Surgimento de um pensamento crítico na educação



A primeira surge como Pedagogia Revolucionária, mas como o período era de regime militar eles seriam facilmente impedidos de transmitir novos ideais. Por conseguinte é criado o termo Pedagogia da Dialética, porém dialética sugere vários sentidos, como o objetivo era de superar as teorias não-críticas e as teorias crítico-reprodutivistas, Saviani baseou-se no materialismo histórico de Marx e na teoria histórico cultural de Vygotsky, surgindo assim a Pedagogia Histórico-Crítica, que tem por objetivo trabalhar o conhecimento sistematizado pelo aluno a partir da sua realidade, propondo uma interação entre conteúdo e a realidade concreta, visando à transformação da sociedade através da ação-compreensão-acão do educando. Diante disso Saviani (2000) afirma:

[...] "O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objetivo da educação diz respeito, de um lado, a identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esses objetivos". (SAVIANI, 2007, p.17).

A pedagogia histórico-crítica surgiu como uma resposta à necessidade amplamente sentida entre os educadores brasileiros de superação dos limites tanto das pedagogias não-criticas, representadas pela concepção tradicional, escolanovista e tecnicista, como das visões crítico-reprodutivistas, expressas na teoria da escola como aparelho ideológico do Estado, na teoria da produção e na teoria da escola dualista. Durante a década de 1980 essa proposta pedagógica conseguiu razoável difusão, tendo sido tentada, até mesmo, a sua adoção em sistemas oficiais de ensino como foi o caso, em especial dos estados do Paraná e de Santa Catarina.
O maior objetivo da Pedagogia Histórico-crítica é evidenciar o determinante entre a prática social e a prática educativa, pois deixa de ser apenas uma pedagogia destinada à escola e preocupa-se também com o fator social que segundo o autor tem relativa intervenção no âmbito escolar. Nesse pensamento Libâneo (1994), cita Guiomar Namo de Mello (1987), quando enfatiza o dever do poder público para com a educação, deste modo:
"A escolarização básica constitui instrumento indispensável à construção da sociedade democrática, porque tem como função a socialização daquela parcela do saber sistematizado que constituiu o indispensável à formação e ao exercício da cidadania. Ao entender dessa forma a função social da escola, pressupõe-se que não é nem redentora dos injustiçados e nem reprodutora das desigualdades sociais e, sim, uma das mediações pelas quais mudanças sociais em direção da democracia podem ocorrer (...). Uma tal concepção sobre o papel da educação (...) estabelece como objetivo maior da política educacional e efetiva universalização de uma escola básica unitária, de caráter nacional. Só essa escola será democrática no sentido mais generoso da expressão, porque garantira a todos, independentemente da região em que vivam da classe a que pertençam do credo político ou religioso que professem uma base comum de conhecimentos e habilidades". (MELLO, 1987, p.22)

O dever da escola nesse processo vai muito além de seus muros e tem finalidades práticas, pois deve propiciar ao aluno um olhar crítico da sociedade e da realidade desenvolvendo diversas habilidades para elaboração de um conhecimento independente dos conteúdos estudados em sala de aula. A pedagogia histórico-crítica é Definida por Saviani como:

"Trata-se de uma abordagem centrada mais no aspecto polêmico do que no aspecto gnosiológico. Não se trata de uma exposição exaustiva e sistemática, mas da indicação de caminhos para a crítica do existente e para a descoberta da verdade histórica". (SAVIANI, 2000, p.9)

Em síntese, o que se deveria esperar do sistema de ensino e que o aluno se perceba como sujeito histórico e conceber o seu valor e sua importância para o meio em que vive. Porém sabemos que o sistema escolar é usado para fins políticos o que justifica todas essas ações arbitrárias ocorrentes na sociedade.
Desse modo compreende-se a prática de Demerval Saviani não como uma possível salvação para a escola pública, mas como um grande passo que deve ser trilhado pelo educador se o mesmo se propuser em seguir essa tendência, ainda que tenhamos um longo caminho a ser percorrido rumo à educação pública de qualidade.

Autor: Adriana Dos Santos


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