O ar me falta
Este é o relato do único homem a conquistar o espaço sideral. A mãe Rússia gerou os mais fortes homens da Terra, dos quais sou irmão. Escreva-se na rocha que o céu é dos russos. Todos saberão que, se ainda não dominamos a Terra é questão de tempo, pois o céu já nos pertence.
A saída do campo da Terra foi doloroso, pouco se comparando aos exercícios realizados antes da viagem. Ainda assim, não achei que morreria, mas que resistiria pra ver a imagem que agora contemplo: a Terra azul. Estou orbitando há 3 horas e só agora tenho condição de tomar o lápis e por-me a escrever. Ainda bem que não trouxe só a caneta, porque aqui ela nada risca. A nave funciona perfeitamente; escuto a Base com clareza; a visibilidade é muito boa.
Não sou sentimental, mas confesso que chorei quanda vi a total escuridade do espaço, imenso ante a pequenez de nossa casa. Nunca passou pela minha mente chegar até aqui, apesar de sempre desejar ser piloto da força aérea, seguindo a tradição de minha família. O espaço, porém, habitava o campo do impossível, do inalcançável. Quando passou aquela terrível e estranha sensação de estar sendo comprimido pelas forças G, podendo abrir os olhos e ver aquela imensidão, logo gritei: "Galileu! A Terra é redonda mesmo!".
O ar me falta desde que sai da Terra. A respiração não é natural, mas forçada. Qualquer esforço me cansa: vou repousar.
Desejo voltar pra minha Rússia e contar-lhes, olho-no-olho, tudo o que vi daqui do espaço sideral. Obrigado pelo apoio. Beijo-lhes a face. Logo nos veremos. Hoje é 10 de abril de 1961.
Autor: José Gustavo Silva Paiva
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