Cap. V do livro Raízes do Brasil de Sergio Buarque de Holanda



O "homem cordial" é representado por nós brasileiros que temos uma imagem de pessoas acolhedoras e generosas, mas que por traz, escondemos um caráter de individualistas, seguimos um mecanismo social que acarreta virtudes antifamiliáres.
Segundo o autor, os Estados se compõem de uma estrutura de ordens completamente diferentes da família. Afirma que com o passar do tempo, as ordens familiares se tornaram escassas. E predominam agora as ordens de Estado, as quais acarretam uma hierarquia forçada de trabalho, onde não mais existe uma relação humanista e de intimidade entre as classes produtoras (empregados e empregadores).
Este espírito de burocracia e patrimonial ismo das ordens de Estado influencia no caráter dos jovens, que sendo educados pelo ensino ministrado nas faculdades, tornam-se independentes no que diz respeito aos "laços caseiros". O convívio com a família (ou a educação em uma família patriarcal) impossibilita os jovens de alcançar um senso de responsabilidade, que só seria possível com a educação nas faculdades, longe de seus pais.
No Brasil, mesmo com as instituições democráticas, somos expressos pelas forças dos círculos familiares. Somos movidos por vontades particulares e pouco impessoais. Esta maneira de viver influencia em nossa consideração à religião, e à forma de nos relacionar uns com os outros. Somos povos - como já dizia no inicio - chamados de "homens cordiais", porque usamos formas de tratamento consideradas acolhedoras, entre outras características, para talvez esconder o nosso individualismo e nossa falta de compromisso com a religião. Somos um povo que, segundo o autor, regemos um "culto sem obrigação e sem rigor, intimista e familiar, a que se poderia chamar, com alguma impropriedade, ?democrático?, um culto que (...) corrompeu, pela base, o nosso sentimento religioso".

Autor: Eriane Nogueira


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