Identidades e autonomias na era da Globalização.



O fenômeno da Globalização tem chamado a atenção de historiadores, sociólogos e antropólogos que se dedicam ao estudo das interações sociais e suas marcas históricas. Compreender os fatos derivados desse novo movimento social é uma tarefa que busca análises, interpretações e observações críticas a respeito da própria atitude do homem diante desse quadro universal de nacionalidades. A dualidade entre sentidos internacionais de cultura e a valorização singular de cada identidade tem permeado a própria dúvida sobre o que é Globalização. O Surgimento interação internacional data do início da década de 1980 e com intenções de derrubar antigas barreiras sociais, mas acabou por erguer muros invisíveis dentro da sociedade mundial.

Estar seguro de até que ponto há um respeito e compreensão das diversidades e não uma supervalorização de apenas uma cultura é a questão chave do debate do mundo Globalizado. Não é de hoje que países embarcam sua cultura a romper fronteiras mediante interesses imperialistas, como foi o caso da nossa colonização e a exploração dos ingleses na Ásia e dos franceses na África.

No século XV, quando da chegada dos portugueses ao Brasil e dos espanhóis à América, se concretizava uma das maiores empreitadas do povo Europeu. Atravessar o Oceano Atlântico era sinônimo de abraçar o desconhecido, encarar o invisível e se aventurar em terras estrangeiras. Entretanto, era a primeira sinalização para aquilo que nós do século XXI chamamos de Globalização. A interação entre metrópole e colônia redundava nos primeiros ensaios de uma grande conexão mundial. Mas que tipo de conexão é essa? Os homens do velho continente maquiavam seus interesses mercantis em expedições civilizatórias no continente americano, como se a cultura nativa não fosse civilizada.

A intimidade entre brasileiros e americanos, franceses e africanos, ingleses e portugueses, japoneses e colombianos, interligados pela internet, não é fato de se causar estranhamento para a sociedade contemporânea. Enxergar-se na cultura do outro é algo formidável, principalmente quando esse outro compreende, assimila e acredita que sua manifestação cultural também corresponde ao excelente. Esse tipo de interação é positivo. Entretanto, ao mesmo tempo em que pregam a idéia de um mundo universal, cria-se uma cultura universal, única, de plástico e insensível às peculiaridades de cada região para que todos os cinco continentes a sigam completamente cegos.

A máxima da cultura única da globalização é a própria construção de um mundo de massa, classificado numa idéia homogênea e baseado nos princípios da realidade de um país de economia dominante ? os EUA. Diante desse quadro de construções de cultura, como fica a autonomia dos países que têm que se enquadrar nesse modelo? A América Latina, por exemplo, é uma grande lutadora pela consagração de sua autonomia. Há décadas que os EUA e os países da Europa ambicionam a Amazônia como um patrimônio mundial, mas não universalizam suas riquezas nucleares, suas fontes de energia e muito menos se sensibilizam de fato com questões ambientais. Acreditam apenas na universalização daquilo que apenas é conveniente aos seus interesses. A fundação do MERCOSUL é uma tentativa de reduzir essa violência à autonomia política e econômica da América Latina, contudo funcionando a pequenos passos.

A expansão das ideologias da globalização e sua instrumentalização é atrativa porque envolve avanço tecnológico e desenvolvimento econômico. Movimenta toda uma estrutura, porém condicionada à exclusão. É a globalização que une apenas os ricos, uma pouca parcela da população. Prestigia uma classe abastarda e insere o pobre em uma nova realidade de pobreza. Com isso, o que fica mais em xeque nessa construção de um mundo globalizado é a valorização da identidade cultural e a autonomia de cada nacionalidade. Não existe validade nessa simetria globalizante. Ela torna apenas universal os velhos problemas e eternos interesses segregadores.
Autor: Afonso Bezerra


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