''UM OLHAR SOBRE A HUMANIZAÇÃO''



ESTER OZANA DE ALMEIDA LIMA *

A doença é um estado que acomete a todos nós seres humanos, cujo tratamento, na maioria das vezes, precisa de cuidados especiais, tais como: cirurgias, internações hospitalares e tratamento ambulatórial prolongado. Daí a necessidade de se ver esse estado como transitório e passivo de cura. Para que se obtenha êxito no tratamento devemos levar em consideração, além do estado físico do paciente, o estado psicológico, este sim tem função importante na recuperação do mesmo. Mas, para que isso aconteça, devemos pôr em prática, normas estabelecidas sob formas de leis as quais definem direitos e deveres. Na verdade, nem sempre acontece o cumprimento do direito, a exemplo do atendimento à saúde médico-hospitalar.
A falta de humanização no trato de pacientes é uma constatação dos que precisam dos serviços de saúde. Ressaltamos que humanizar significa paternizar, pois entendemos que a humanização diz respeito ao resgate de espaço de comunicação no interior das instituições, visando redimensionar práticas que considerem os aspectos subjetivos, históricos e sócio-culturais do paciente.
O relacionamento médico-paciente, na maioria dos casos é frio e orientado por técnicas e decisões individuais dos médicos, em que o paciente, que é o principal envolvido, não opta e apenas se entrega a uma busca de solução, sem sequer ter idéia dos riscos que correm. É isso que estamos tentando, com esse desabafo, contribuir para uma reflexão sobre a humanização na área de saúde, cujo atendimento deve ser garantido e, além disso, desempenhado pelo corpo funcional do hospital ou clínica, buscando a satisfação do atendimento ágil e seguro.
Os profissionais de saúde precisam entender que sua formação não é só para diagnosticar, precisa acima de tudo respeitar os valores de seus pacientes, suas crenças e sua fé. Haja visto que, para a maioria dos pacientes da rede pública de saúde o atendimento é deficitário, não apenas pela evidência de falhas na estrutura, mas, sobretudo na relação ético-profissional com os pacientes, os quais são, geralmente identificados por números ou conhecidos pela doença que porta.
A equipe de saúde precisa entender que a auto-estima do paciente deve estar em primeiro lugar e que, nessa caminhada, o ser humano deveria ser o centro das atenções para qualquer tipo de intervenção.
Nos dias atuais, o que se espera das Escolas de Formação na Área de Saúde é uma maior ênfase sobre o tema humanização, visando melhorar a qualificação dos novos profissionais.
O binómio competência X humanização é uma constante. A propósito, já existem leis que garantem a humanização na área da saúde, como por exemplo: a Lei nº 12.333, aprovada pela Assembléia Legislativa de Santa Catarina, em 12 de março de 2002, chamada de PARTO HUMANIZADO, que assegura assim, o acompanhamento no parto em todos os hospitais públicos ou conveniados de Santa Catarina. O Hospital da Universidade Federal de Santa Catarina ( HU /UFSC), o único totalmente público, permite e incentiva as gestantes a ter um (a) acompanhante de sua escolha na hora do parto, que garante a permanência do acompanhante: antes, durante e depois do parto.
Em alguns Hospitais, seja Estadual ou Municipal, não se permite essa permanência, eles alegam: falta de estrutura, de tratamento adequado e até mesmo, de treinamento do pessoal para que esse tipo de atendimento se concretize, entre outros.
A Senadora Ideli Salvatti (PT-SC), autora do projeto, diz que a presença de um parente ou de uma pessoa de confiança facilita o trabalho de parto. Segundo a senadora, os hospitais terão que fazer algumas mudanças para cumprir a lei, mas isso não significará gasto extra. Se você tiver no mínimo uma cortininha para separar uma parturiente da outra, não é tão abusivo em termo de gastos. A prática do parto humanizado já, comprovadamente, reduz os custos hospitalares porque diminui as cesarianas, o número de anestesias, as complicações pós-parto e o tempo de internação. Toda essa economia, com certeza, sugere que os hospitais tenham que fazer algumas adaptações.
Enquanto algumas leis garantem um atendimento mais humanizado, outras restringem as vagas na UTI, sob a alegação de uma melhoria no atendimento, porém, ao nosso ver ao pretenderem diminuir os gastos hospitalares. Na realidade, o ideal seria aumentar o corpo clínico, dando condições para sua permanente atualização, visando um atendimento eficaz aos que procuram os serviços de saúde neste país.
Segundo Mário Quintano: "O que mata um jardim não é só o abandono, mas esse olhar vazio de quem passa por ele indiferente". Para que isso não aconteça, fazem-se neccessárias mudanças em seus modelos de atendimento, de atenção e de gestão dos processos de trabalho em saúde. Deve ter valorização de dimensão subjetiva e social em toda sua prática. Sua principal busca deve ser de compromisso com a excelência no atendimento, e valorização dos profissionais, com isso, as filas e o tempo de espera será reduzidos e teremos um atendimento levando-se em conta os critérios de risco.
Aqui se encontra: desafios, batalhas e esperança, de um dia podermos desfrutar da humanização que está presente em cada um de nós. A ausência de recursos nos serviços de saúde é grave, no entanto a falta de humanização no atendimento compromete a qualidade do serviço prestado.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relatório da 11ª Conferência Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Brasília- DF, 15/19 de dezembro de 2002.

MARTINS, Paulo Henrique. Contra a desumanização da medicina moderna. Petrópolis: Vozes,2003.
Autor: Ester Ozana


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