Empreendedorismo e suas visões.



2. EMPREENDEDORISMO

De uma maneira geral, pode-se dizer que existe relativa divergência de opiniões a respeito do termo empreendedor. Os pesquisadores costumam definir os empreendedores partindo de suas conclusões individuais que foram concretizadas através de suas disciplinas. Devido a esses fatos, alguns estudiosos associam os empreendedores à capacidade de inovação (os economistas), enquanto outros associam com relação aos aspectos mais criativos e intuitivos (os comportamentalistas). O campo do empreendedorismo apresenta nos dias atuais, ampla pesquisa e possui muitas publicações especializadas sobre o assunto, e tendo em vista o grande interesse pelo tema, muitas áreas de especialização têm surgido e com muitas variações presentes em seus estudos. De qualquer forma, devem ser salientadas as diferenças existentes na literatura, para que ocorra o real entendimento do conceito de empreendedor.

Observa-se que os economistas vinculam o empreendedor à característica da inovação; por outro lado, os comportamentalistas detêm-se mais na intuição e na criatividade. De acordo com a transcrição anterior, pode-se dizer que os empreendedores inovam, pois criam novos produtos e serviços, bem como novos usos para produtos e serviços já existentes. É através do processo de buscar continuamente que determinado produto ou serviço se torne superior que se opera a denominada destruição criativa, a qual propicia com que alguns produtos ou serviços que no passado tinham grande utilidade e gozavam de bom conceito, hoje já não o tenham mais. Um exemplo disto, dentre muitos, é a máquina de escrever, que para muitos seria insubstituível em um passado recente, mas que pode, na contemporaneidade, ser considerada uma peça de museu quando comparada ao computador e as suas possibilidades. É importante frisar que o empreendedorismo não surgiu apenas das ciências econômicas.

Na época pioneira dos estudos sobre o empreendedorismo qualquer pessoa que estudasse as organizações, a criação de novos empreendimentos, bem como o desenvolvimento econômico estava fadada a ser classificado como um economista, pois até a segunda metade do século XX, as ciências gerenciais não existiam. Analisando o desenvolvimento das pesquisas sobre o empreendedorismo pode-se confirmar a existência de dificuldades iniciais para aqueles que se detivessem nesse campo de estudo, visto que não havia limites claramente definido.
Essa essência do espírito de empreendedor torna-se bastante importante no contexto vigente, em razão das constantes mudanças que ora são presenciadas. Se essa essência reside no fato de perceber novas oportunidades, nada melhor que o tempo atual, visto que as transformações rápidas que ocorrem na sociedade acabam propiciando novas oportunidades de negócios, passando assim, a fomentar o aparecimento e aperfeiçoamento, respectivamente, de novos empreendedores e de novas oportunidades de negócios. O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a revolução industrial foi para o século XX.

Alguns economistas associam o empreendedorismo ao desenvolvimento econômico e mostrou como as ações inovadoras podem introduzir descontinuidades cíclicas na economia. Os papéis centrais do empreendedor passaram a fixar-se em três bases: a inovação, o assumir riscos e a permanente exposição da economia ao estado de desequilíbrio, rompendo-se a cada momento paradigmas que se encontravam estabelecido. Os enfoques de maior destaque, nos estudos sobre empreendedorismo, por estarem sendo utilizados com maior intensidade no campo científico, são o econômico, representado por pensadores como Schumpeter e o comportamental, por pensadores como McClelland.

De maneira geral, os economistas tendem a alinhar empreendedores com inovação, enquanto os comportamentais concentraram-se nas características criativas e intuitivas dos empreendedores. Identificamos uma notável confusão a respeito da definição do termo empreendedorismo, apresentaremos a seguir as duas correntes do pensamento encontradas na literatura que abordam o conceito de empreendedor de forma dicotômica: os economistas que a associam à inovação enquanto os comportamentalistas se concentram nos aspectos criativos e intuitivos.

Visão dos Economistas

Schumpeter refere-se à essência do empreendedorismo como sendo a percepção e a exploração de novas oportunidades, no âmbito dos negócios, utilizando recursos disponíveis de maneira inovadora. Para esse autor, empreendedor e inovação inter-relacionam-se totalmente. A partir dessa concepção, os economistas passaram a ver os empreendedores como indivíduos detentores de oportunidades de negócios, criadores de empresas e dispostos a assumir risco.
Mulholland, ao considerar a ligação estabelecida por Schumpeter, entre empreendedorismo e inovação, confirma que essa relação tem permanecido como uma das características dominantes desse conceito, especialmente entre os economistas. Existe uma convicção popular de que o empreendedorismo só tenha surgido das ciências econômicas. Mas, através de uma pesquisa pormenorizada dos primeiros autores, como Cantillon e Say, que se dedicaram a abordar a tema, pode-se verificar que além da economia, os mesmos estavam interessados também no desenvolvimento de novos negócios, bem como as práticas gerenciais adotadas, mais especificamente, nas empresas. Cantillon era um homem voltado para busca de oportunidades de negócios e, ao mesmo tempo, com a gestão dos mesmos.

Voltado para avaliação do capital investido, ou seja, uma preocupação comum aos empresários de maneira geral, os quais desejam obter um retorno adequado sobre investimentos realizados. Através de sua obra, é possível verificar que foi uma pessoa que buscava as oportunidades e que efetuava mudanças constantes. Mostrou-se ser um homem capaz de identificar novas fontes de lucratividade e também como tornar mais lucrativos alguns de seus investimentos já efetuados. Jean-Baptiste Say relacionava o crescimento econômico com relação à criação de novos empreendimentos. O fato de ele ser considerado um economista deve-se ao fato que naquela época as ciências gerenciais não existiam. Devido a esses fatores qualquer pessoa que pesquisasse ou fizesse algum tipo de consideração em relação às organizações ou até mesmo a distribuição de riquezas era tipo como um economista.

Devido a esses limites existentes na época, as pessoas que estavam mais voltadas para esse assunto, procuravam manter-se dentro dos limites visando assim o reconhecimento. Alguns aspectos são convenientes ter em mente, dentre os quais, para eles os empreendedores eram pessoas que corriam riscos e buscavam as oportunidades existentes. A diferenciação que era feita por Say no que diz respeito aos capitalistas e os empreendedores, pois para ele, os empreendedores eram pessoas que buscavam a inovação com a legítima perspectiva de obterem um melhor ganho, ou seja, ter maior ganho sobre o capital investido. Com base nisso, os empreendedores eram agentes de mudanças porque eram pessoas voltadas para a inovação, visando uma nova forma de executar determinado serviço ou produto.

Isso demonstra que as mudanças são parte integrante da vida dos empreendedores de maneira geral e que eles apreciam essas modificações porque essas servem como incentivo na sua busca por novos e interessantes desafios. Apesar de Say ser considerado por alguns autores como o pai do empreendedorismo, foi Schumpeter que associou o empreendedorismo a inovação. Os empreendedores eram vistos como pessoas que gostavam de introduzir alguma novidade e se empenhavam nessa direção. Schumpeter associou os empreendedores à inovação, porém é conveniente frisar que ele não foi o único, pois muitos economistas que tinham interesse no assunto, também o fizeram. De uma maneira geral, alguns economistas como Hoselitz e Casson viam aos empreendedores como pessoas que buscavam oportunidades de maneira sistemática, assumiam riscos nessa busca por inovações e diante desse ambiente, muitas vezes incerto, eles demonstravam grande tolerância.

Os economistas por não aceitarem os modelos não-quantificáveis acabavam por limitar seus estudos e, conseqüentemente, uma melhor compreensão do empreendedorismo. Devido a isso, o empreendedorismo acabou se voltando mais para os aspectos comportamentais, e dessa forma conseguiu obter um conhecimento mais aprofundado a respeito dos empreendedores.

Visão dos Comportamentalistas

Essa escola apresenta como especialistas pessoas ligadas ao comportamento humano e a intenção é verificar o comportamento dos indivíduos em relação ao assunto empreendedorismo. David C. McClelland foi o precursor nessa análise e estudos. Através de seus estudos, o autor identificou alguns heróis na literatura, sendo que as próximas gerações tenderiam a imitar tais líderes no que diz respeito ao seu comportamento. Através do estudo da história buscavam verificar quais eram as possíveis explicações para existência de grandes civilizações, e diante dessa pesquisa verificou a presença de heróis na literatura, e assim, as gerações posteriores apresentariam certa tendência em imitar esses heróis, ou seja, aspectos relacionados ao seu comportamento.

Esses povos, os quais eram treinados sob influência desses líderes, tinham grande necessidade de realização. A definição de McClelland era diferente da que encontramos muitas vezes na literatura, pois dizia o seguinte: Um empreendedor é alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu consumo pessoal.
De acordo com a minha definição, um executivo em uma unidade produtora de aço na União Soviética é um empreendedor. Isso ocorria porque o trabalho feito por McClelland estava direcionado para gerentes de grandes organizações, tanto que uma pesquisa sobre sua obra demonstra que o mesmo não fazia conexão entre a necessidade de auto-realização e a decisão de ter um negócio próprio. Outros autores posteriormente que dedicavam ao estudo do assunto, na maioria das vezes não colocaram como determinante a necessidade de realização para explicar a criação de novos negócios.

Também foi exposto que o estudo de McClelland havia restringido sua pesquisa a alguns setores de atividade econômica. Essa observação é relevante, pois quando se faz uma análise, deve-se ter em mente qual o contexto em que tal pessoa está situada, pois as situações são diferentes dentro de um mesmo país, tanto mais quando se atravessam fronteiras nacionais, e devido a esses fatores, a teoria não se mostrou totalmente adequada, pois falha em contextualizar a estrutura social em que os indivíduos estão envolvidos. O ponto fundamental dos estudos desse autor foi de mostrar que o ser humano é um produto social.

Diante do exposto, convém explanar alguns aspectos que estão associados ao processo de gerenciamento dos empreendedores, como gerador de riquezas, e fica clara sua função essencial no desenvolvimento da sociedade, tanto na geração de novos negócios, como na própria ação de desenvolver estes novos negócios. No enfoque comportamental do empreendedorismo, uma das mais importantes referências é McClelland, que relaciona empreendedorismo à necessidade de sucesso, de reconhecimento, de poder e controle. As primeiras pesquisas realizadas por esse autor apresentaram a necessidade de realização do individuo como a principal força motivadora do comportamento empreendedor. Essa força significa a vontade humana de se superar e de se distinguir, englobando um conjunto de características psicológicas e comportamentais que compreendem, entre outras, predisposição para assumir risco moderado, iniciativa e desejo de reconhecimento.

Assim, essa formação baseia-se no desenvolvimento do autoconhecimento com ênfase na perseverança, na imaginação, na criatividade, associadas à inovação, passando a ser importante não só o conteúdo do que se aprende, mas, sobretudo, como são aprendidos, em outras palavras, os padrões de ensino e aprendizado estabelecidos.

Nesse sentido, cabe à instituição de ensino criar ambiente favorável ao empreendedorismo, incluindo espaços de discussão e reflexão, nos quais seja possível o desenvolvimento de competências e empreendedoras.
Autor: Warlley Barcelos


Artigos Relacionados


Que Tipo De Empreendedor Você é?

Empreendedorismo E Plano De NegÓcios No Segmento Varejista Do Ramo De CalÇados Da Cidade De Itumbiara - Go

Empreendedorismo

Será Que Sou Empreendedor?

O Empreendedorismo Para O Desenvolvimento Da Construção Civil Na Cidade De Santos

Empreender Comunicando

Empreendedorismo No Brasil