FORMAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DOS MUNICÍPIOS DO SERTÃO DE PERNAMBUCO



Não há dúvidas de que a cultura de Parnamirim está intimamente vinculada à política fundiária, à pecuária e à religião católica imposta no período da colonização. A influência da atividade política, da criação de gado e da doutrina cristã é inegável, não só pela aparência na arquitetura das cidades do sertão como também pelos símbolos da igreja presentes no município de Parnamirim e cidades circunvizinhas. Constata-se que são as mesmas marcas presentes da cultura pastoril e católica em todas as cidades do sertão nordestino, colonizadas por descendentes de portugueses. No início do povoamento do sertão pernambucano a pecuária e a exigência de propagação da religião justificava a instalação das fazendas, começando sempre pela construção de capelas e pelos costumes caracteristicos da população que cria gado: vaquejadas, vestuário de couro, alimentação à base de leite e manifestações culturais fundamentadas nos mitos e lendas do interior, tais como: cantorias, toadas, rezas, danças, narrativas e "causos" do folclore da vida campesina.
Em todos os municípios do interior, as fazendas eram instaladas em terras de domínio da igreja, os registros de posses e doações desses domínios eram feitos pelo estado, necessariamente a migrantes católicos descendentes de portugueses, sob a custódia da igreja, distribuição feita principalmente aos que revelassem alguma vocação para a prática da doação e para a pecuária e agricultura de subsistência. No caso da Fazenda do Saco, as terras eram de propriedade de Senhora Santana que, embora jurisdicionadas ao município de Cabrobó, foram parar em mãos ideais para a política colonizadora da época. Os tenentes coronéis tornavam-se fazendeiros quando auxiliavam as milícias do imperador a penetrar no sertão, demarcando terras, definido fronteiras, pois ao mesmo tempo em que desenvolviam a pecuária e defendiam a fé católica, ainda tinham o dever de proteger o território do sertão, nomeando seus rios, florestas e campos com a toponímia portuguesa, mesmo que para isso fosse preciso escravizar negros, perseguir índios e banir qualquer outro tipo de seita ou crença que ameaçasse a cultura do colonizador, em nome de Deus e da Monarquia. Vale ressaltar que, para ter domínio sobre a terra arrendada ou de alguma maneira adquirida, a condição principal era doar um terreno para construção de uma igreja; também deveria o arrendatário ou novo dono, no caso de sítios, construir uma capela, geralmente de frente para um rio ou estrada, em sinal de quem está acolhendo e protegendo quem chegar, além de se comprometer a manter os moradores fiéis na doutrina católica, sob pena de perder a hegemonia.
Neste terceiro capítulo, a ênfase é dada ao conjunto das cidades sertanejas que começaram a partir da construção de suas capelas. Por essa razão, foram reunidas todas as igrejas com seus respectivos padroeiros e padroeiras, cuja influência sobre a cultura e devoção foi implantada em cada cidade, mesmo naquelas que surgiram muito mais tarde, de modo que ficou consolidada a religião católica e a criação de gado nos espaços que correspondem hoje às mesorregiões do sertão de Pernambuco.

Autor: Djalmira Sá Almeida


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