LITERATURA E HISTÓRIA



A LITERATURA E A HISTÓRIA Micheline Odorizzi Paschoa Profª Diego Finder Machado (...) não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso e prosa (...), diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular. Por referir-se ao universal entendo eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convém a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes às suas personagens. Outra não é a finalidade da poesia, embora dê nomes particulares aos indivíduos; o particular é o que Alcibíades fez ou que lhe aconteceu. (ARISTÓTELES apud MENDONÇA, 2009) As relações entre literatura e a história estão no centro desta reflexão, buscando reconhecer as tênues linhas que as desassociam. Para isso é preciso compreender a literatura além de um fenômeno estético e cultural. Sabemos da importância da narrativa dos fatos para o homem através dos tempos e que durante sua trajetória buscou de alguma forma registrar os fatos decorrentes em seu tempo, seja através de documentos, da poesia, textos entre outros. Buscando assim resguardar os momentos antes preservados somente através da oralidade. Os registros dos grandes acontecimentos tornaram-se por vezes, grandes epopéias poéticas, registros póstumos de um tempo que só é possível conhecer através da imaginação e da interpretação do leitor. Embora não tenhamos certeza da veracidade dos fatos registrados através dos tempos, são por certo uma das formas mais aproximadas do concreto que possuímos de conhecer o passado. A importância da literatura em suas diversas formas, seja por meio de poesias, textos, romances, que apesar de não ter em seu bojo a preocupação do registro das fontes, nos leva a repensar muitas das questões do passado as quais, no tempo presente não podemos alcançar. As pesquisas de textos antigos nos dão dimensão da importância da narrativa literária para a história, pois a mesma se utiliza dela para descrever ainda hoje, os acontecimentos. É da visão e da interpretação do historiador que se desenrola o recontar a história, neste sentido torna-se indissociáveis. O historiador então se torna o tecelão da história, a qual descreve a partir dos elementos e indícios que ele se propõe a organizar. Como tecelão do passado, o historiador vai remendando fatos, registros e acontecimentos de forma a lhe dar melhor sentido. Assim ele produz a história ou reproduz diante dos fatos os quais se propõe investigar. Nesta trajetória organiza os fragmentos, para isto recorre às datas, documentos ou a oralidade, evidências que comprovam que é necessária a reescrita. A articulação dos fatos necessitada de contornos os quais mesmos imperceptíveis pela maioria, cabe a criatividade do historiador dimensiona-la; para isto se utiliza de uma valiosa ferramenta, que lhe é aliada, a narrativa literária. Assim conclui-se que com o auxilio da narrativa o historiador empreende sua jornada, pois sem a mesma não haveria com dar sentido aos fatos, nesta dimensão a narrativa demonstra sua força, pois de acordo com a utilização da mesma é que a história ganha contornos com pitadas de imaginação e suposições, nesse momento a narrativa e a história não se desassociam, são deveras complementos, tornando-se únicas na expressão da própria história. Apesar dos literatos nem sempre terem produzido suas obras com o compromisso com a verdade dos fatos; construindo um mundo singular que se contrapõe ao mundo real, é inegável que, através dos textos artísticos, a imaginação produz imagens, e o leitor, no momento em que, pelo ato de ler, recupera tais imagens, encontra uma outra forma de ler os acontecimentos constitutivos da realidade que motiva a arte literária. A história por sua vez deixa de ser narrativa literária ao buscar incessantemente comprovar o fato investigado, referenciando cada parágrafo, justificando suas falas, a narrativa literária em si não tem esta preocupação. REFERÊNCIAS MENDONÇA, Carlos Vinicius da Costa et al. Os desafios teóricos da história e da literatura. Disponível em: Acesso em 12 set. 2009. JUNIOR, Durval Muniz de Albuquerque Júnior. O Tecelão dos tempos: o historiador como artesão das temporalidades.
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