POR QUE SER PROFESSOR?



POR QUE SER PROFESSOR?
OU DAS RAZÕES QUE MOTIVAM A ESCOLHA DA PROFISSÃO DOCENTE


Idanir Ecco
Mestre em Educação UPF/RS.
Professor da URI Campus de Erechim/RS.
[email protected]
Licini Camila Karpinski
Professora de Educação Infantil. Pedagoga.
Pós-graduanda em Supervisão Escolar e
Orientação Educacional - URI/Campus de Erechim-
[email protected]



RESUMO
O presente trabalho apresenta os resultados da pesquisa cujo tema investigado fora: "Por que ser professor? Razões que motivam a escolha da profissão docente". Tal pesquisa buscou inquirir as razões que motivam a escolha da profissão docente para os acadêmicos de licenciaturas. Orientou-se pelas indagações: o que motiva os estudantes a optarem por ser professor? Existe reflexão nesta escolha? Existe consciência do significado de ser professor? Teve como objetivo geral, investigar e analisar as razões que motivam a escolha da profissão docente ou curso correspondente, tendo em vista uma reflexão sobre o ser professor. Investigação de caráter qualitativo orientou-se pelo enfoque exploratório, mediante Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa de Campo. As estratégias metodológicas constituíram-se em identificação, leitura e fichamento de obras pertinentes à investigação, contatos com sujeitos pertencentes ao universo pesquisado, coleta de dados, análise e síntese dos dados coletados. O universo desta pesquisa compreendeu cinco cursos de Licenciatura de uma Universidade do norte do RS e os sujeitos são os acadêmicos dos referidos cursos, totalizando 60 acadêmicos. Os resultados são surpreendentes e motivadores a todas as pessoas que acreditam na beleza e na importância de educar.

Palavras-chave: Escolha profissional. Professor. Reflexão.


INTRODUÇÃO

A escolha profissional é umas das mais importantes dentre as tantas que realizamos em nosso cotidiano, em nosso viver.
Várias e diversas são as razões que motivam a escolha de uma profissão, dentre elas podemos salientar: a possibilidade de destaque social, a influência familiar, a questão salarial, as perspectivas do mercado, entre outras.
O contexto sócio-cultural atual o ser professor/professora não é uma carreira profissional atrativa devido a múltiplos fatores, destacadamente o fator econômico, isto é, a questão salarial não é atrativa. No entanto, observamos que os cursos de licenciaturas, ofertados no ensino superior, são procurados (obviamente, não como outrora) e cursados.
Considerando a observação exposta acima, passível de constatação, buscamos inquirir o que motiva jovens estudantes a optarem por ser professor, bem como se a escola é refletida ou meramente, uma aleatória.
A construção de respostas frente à problematização está na pespectiva da ressignificação da ação docente, pois é no íntimo de cada um, na sua história de vida, que residem as razões da suas escolhas e sendo a profissão docente de grande relevância social, optar por ser professor deve ser uma escolha consciente e tomada a partir de algumas reflexões. Segundo Gadotti (2003, p.4), "escolher a profissão de professor não é escolher uma profissão qualquer", pois muitos são os desafios e responsabilidades desta profissão.
O presente texto organiza-se em três partes, sendo elas: "Educação e ser professor: breve conceituação e apreciação", "Uma importante decisão: escolha profissional" e "Ser professor: motivação, expectativas e análise reflexiva". Na primeira parte conceituamos brevemente dois termos relevantes no universo pesquisado, na segunda, abordamos alguns dos fatores que influenciam a escolha profissional e, concluindo, na terceira parte apresentamos os resultados obtidos na pesquisa de maneira reflexiva.


1 EDUCAÇÃO E SER PROFESSOR: BREVE CONCEITUAÇÃO E APRECIAÇÃO

Ao pensarmos em educação é correto afirmar que ela existe em todos os lugares e em todos os momentos da vida do ser humano. Estamos sempre aprendendo e ensinando desde o momento em que nascemos. "Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender". (BRANDÃO, 1984, p.15). Educamo-nos sempre. Ensinamos e aprendemos em todos os espaços que frequentamos. "A educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens" (GADOTTI, 1993, p. 13).
No entanto, existe um lugar onde ensinar e aprender é razão primordial. Um lugar que é o espaço próprio da educação formal, apesar de todas as outras maneiras possíveis para concretizar o ato educativo: a escola! Dedicamos este estudo a esta especificidade educativa, isto é, a educação escolar.
Objetivando conceituar este importante fenômeno da vida humana, recorremos à sua origem que, segundo Garcia (1977) relaciona-se aos verbos latinos educãre (alimentar, criar), significando "algo que se dá a alguém", com o sentido de algo externo que se acrescenta ao indivíduo e educere com a idéia de "conduzir para fora", "fazer sair", "tirar de", que sugere a liberação das forças que estão latentes e que dependem de estimulação para virem à tona. Origem esta que nos apresenta uma grande contradição: em uma mesma raiz, sentidos diferentes, expressando diferentes concepções de educação. Uma compreendida como a transmissão de conhecimentos e valores socioculturais às novas gerações, algo externo. Outra entendida como processo de desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos, algo interno, que se extrai. Diferentes modelos epistemológicos de educação.
Em cada uma das definições epistemológicos de educação explicitados anteriormente, decorrem concepções e práticas de educação escolar específicas. Na concepção em que o centro do processo é o professor, obedecendo ao modelo tradicional de educação, o professor fala, o aluno escuta, o professor decide o que fazer, o aluno executa, o professor ensina o aluno aprende. "Segundo a epistemologia deste professor, o indivíduo, ao nascer, nada tem em termos de conhecimento: é uma folha de papel em branco." (BECKER, 2001, p.16-17). E de onde vem o conhecimento, então? Do meio social. A ação deste professor não é neutra. O empirismo sustenta suas crenças.
Já nas concepções em que o centro do processo é o aluno, o professor é um facilitador, um auxiliar e deve interferir o mínimo possível. Pode, no máximo, auxiliar a aprendizagem, já que o aluno possui um saber que ele precisa apenas trazer à consciência. Para os aprioristas que sustentam as crenças deste professor, o indivíduo nasce com o conhecimento já programado na sua herança genética. Aqui, o professor renuncia "àquilo que seria a característica fundamental da ação docente: a intervenção na aprendizagem do aluno." (BECKER, 2001, p.21). E como avaliar neste modelo epistemológico? O aluno avalia se aprendeu ou não.
Porém, nas concepções em que o diálogo é principio, professor e aluno ensinam e aprendem em comunhão construindo o conhecimento. A relação em uma destas salas de aula é horizontal, o professor considera o saber do aluno e propicia um ambiente favorável para expandir este conhecimento. O aluno, por sua vez, sente-se importante e capaz de transformar a realidade. "O resultado desta sala de aula é a construção e a descoberta do novo" (BECKER, 2001, p.28). O construtivismo sustenta as crenças deste professor.
A partir do construtivismo conceitua-se educação como um processo pelo qual se busca o melhoramento, a excelência do viver. A excelência da família, da escola, da sociedade, do mundo. Logo, é processo contínuo de construção e reconstrução concretizando-se com humanos. Nisso consiste importância e sua função social, isto é, da responsabilidade de formar mentes e ações, sociedades e mundos.
A responsabilidade e a importância do professor neste cenário são de grande proporção, pois este se torna, agente da mudança social e deve primeiramente conscientizar-se de sua função como formador de opinião, de personalidade, de caráter. E jamais minimizar sua prática à mera transmissão de conhecimentos e técnicas prontas.

O reencantamento da educação requer a união entre sensibilidade social e eficiência pedagógica. Portanto, o compromisso ético ? político do (a) educador (a) deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração um clima esperançador no próprio contexto escolar. (GADOTTI, 1998, p.34).


Estando consciente de que pode influenciar no contexto social e sabendo que a transmissão de conhecimentos já não é suficiente, cabem ao educador muitos e complexos desafios.
Em nossa concepção, fundamentada no construtivismo, ser professor vai além de transmitir conhecimentos com técnicas prontas. O professor torna-se educador, pois assume a tarefa de educar e não somente preparar seus alunos para algo. "Podemos aprender a ler, escrever sozinhos, podemos aprender geografia e a contar sozinhos, porém não aprendemos a ser humano sem a relação e o convívio com outros humanos que tenham aprendido essa difícil tarefa." (ARROYO, 2000, p. 54).
Assim, o professor deve ser um constante pesquisador e incentivar seus alunos a serem pesquisadores, também, além de ensiná-los a filtrar as informações e os conhecimentos constatados nesta pesquisa. A criticidade é uma qualidade indispensável ao educador responsável. Aceitar tudo como lhe é apresentado é uma característica desta sociedade desigual e desumanizada presente na atualidade.
O professor-educador deve agir como problematizador, instigador, orientador e precisa estar consciente de que a aprendizagem só acontece num clima de liberdade e questionamento e ela só é efetiva se tem um sentido pessoal. O importante é aprender a aprender e ser professor é criar as circunstâncias favoráveis para tal.

Portanto, escolher a profissão docente não é escolher uma profissão qualquer. E esta decisão deve acontecer em um contexto de reflexão e responsabilidade. O que comumente motiva a escolha profissional? Existe reflexão? É realmente uma "escolha"?

2 UMA IMPORTANTE DECISÃO: ESCOLHA PROFISSIONAL
Escolher! Ação comum em nossa vida. Escolhemos roupas, escolhemos comida, escolhemos filmes, músicas. Porém, em certo momento precisamos fazer uma escolha que se difere destas tantas do cotidiano pela importância. É a escolha profissional.
Este é um momento indiscutivelmente importante na vida de qualquer pessoa. É um momento de fazer projetos sobre o que se pretende ser, o que se pretende fazer, decidir a vida que se quer levar. Pois passamos no trabalho grande porcentagem da nossa existência. Daí a importância de se fazer uma escolha consciente e responsável. E se levarmos em consideração que esta é uma decisão que não tomamos sozinhos e que não afetará somente a nossa vida constata-se a amplitude desta escolha.
Diante de tais fatos, almejando conhecer o que motiva a escolha da profissão docente faz-se necessária também uma reflexão sobre os fatores que comumente motivam a escolha profissional como um todo, pois, muitos e variados são os fatores que influenciam na decisão da carreira. Embora na realidade sempre atuem juntos Soares (2002), para fins puramente didáticos, divide os fatores determinantes na escolha profissional em: fatores políticos, fatores econômicos, fatores sociais, fatores educacionais, fatores familiares e fatores psicológicos.
a) Fatores políticos:
É de certa forma fácil identificar o viés da política predominante na educação e na preparação do jovem para a "escolha" do trabalho, observando as tendências pedagógicas. Nas tendências liberais o jovem é levado a acreditar que a escolha profissional é algo só seu que sua escolha não interfere em nada na sociedade. Já nas tendências progressistas o jovem é conscientizado sobre a importância da sua escolha no contexto social. Cada governo, segundo sua política, seu interesse, opta por uma estratégia educacional e de preparar para a escolha profissional. Exemplo: "Com o regime militar elevou-se o número de alunos em todos os níveis desde a pré - escola até as pós - graduações, mas o funil educacional manteve-se um sério problema e a má qualidade de ensino agravou-se". (SOARES, 2002, p.47). Nesse período era preciso mostrar ao exterior um povo escolarizado e não necessariamente educado. A regra era formar muitos técnicos e nenhum filósofo.
b) Fatores econômicos:
Em relação à escolha profissional é perfeitamente perceptível a influência das condições econômicas na decisão do jovem. Aquela pessoa que se obrigou a procurar emprego desde muito cedo por necessidade financeira, a não ser que conte com muita sorte, certamente não escolheu o que fazer. Precisou aceitar o que o mercado de trabalho ofereceu. E assim trabalhar em algo e fazer carreira somente pelo fato de sustentar-se. Estes, em muitos casos nem pensam em cursar uma universidade devido aos custos que isto implica.
Para os "sortudos" que trabalham de dia e conseguem frequentar a universidade à noite, a realidade não é muito mais fácil, já que provavelmente o valor do curso influenciou na decisão. Para estes, o fator econômico está também no fato de não conseguirem aproveitar tudo que poderiam da aula, pois trabalharam o dia inteiro e já estão cansados. Muito melhor seria poder somente estudar, até porque seu trabalho difere bastante do que vê em aula.
c) Fatores sociais:
Os fatores sociais estão basicamente relacionados à classe social na qual o indivíduo pertence e que na maioria das vezes determina se ele poderá ou não fazer curso superior. Observando os contextos sociais próximos infelizmente podemos perceber que as profissões são divididas por classe social e que dificilmente esta realidade se altera. Cursar medicina não é uma realidade comum em comunidades pobres onde os jovens não dispõem do dinheiro e nem do tempo necessário para realizar esta atividade e precisam trabalhar para se sustentar e estudar a noite quando os cursos oferecidos são outros.
A convivência social também é determinante na nossa escolha, pois somos fruto da sociedade onde vivemos. "É impossível se pensar o homem como algo separado de seu meio social." (SOARES, 2002, p. 44). As profissões que são valorizadas pela sociedade em que vivemos certamente estarão em nossa lista de possibilidades. Pois a profissão, também, é vista como uma forma de ascensão social importante.
d) Fatores educacionais:
Os fatores educacionais referem-se ao fato de o sistema educacional como um todo influenciar na escolha profissional. Desde que ingressamos na escola estamos sendo influenciados pelas pessoas e suas profissões. As meninas da educação infantil já decidiram: vão ser professoras! Os meninos também: bombeiros!
A estrutura da educação no país exerce influência sobre a escolha profissional. A escola em si, a maneira como se organiza, seus métodos e objetivos influenciam. Os professores e sua maneira de conduzir a aula despertam interesses e também repulsas à sua especialidade.
A escolha profissional não tem sido abordada na escola com a objetividade e o respeito que merece. Na maioria das vezes, esta importante orientação é trabalhada em dois ou três períodos nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, ou seja, às vésperas da escolha. O que causa aflição e desespero, tornando este momento ainda mais desesperador. Isto é feito por meio de testes vocacionais e rápidas palestras, quando deveria ser uma construção de toda a vida escolar do aluno.
e) Fatores familiares:
Como sabemos, a família é parte importante na vida de qualquer individuo e no momento da escolha profissional este grupo exerce grande influência, seja positiva ou negativamente. Todo o pai tem projetos para o seu filho e estes estão presentes na maneira como acompanha seu desenvolvimento, mesmo sem querer, a família exerce papel decisivo na hora da escolha da carreira.
f) Fatores psicológicos:
Os fatores psicológicos dizem respeito ao conhecimento que o jovem tem sobre si mesmo. Sobre sua história de vida, sobre suas preferências, suas aptidões. Fatores que passam despercebidos pela escola e que deveriam ser mais estimulados pela família.
Para uma escolha profissional consciente e reflexiva o jovem deve primeiramente conhecer-se. Isto possibilitará que saiba com mais precisão em que profissão terá maior realização e possibilidade de sucesso. Para tanto, pode-se lembrar de situações em que esteve em contato com profissões diferentes e quais suas reações a cada uma delas.
A escolha profissional é uma temática complexa que não é determinada por um ou dois fatores. Na verdade, ao escolher a profissão estamos evidenciando uma bagagem que acumulamos durante toda a nossa vida e esta decisão não é nada fácil. Fica claro que a escolha profissional é um processo dinâmico, permeado por fatores subjetivos, emocionais e pessoais. Fazer uma boa escolha requer conhecimento e reflexão sobre si mesmo, sobre as profissões, sobre o mundo a nossa volta. A melhor escolha é a realizada de forma mais consciente, considerando-se o que se quer e pode, considerando-se, ainda, as condições sociais, econômicas e políticas em que se vive. Porém, algo é certo e definitivo: escolhida a profissão é preciso ser competente no que se faz.
Um profissional competente é o profissional capaz de refletir sobre sua profissão de modo a produzir conhecimento, tornando sua atividade algo cada vez mais estimulante e gratificante, impedindo a massificação e a burocratização de seu trabalho. Isto levará conseqüentemente a lutar por um mundo melhor. Em se tratando da profissão docente esta reflexão e ressignificação faz-se necessária quase que diariamente, pois não lidamos com objetos e sim com seres humanos. E nossa visão do mundo e da vida é concretizada com pessoas. Por isso, escolher ser professor não é uma escolha qualquer. Deve ser tomada em um contexto de reflexão e consciência. Na prática, será que isso acontece? O que motiva a escolha da profissão docente? Quais fatores influenciam nesta decisão?
Em um contexto social e cultural onde ser professor não é uma carreira muito atrativa devido a vários fatores, observamos que os cursos de licenciaturas assim mesmo são procurados. Muitas pessoas ainda objetivam dedicar-se ao educar profissionalmente. Por quê?

3 SER PROFESSOR: MOTIVAÇÃO, EXPECTATIVAS E ANÁLISE REFLEXIVA
Em concordância com o decorrer deste trabalho, ser professor é algo importante e siginificativo socialmente. Escolher esta profissão deve ser uma decisão tomada de forma reflexiva e consciente porque muitos são os desafios desta carreira.
Nesta terceira e conclusiva parte do texto apresentamos os resultados obtidos em relação ao questionamento central de nossa pesquisa: Por que ser professor?
Na pesquisa bibliográfica reunimos a resposta de profissionais de diversas áreas:
Alves (apud BENCINI, 2001) afirma que o principal motivo para ser professor é "Amar as crianças e querer tê-las como companheiras."
Maringoni (apud BENCINI, 2001) acredita que "Ser Revolucionário. Resgatar o ideal de transformar o mundo por meio das pessoas e, assim fazer com que as gerações aprendam a respeitar o ser humano e o planeta em que vivemos" é o principal motivo para escolher a profissão de professor".
Para Chauí (apud BENCINI, 2001) o motivo essencial é que "Ser professor é no mínimo uma obrigação política. Não podemos aceitar uma população de excluídos da educação e da cultura. Nossa profissão só tem sentido se despertar a consciência social por meio do conhecimento e promover o exercício da razão como forma de libertação".
Perrenoud (apud BENCINI 2001) motiva a escolha desta profissão com esta afirmação: "Transmitir conhecimento é uma honra, um dever".
Segundo Freire (apud BENCINI 2001) a dimensão política da profissão é o maior motivo para escolhê-la: "A certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar conteúdos, mas também ensinar a pensar certo".
Assaré (apud BENCINI 2001) aponta os motivos para ser professor em forma de poesia: "Com muita certeza digo. Ele é seu grande amigo. Quem vive sem professor. Vaga nas trevas sem luz"
"Ensinar a ler e escrever ao maior número de crianças que eu puder" é o que motiva a profissão de Wajskop (apud BENCINI 2001)
Raí (apud BENCINI, 2001) pensa que ser professor "É uma das profissões mais bonitas. Só recuperamos nosso país se todas as crianças e jovens tiverem a oportunidade de aprender com professores envolvidos de verdade com a educação".
Gardner (apud BENCINI, 2001) acredita que um motivo importante para ser professor é a oportunidade de "aprimorar-se a cada dia mais e mais a cada dia".
Nowil (apud BENCINI, 2001) aponta o motivo essencial para se professor em sua opinião: "O mundo depende dos mestres para despertar nos alunos a compreensão que pode gerar a verdadeira paz e justiça entre os homens".
Na pesquisa de campo em que sessenta acadêmicos ingressantes em cursos de licenciaturas, de uma universidade, do norte do Estado do Rio Grande do Sul, responderam a um questionário anônimo foram evidenciadas diferentes respostas. Fator econômico (bolsa de estudo, cursos mais acessíveis), o gosto pela disciplina específica a ser lecionada e busca do conhecimento foram as razões que motivaram a escolha da minoria dos acadêmicos que estão em um curso de licenciatura, mas não refletiram especificamente sobre o ser professor.
Para a maioria dos acadêmicos dos cursos de licenciatura a quem direcionamos esta pesquisa, os motivos para escolher a profissão docente resumem-se nas seguintes categorias: amor, identificação, compromisso, responsabilidade social, querer formar cidadãos melhores para um mundo melhor. Sendo que este último fora enfatizado em grande parte das respostas.
A pesquisa realizada obteve dados interessantes e motivadores. Segundo os acadêmicos participantes, existem muitas razões para escolher a profissão docente e acreditar na importância do professor na sociedade é uma delas. A grande maioria dos acadêmicos concebem o ser professor de maneira responsável, entendendo a relevância deste profissional na sociedade. O que leva a concluir que, ao optarem por um curso que forma professores, o fizeram de maneira consciente e reflexiva.

CONSIDERAÇÕES

Este estudo tem demonstrado que, num contexto cultural onde ser professor não é uma carreira muito atrativa devido a vários fatores, de modo especial o fator econômico, os cursos de licenciaturas são procurados. Muitas pessoas ainda querem dedicar-se ao educar enquanto profissionais docentes. Atesta, também, que é no íntimo de cada pessoa, na sua história de vida, que residem às razões de suas escolhas. Por ser a profissão docente de grande relevância social, o optar por ser professor (a) deve ser uma escolha consciente e assumida a partir de reflexões considerando os desafios e responsabilidades inerentes à profissão.
A pesquisa tem apontado, também, que um percentual de acadêmicos das licenciaturas, no entanto, não fizeram uma escolha pautada pela reflexão. Optar reflexivamente é imprescindível ao processo de formação, pois conscientes das motivações de estar num curso de licenciatura assumem o processo formativo com esmero e seriedade objetivando qualificar a práxis pedagógica.
Na atualidade, inúmeros são os desafios impostos pela sociedade à escola, demandando profissionais reflexivos e conscientes de sua função educacional-social. Cabe aos cursos de formação docente proporcionar momentos de reflexão em torno da profissão escolhida e a razão da escolha, pois a universidade constitui-se num espaço dedicado à construção do conhecimento e à formação profissional.


REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel. Ofício de Mestre: Imagens e auto imagens. Petrópolis: Vozes, 2000.

BECKER, F. Educação e Construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001

BENCINI, Roberta. Dez motivos para ser professor. Revista Nova Escola, out. 2001. Disponível em: http://www.ensino.net/novaescola/146_out01/html/repcapa.htm. Acesso em 08 nov.2009

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Novo Hamburgo. Feevale, 2003

_____________ . História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.





Autor: Idanir Ecco


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