
Neste ponto é que se distingue a extrema relevância do administrador que, mais que lidar com lucros, vendas e preocupações com o mercado, precisa ter o devido conhecimento de como administrar pessoas, que acima de tudo, querem ser tratadas com respeito, seriedade e ética.
Com isto, funcionários também passam a ter seus benefícios ao trabalharem para instituições que adotam no seu dia a dia uma postura ética, cujos benefícios são traduzidos em eficiência, qualidade de vida, projeção futura e estabilidade. No caso de instituições públicas, que se destinam a atender pessoas que pagam seus impostos e com isso merecem um atendimento de qualidade e revestido de ética, é que a postura e o esforço em prestar um serviço de qualidade devem de maior amplitude.
4 A ÉTICA E SEUS CONCEITOS
Sejam nas ações que envolvem um número grande de pessoas ou nas citações dos meios intelectuais, nas discussões filosóficas, em especial diante das noticias envolvendo políticos brasileiros, fala-se muito em comportamento ético, apesar do difícil entendimento de seu conceito.
Quando esse assunto é discutido, a maioria das pessoas apresenta uma inclinação acentuada a aceitar idéias preestabelecidas, quase sempre fundamentadas no senso comum, provocando, na maioria dos casos, interpretações equivocadas. Com a finalidade de evitar uma situação que possa gerar um desentendimento generalizado, procurou- se buscar o entendimento do que seja a ética.
A palavra ética provém do vocábulo grego: ethos, quer dizer "caráter, modo de ser". Segundo Rios (1999,: p. 22), Vaz considera que "O ethos é a casa do homem, [...] o espaço do ethos, enquanto espaço humano, não é dado ao homem, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído"
Para Savater (1993, p. 31):
A ética é a arte de saber-viver, ou a arte de viver, pois está diretamente relacionada à liberdade que o sujeito tem de optar, e essa condição é inerente ao ser humano, pois se concretiza no processo de inventar e escolher, e até mesmo se enganar na descoberta pela vida.
Define-se então a ética como uma reflexão de caráter sobre os valores que se situam na prática dos homens na sociedade que os abriga. É na dominação da ética que se aprende a considerar as divergências entre o bom e o mau numa sociedade, onde se questionam os fundamentos dos valores e que se aponta como meta o bem comum, mas divergente de um bem determinado por interesses particulares.
Queiroz (1985, p. 86) complementa as definições ao afirmar que "a ética deve ser compromisso de vida, indo além dos códigos já estabelecidos, e nunca subterfúgio para fugir ao incerto, ao novo, ao ainda não institucionalizado".
Percebe-se em várias dessas definições, que a ética situa-se no mundo da reflexão e estuda a moral analisando criticamente, as escolhas que as pessoas fazem em situações de realidade. O comportamento ético é o ponto de partida para se experimentar viver os princípios universais, tais como: justiça, integridade, lealdade e outros que fazem os conceitos de pessoa de bem.
O interesse em incorporar ou não esses valores é o que dirige as ações do ser humano em seu convívio com a sociedade, uma vez que os comportamentos espontâneos decorrem do processo que se inicia no desenvolvimento histórico-social.
A relação social, que envolve os homens cria a necessidade de se definir as regras de convivência, normas de relacionamento que estabeleçam limites que devem ser respeitados por todos. Conforme conceitua Queiroz (1985 p. 88-89):
As regras de condutas nem sempre devem ser consideradas como sendo a própria ética, pois, muitas vezes, elas são espontâneas, não sistematizadas, com total mobilidade em decorrência das condições materiais da existência humana.
A vida em sociedade de harmonia necessita da existência de preceitos morais que sejam aceitos e compartilhadas pelas pessoas que constituem essa sociedade. Deve ser dado a cada indivíduo dessa sociedade, a faculdade de saber o que é uma conduta certa ou errada, lícita ou ilícita, o que garante o bem viver entre os integrantes dessa sociedade. A preocupação com a vida em comunidade obedece a condição básica de que o homem é um ser social e, diante disso, precisa dos outros para sobreviver.
A ética encontra apoio principalmente na filosofia que busca o entendimento do que seja a moral, a qual não tem apenas um único conceito. Ela assume diversas definições em espaços e tempos diferentes. Além disso, procura responder às expectativas de uma sociedade dando-lhe uma espécie de medida sobre o que é, dentro dela, legal ou ilegal. Essas linhas básicas a seguir são por demais importantes, uma vez que é no campo da moralidade que a sociedade procede aos seus pareceres.
A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano. A ética depara-se com uma experiência histórico-social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, por meio delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do sua ação, as fontes da avaliação moral, a sua natureza e a função dos juízos morais, os seus critérios de justificação e o princípio que rege tanto a mudança quanto a sucessão de diferentes sistemas morais. (VASQUEZ, 1995, p 12)
A ética analisa ainda a responsabilidade moral das ações das pessoas. A decisão de agir em uma situação real é um problema prático-moral, mas saber se a pessoa pode escolher entre alternativas de ação e agir baseando-se na sua decisão é uma questão de teoria ética , que transporta a uma consideração de liberdade e condições que dizem respeito aos atos em si.
4.1 CONCEITO DE MORAL
Analisando de acordo com o senso comum, a ética e a moral são consideradas como princípios ou padrões de conduta, decorrentes de suas origens, ou seja, "mores", no latim, e "ethos", no grego, que levam ao entendimento de costumes. Por moral entende-se uma prática corretamente aceita por um grupo social, com base em valores e normas que norteiam o comportamento das pessoas Rios(1999, p. 20), afirma que: "o comportamento é o arranjo dos diversos papéis que desempenhamos em sociedade."
Pode se considerar o comportamento certo ou errado em culturas divergentes, pois o certo ou o errado estão estabelecidos desde os primórdios decorrentes de uma escala de valores que sociedade atribui aos homens. O conceito de moral leva a pensar que as pessoas deveriam se afastar de qualquer fator nocivo á uma sociedade, dos males que afetam como um vício corrosivo, e atentar apenas para os bons costumes. Sobre a moral, Rios (1999, p. 15) argumenta:
Por um lado, verifica-se que a moral se encontra ligada aos usos, aos costumes, aos padrões, às regras sociais, às leis; por outro, que se encontra ligada a princípios de decisões individuais sobre o bom, definidas pelos homens e seu modo de ser.
Diante de tantas definições, percebe-se que existe uma marcante diferença entre ética e moral. A moral se situa numa variante entre uma sociedade e outra e se altera, no tempo e dentro das condições de espaço, levada por conseqüência das modificações sociais. Por outro lado, a ética tem como ponto principal a vida e se fundamenta na intencionalidade que tem como finalidade a sociabilidade dos grupos de pessoas. Esses grupos podem ou não ter morais distintas, dependendo dos componentes e realidade desses grupos
A moral pode ser definida como as práticas materializadas pelos costumes e convenções sociais, e as normas são as maneiras através das quais os valores morais de um grupo social se manifestam e adquirem cunho de obrigatoriedade. Pode-se observar que existem conceitos morais diferentes em culturas diversas e até dentro de uma mesma cultura. Existem também conceitos morais entre as categorias profissionais, religiosas e classes sociais.
O que importa é observar que são as cópias da sociedade que escolhem os comportamentos para serem seguidos pelas pessoas dentro de uma coletividade. Os homens seguem as normas que uma sociedade impõe e com isso podem se enraizar nos preceitos de moral que a sociedade escolheu para seus membros.
A ética, com base na existência da moral e tendo como ponto de partida a diversidade de morais existente ajuda a compreender que cada sociedade, que baliza as relações entre indivíduos e instituições, tem sido caracterizada por um conjunto de regras, normas e valores. (SEVERINO, 2002, p.90)
Sabe-se que por um lado se encontra expressa a preocupação com a responsabilidade social, moral e ética, assuntos discutidos nos últimos anos em todos os âmbitos da sociedade, nos conselhos de administração e nos ambientes de uma organização. Esses temas, ao serem abordados passam a ser encarados como diferenciais compromissados com a sociedade.
5 A EXIGÊNCIA DA ÉTICA NO MUNDO EMPRESARIAL
As questões compreendidas de forma crítica podem se referir ao surgimento da discussão sobre a ética, ou da ética empresarial. Os problemas se relacionam como as exigências que se tem feito por controles sociais, em especial, a mídia e pela necessidade de que as transações iniciadas por administradores venham acompanhadas por uma postura ética mais exigente em função da necessidade de transparência na tomada de decisões. Nash (2001) alerta:
Valorizar mais as pessoas do que as coisas. Vamos procurar dar trabalho ao maior número possível de pessoas. Talvez não estejamos, desta forma, produzindo diretamente mais riquezas, mas estaremos certamente conferindo mais dignidade a um número maior de famílias. (NASH, 2001, p.18)
É preciso entender as relações morais que se escondem, muitas vezes, para que se possa dar sustentação aos mecanismos que devem existir para manter as empresas competindo dentro de sua área. É como se fosse divulgada uma lei onde sobressaísse o mais forte no mundo das instituições em que, para não se cair na tentação levada pela ingenuidade, bastassem as condutas morais.
Conforme assegura Aranha (1993 p. 27):
Portanto, o homem, ao mesmo tempo em que é herdeiro, é criador de cultura, e só terá vida autenticamente moral se, diante da moral constituída, for capaz de propor a moral, aquela que é feita por meio das experiências vividas.
Dessa forma, pagar a conta ao médico sem exigir o recibo, para que ele sonegue o imposto, ou como no caso do administrador que evita a emissão de notas fiscais para escapar do pagamento de impostos; ou o suborno a um guarda; ou como o comércio do mercado paralelo do dólar, são considerados como um confronto à ética, mas apesar disso, é vista como legítima pela moral do oportunismo e dos costumes gerais.
Administrar empresas com ética exige estar atento às exigências de condutas morais na sociedade onde se vive. É por este motivo que nem tudo apresenta uma transparência visível e honesta, no sentido de que o público possa ser avaliativo, e nem tão oculta que chegue a ponto de não esclarecer sobre os problemas da sociedade.
A ética nas negociações se coloca dentro de exigências da opinião padronizada da moral social e pela opressão que a competitividade proporciona. Por várias razões, que se estendem desde questões que envolvem a busca do lucro e da ganância, até os manejos corporativos que só sustentam as necessidades de se equilibrar no mercado a qualquer custo. A administração dentro da moralidade, da ética e dos negócios, tem tomado o aspecto de contradição e dos distanciamentos em relação aos problemas.
O objetivo central da gestão da ética é promover a confiança da sociedade no caráter ético da conduta dos agentes públicos e dar a esses agentes, segurança e clareza sobre o que pode e o que não pode ser feito, de forma que possam exercer suas funções em toda a sua amplitude. (CARNEIRO, 2002, p. 82)
No mundo das empresas o gestor se vê pressionado diante da necessidade de proporcionar as negociações, do crescimento econômico da instituição, diante das exigências de progresso da vida. Muitos se convencem de que devem se basear pelos padrões da ética, mesmo tendo conhecimento de que outros não estão interessados em vincular a ética à vida financeira.
Certos administradores supõe que a conduta moralmente correta pertence a um plano de ação unicamente pessoal; outros acreditam, ao defenderem a moral e a ética, não estão aceitando certos esquemas montados nos negócios que possam justificar a sobrevivência econômica.
Os desafios mercadológicos da atualidade, as falhas no comportamento ético, os desvios de condutas nas empresas e órgãos públicos, criam dilemas que pedem uma mudança de postura de acordo com idéias de integridade, que sobrevivem ao lado da chamada ética dos negócios. Como afirma Nash (1993, p.5):
O administrador moderno, junto com a empresa moderna, deve cultivar valores mais altruístas no sentido de atualizar valores que preservem o bem comum nas suas decisões: A integridade nos negócios hoje exige capacidades incrivelmente integrativas; o poder de manter junta uma infinidade de valores importantes e quase sempre conflitantes; e exige o poder de colocar na mesma dimensão a moralidade pessoal e as preocupações gerenciais.
Nenhum administrador pode, sob o ponto de vista econômico ou ético, manter suas noções morais apenas em certas situações de efeitos mais simplistas. O gestor enfrenta o desafio de ter que decidir sobre situações cheias de problemas e que apesar da tendência de escapar ao seu controle, devem apresentar as noções de moralidade no âmbito de grandes questões.
Ética nos negócios é o estudo da forma pelo qual normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios cria problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como um gerente desse sistema. (NASH, 1993, p. 6)
Os contextos que compreendem o período da década de 60 a 90 foram importantes para que fossem percebidas pelas empresas sobre relações comerciais e a questão da ética. A uniformização cultural provinda de relações comerciais, fez com que os administradores tivessem problemas não apenas nas relações econômicas e suas expansões com vistas a explorar mercados de mão-de-obra mais em conta, como também ao enfretamento de questões referentes aos danos ambientais e ao controle da poluição, com as respectivas exigências legislativas.
Aprendeu-se assim, naquele período, a entender que os sentimentos éticos estavam se dispersando e perdendo sua razão. Um período em que a motivação dos brasileiros estava em baixa levada por um regime que nada acrescentava ao país. Ocasião em que os valores éticos nada representavam diante de uma ditadura que, acima de tudo, nada tinha de preceitos morais e sentimentos éticos ou humanos.
As instituições públicas e privadas viviam na encruzilhada entre aceitar as condições antiéticas de um regime torturador e cujo domínio se fazia através da força e das armas, ou se rebelar contra aquele período em que a moral e os bons costumes viviam longe das condições de um país livre.
Ainda há os que se vangloriam do período ditatorial em que não havia (aparentemente) corrupção. Sabe-se que havia os corruptos, uma vez que os militares do poder viviam cercados por homens de natureza corrupta. Para se citar um exemplo, existia a Sudene, que ficou conhecida como a industria da seca. Obras que, pelo seu caráter grandioso, ficariam inacabadas, projetos que demonstravam que o país vivia uma fase de intenso progresso, apesar dos custos sociais. (FERREIRA, 1997, p. 221)
No final da década de 70, o corporativismo de grandes e médias empresas passou a viver sob severa vigilância em função de uma consciência cada vez mais acentuada por causa de escândalos públicos e subornos que caracterizaram a época. As questões internas de uma empresa capitalista, antes eram vistos apenas pelos empregados ou por analistas sindicalizados.
Os escândalos como o Watergate, nos Estados Unidos da América expondo a corrupção do mais alto poder público, o regime militar no Brasil que criou senadores biônicos, governadores e prefeitos de capitais nomeados a bel prazer do comando militar, abalaram a confiança nas administrações de negócios. Os administradores decidiram rever seus códigos de condutas morais e éticas, passando a assumir as exigências por transparências nas negociações, nas decisões governamentais.
Aguiar (2003) acredita que os códigos de ética, por mais que demonstrem rigidez e soberania, são incapazes de eliminar o livre arbítrio dos homens. É ele quem toma a decisão sobre o caminho que deseja trilhar. Pode ser uma decisão baseada em idéias construtivas e solidárias ou em idéias egoístas e repletas de maldade. Ou seja, conforme Aguiar (2003, p.69), "o mundo será sempre o espelho da escolha moral que cada um faz".
Em virtude do crescente movimento de consumidores que exigiam uma nova conduta de empresas que agiam de maneira ilícita, ludibriando ou causando danos sociais, agindo de forma incorreta através de propagandas enganosas com intenção de demonstrar aos consumidores o lado sem moralidade da empresa.
As questões relativas à defesa do consumidor e as diferenças culturais do exterior continuaram a dominar a ética nos negócios em meados da década de 80. Questões essas que pediram mudanças na mentalidade das empresas, o que deu outra significação ao capitalismo que se expandia.
O objetivo central da gestão da ética desse período era o de promover a confiança da sociedade no caráter ético da conduta dos agentes públicos e dar a esses agentes, segurança e clareza sobre o que pode e o que não pode ser feito, de forma que pudessem exercer suas funções em toda a sua amplitude. (CARNEIRO, 2002, p. 82)
Os conflitos de interesses próprios, o comportamento ganancioso e individualista de administradores de empresas que lesavam interesses do povo, aquisições ilegais de bens, conchavos feitos nas madrugadas silenciosas, vieram à tona e destruíram o mito do administrador detentor de caráter impessoal que ofuscava as discussões da ética em qualquer negociação..
O desencontro com a ética nos anos 90 foi uma busca por um conjunto de exigências que pudesse criar um estímulo o administrador para partir em busca da valorização da integridade pessoal e dando uma resposta aos que vivem conforme o contexto de competitividade isenta de moralidade e de conceitos éticos. Surgiu então a discussão em torno de uma ética que possa se rebelar contra as convulsões da economia, onde o administrador possa enfrentar as tormentas da economia e reconciliar com questões sociais.
A ética nos negócios ganha mais credibilidade quando se projeta sua imagem de acordo com as exigências sociais do que com a natureza do capitalismo. O impacto dessas mudanças não é apenas econômico. Elas significam perigo para a capacidade moral das empresas e dos que nelas participam. Não atender certas exigências se torna danoso para a imagem social das empresas. (NASH, 1993, p.19).
A tecnologia e o mundo financeiro complexo, as fraudes, as novas inquietações com relação ás causas ambientais, as legislações mais rígidas, a nova leva de consumidores esclarecidos sobre a qualidade dos produtos, a competitividade que leva empresas à falência , enfim, os valores confiados às empresas avaliando suas funções do ponto de vista moral, tudo isto deve ser somado a outras questões das quais se originam uma necessidade de discussão.
5.1 A BUSCA PELA ÉTICA
A busca pela ética se justifica para que os administradores se situem diante dos enfrentamentos complexos que suas escolhas e decisões podem causar. O trabalho do administrador se sujeita a algumas avaliações que possuem condições de julgá-lo moralmente.
Se sua postura moral estiver em desacordo com o que a opinião pública considera como padrão de conduta moral legítima, então a vida de sua empresa com seus empreendimentos estará comprometida, mesmo que isto seja feito por intermédio da mídia que denuncia sem fundamentos bem estruturados diante de uma causa injusta.
Afirma Ramalho, (1998, p. 46) que: "acreditar nas qualidades de cada um, desenvolvendo entendimentos sinceros, cria oportunidades para solidificar a credibilidade e segurança em todos os segmentos das relações humanas."
Foi o que ocorreu com os administradores da escola infantil Base em São Paulo, em março de 1994. Os donos do estabelecimento foram acusados, de maneira infundada, de estarem envolvidos em práticas de abuso sexual de crianças. Mesmo destituídos de provas concretas, o delegado que apurava as denuncias e duas mães de aluno passaram informações à imprensa que a divulgou sem que houvesse uma apuração da veracidade dos fatos.
Três meses após, novas investigações provaram que tudo não passou de uma série de erros, especialmente da imprensa, que noticiou a versão que lhe foi passada sem questioná-la, chegando a ponto de incentivar a violência física contra os acusados. A casa em que funcionava a escola foi depredada na época das denúncias; os indiciados foram obrigados a acabar com a escola.
Diante das reputações em destroços, não foi possível reconstruir suas vidas cinco anos depois do episódio. Em 1999 o Tribunal de Justiça de São Paulo fixou uma indenização de cem mil reais por danos morais para cada uma das vítimas, assim como ressarcimento dos danos materiais. No entanto, o estrago já estava feito. Afetados psicologicamente os proprietários da escola servem como exemplo de como a força de pessoas desprovidas de moral podem ocasionar tanto mal a pessoas inocentes.
A ética parte do fato da existência da história da moral, isto é, toma como ponto de partida a diversidade de moral no tempo, com seus respectivos valores, princípios e normas. Como teoria, não se identifica com os princípios e normas de nenhuma moral em particular e tampouco pode adotar uma atitude indiferente ou eclética diante delas. Juntamente com a explicação de suas diferenças, deve investigar o princípio que permita compreendê-las no seu movimento e no seu desenvolvimento [...] a ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos homens. (VASQUEZ, 2008, p.22)
Quando se fala em questões sociais de riscos para as empresas e para a tomada de decisões pelos gestores refere-se aos encargos da culpa que lhes é destinada a assumir é evidente que em função de interesses particulares as informações sigilosas dos clientes podem terminar nas mãos de administradores desonestos em proveito próprio.
É o que se vê diariamente, nas páginas dos jornais. Pessoas que se utilizam de suas funções de comando ou de legisladores, para se beneficiar em detrimento de pessoas que deveriam ser beneficiadas com os valores apropriados de maneira desonesta. Conforme cita Tomelin (2002, p. 9): "quando o profissional age de acordo com a ética, ele atua sempre com respeito ao próximo, gerando um bom convívio dentro da empresa."
A lealdade aos clientes, investidores e usuários dos serviços públicos, mostra que a ética nas decisões privadas ou públicas deve se revestir de cautela visando a preservação de sua permanência num mundo exigente e seguro. Onde existir o poder emanado pela força da lealdade, dos princípios éticos e dos bons costumes, podem-se aguardar resultados positivos do ponto de vista econômico e moral.
Neste aspecto, quando uma administração se coloca em posição favorável a uma postura de vigilância interna de seus comandados , em função da ética, é impossível imaginar que ela tome partido como pessoa disposta a aceitar qualquer deslize que porventura encontrar entre os que com ele trabalham. Torna-se mais fácil imaginar a "ética nos negócios", pressionada pelo mercado e por transformações ocorridas no meio da sociedade, como fruto de um contexto histórico e de uma dinâmica social.
A busca pela formação de padrões de condutas éticas de funcionários e a introdução de mecanismos que tem a finalidade da valorização da opinião pública fundamentam os ambientes competitivos nas empresas que têm uma imagem a resguardar, uma reputação a deixar depois de anos. A ampliação dos direitos condicionou a sociedade a uma reunião de elementos mobilizadores formando ou mantendo empresas socialmente consideradas responsáveis e dona de verdades sociais.
As declarações de objetivos empresariais são, em sua natureza, funcional e mais do que ética, ou que as empresas buscam nos seus negócios apenas a "excelência, sem nunca definir o objetivo geral que se visa com tais atividades, pois é preciso entender a atividade da administração e da empresa como uma entidade social. (NASH, 1993, p. 24)
A cidadania precedida de organização, que assume a sua visão de uma entidade social, apesar dos custos que isso representa, exige uma postura dos dirigentes e administradores para agirem de forma mais responsável. Neste aspecto, a discussão tem como finalidade mostrar como se situa a mudança de mentalidade de uma ética empresarial simplesmente preocupada com os interesses próprios buscando o lucro e a eficiência, e passa a entender que as mudanças sociais mais amplas cobram uma transformação da postura em torno da ética empresarial.
Como afirma a professora Nash (1993), pode-se perceber uma reflexão sobre este assunto, que tem levado em discussão os objetivos das empresas em mudar suas condutas para uma ética mais comprometida com o ambiente social, desenhando objetivos que fiquem acima da simples funcionalidade de uma atividade comercial.
Todo cidadão vive em permanente contato com pessoas, entidades envolvidos em costumes e tradições culturais e morais. Normalmente as tradições morais presentes em nossas convicções se situam em pontos de vista bastante variados, uma vez que as questões morais escondem-se em muitas decisões e ações independentes da vontade do cidadão.
Como em todos os ambientes, o mundo das negociações e do trabalho envolve relações que exigem um cumprimento de valores éticos e morais. Por este motivo, muitas iniciativas empresariais têm mantido como exemplo a imagem das empresas que primam pelas exigências do mundo da ética, desejando que funcionários e clientes possam estar em concordância com valores defendidos, como a probidade, a honra, o compromisso, a decência e a retidão.
CONCLUSÃO
Esta monografia teve como finalidade estudar e compreender a ética como necessidade no dia a dia das pessoas. Entende-se a ética como uma base para que qualquer empresa, tanto privada como as de função de prestação de serviços, possam desenvolver suas atividades com a devida retidão. Compreendem-se os sentimentos da moralidade com atributos indispensáveis para o sucesso de qualquer empresa.
Pretendeu-se historiar sucintamente a trajetória dos conceitos éticos através dos tempos, analisar os conceitos de ética, defendidos por diferentes pensadores, assim como exemplificar os fatos que levam o cidadão a se afastar dos preceitos éticos para se envolver em negócios escusos e atos ardilosos que tanta indignação causam às pessoas.
É sem dúvida, o momento de ver a ética como uma obrigatoriedade no mundo contemporâneo. Diante de tantos escândalos e corrupção desmedidos, nada como desejar os sentimentos éticos em todas as modalidades de empresas, órgãos públicos, escolas e até nos lares de cada cidadão. Vive-se num mundo que cada um quer defender seus próprios interesses mesmo que para que eles se efetivem seja preciso passar por sobre a moralidade e o direito alheia.
Com o objetivo de estudar os comportamentos éticos, procedeu-se a confecção da presente monografia, salientando-se os conceitos moralizadores que devem pautar a vivência de cada cidadão.
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Autor: Miguel Lima
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