A verdade Hipócrita da Internacionalização da Amazônia



É muito natural ser avarento, às vezes. Ainda mais se a posse te dá mais poder, respeito ou apenas uma referencia de que algo é seu. Um sentimento de dominação e apropriação . A Amazônia é uma referencia do Brasil, senão a referencia. Não nos dá orgulho de dizer ?A Amazônia é minha, é nossa?? Que sensação de poderio temos por um segundo quando pensamos que alguns querem ?tomá-la? de nós, mas não conseguem levá-la, não é mesmo? O nosso ?pulmão?ainda está em casa, a salvo. No artigo de Cristovam Buarque ?A Internacionalização do mundo? inserido em sua obra ?Os Instrangeiros?, encontramos uma posição semelhante à descrita acima. Ele afirma que como brasileiro, irá lutar até o fim para que a Amazônia continue sendo nossa, partindo do argumento que se a floresta tropical deve ser internacionalizada, o resto do mundo tambem deverá ser. Algo muito justo, afinal, se nós brasileiros não cuidamos da Hileia Amazônica ? a parte mínima que nos cabe fazer - o resto do mundo não cuida do resto do mundo ? a parte que também cabe à eles fazerem. Então porque razão perderíamos parte do território do nosso Brasil? Que se perca também o direito de propriedade das reservas de petróleo, a concentração de capital financeiro internacional. Estes, como as queimadas na floresta amazônica, também afetam o bem estar mundial. Que os museus sejam internacionalizados já que eles também são patrimônio da humanidade, como Cristovam mesmo diz. Mas pense: qualquer coisa se torna mais desejada quando alguém mais também a quer. É muito natural ser avarento, às vezes. Mas também é muito natural ser hipócrita.
Apontar que o meu erro é tão grande quanto o seu é manter-se errado. O que o senador defende é justo. Defende a Amazônia do exterior. Mas quantos brasileiros defendem o Brasil do próprio Brasil? Você ouviu falar que os Estados Unidos teriam a intenção de ?anexar? a Amazônia. Mas já ouvir falar, divulgado por qualquer veículo da mídia, numa organização brasileira destinada à proteção ambiental? E quem sabe, destinada especificadamente à preservação amazônica? Já ouviu alguma campanha desta para aumentar o número de integrantes, buscar apoio, fazer passeatas ou distribuir material à população para uma maior conscientização e mobilização? Irônico, não? Não queremos perder direitos, mas nem sempre fazemos direito. Deixamos que uma sensação falsa nos convença: alguém está fazendo por nós, alguém está cuidando por nós. Mas na verdade a maioria pensa assim. E quem cuida? Quem faz, então? Algum ambientalista do exterior, alguma organização não-governamental de origem estrangeira, ou uma organização brasileira mantida com o investimento de fora. E então, ainda que conscientes desta realidade, a parte dos brasileiros que pode mudar isto, em grande parcela está preocupada com questões mais individuais, vivendo muito bem com ou sem Amazônia. Concentrados na própria carreira, planejando seus futuros no exterior! Mas é claro que quando a ameaça de perder tal terreno surge, todos se unem e o ?protegem?.
Numa pesquisa feita com brasileiros há pouco mais de um ano pela CNT/Sensus obteve-se o resultado: no total, 49,9% dos entrevistados declararam que têm acompanhado o desmatamento na Amazônia, 38,9% já ouviram falar e 8,9% não ouviram falar. Têm acompanhado, já ouviram falar ou não ouviram falar: isso muda
A organização independente Amigos da terra Floresta Amazônica ? você já conhecia este nome? ? tem como missão implementar projetos e atividades que promovam o desenvolvimento sustentável do país, com especial foco na região amazônica e na valorização do patrimônio ambiental. Ainda hoje, esta entidade, como a maioria das instituições brasileiras (tanto governamentais quanto não-governamentais) que trabalham efetivamente na Amazônia dependem de doações do exterior para suas atividades em benefício da população local. Leia novamente: dependem de doações do exterior..
Destaco Amigos da Terra: recebem doações da União Européia, Charles Stewart Mott Foundation, The Overbrook Foundation, Blue Moon Foudation, Stichting Doen, Fórum Syd e Global Greengrants Foudation. Quem são esses? Ora, eu também não sei. Não são brasileiros. Não faz agora o mínimo de sentido a proposta de internacionalização?
Entregar o coração ? não mais o pulmão ? do Brasil, apesar de tudo não é, definitivamente, uma solução. Mas que atitudes como a da Imazon ( Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia ) de desenvolver o SAD* (Sistema de Alerta de Desmatamento), que manitora via satélite a Amazônia, torne-se bem popular e influencie a tomada de decisão de muitos que mantém ?corpo fora? desta situação. Que além de manitorar, diagnosticar e arquivar dados e números do desmatamento no Norte do país, a vigilância do SAD* consiga mover mais braços . Que outras organizações com mesmo objetivo ganhem um pouco mais de atenção da nossa mídia nacional, e assim como vender produtos e lançar marcas, esta mesma mídia venda e lance um pouco mais de verdade prática e pouco menos de adulação em relação à Amazônia e ao verde. Isto faz com que brasileiros se esgotem do meio ambiente digital e assim acabem ignorando o verdadeiro, que ao contrário do que se mostra nas matérias jornalísticas em peso, está menos colorido e mais carente.
A questão lançada pela organização Amigos da Terra é : porque a Amazônia não é uma preocupação de todos os cidadãos brasileiros, das instituições brasileiras e das empresas brasileiras? E esta é a minha questão: se é tão crucial manter a floresta amazônica na ?tutela? brasileira, porque não há comportamento social para cuidarmos dela como tutores, não apenas como donos?

*O SAD tem o papel de observar e lançar dados sobre o desmatamento, mas na verdade, não possui nenhum poder de ação por si só. O governo antes da criação deste sistema já
analisava o volume de devastação na Amazônia, porém, anunciava esta planilha uma vez ao ano - o SAD é mensal.
Autor: Ana Carla Silva


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