A pena de morte no atual cenário brasileiro



A pena de morte no atual cenário brasileiro.

Os registros demonstram que a pena de morte foi aplicada em território nacional, pela última vez, em 1876. Muita polêmica ronda a eficácia do instituto. Como todo procedimento polêmico, não sendo este diferente, possui seus pontos positivos e negativos.
O Brasil está entre os países mais violentos do mundo. Diariamente somos vítimas de assaltos, presenciamos seqüestros, mortes. Frente a tudo isso, estamos impotentes. Nos perguntamos quem poderá resolver, nos afastar o medo, a insegurança. Pensamos na polícia, na justiça, nos representantes eleitos pelo povo, que, legalmente, devem nos representar. Falso pensamento.
Devemos esperar um crime grave acontecer com os detentores do poder para que as leis mudem, não somente beneficiando aquele que de forma inescrupulosa destruiu a vida de uma família, os investimentos de uma vida. Nossas vidas parecem não possuir valor nenhum. É o chamado princípio da insignificância. Somos responsáveis pelos erros de uma sociedade, pelas falhas passadas, bem como pela falta de planejamento para comandar um país tão grande. Não se pode medir o suor de um trabalhador que passa a vida tentando por pão dentro de casa, livros para seus filhos, uma escola digna, e uma futura faculdade que possa gerar o conhecimento necessário para um crescimento respeitável e a busca de uma vida confortável. Ao contrário dessa impossibilidade de mensurar o esforço, podemos mensurar a pena de um delinqüente que mata sem pensar, em busca de drogas, de uma vida fácil.
Será que a culpa é do Estado? Será que somos responsáveis pela opção das drogas?
Muitos de nós já estiveram diante das drogas. Coube a cada um de escolher o certo e o errado. Aqueles que escolheram o lado certo estão vivendo suas vidas. Os que escolheram o lado errado estão colhendo os frutos de tal escolha. Seria justo pagar com a vida daqueles que não buscaram o lado negativo? Até quando vamos pagar pelo erro alheio?
O mundo é grande, tem espaço para todos. Mas estamos cedendo nosso espaço àqueles que não querem dividir. Somos os réus da história. Presos em nossas casas, com grandes, blindando carros, cometendo crimes, como porte ilegal de armas, tendo em vista a falta de confiança no sistema repressivo policial.
Nosso sistema carcerário não comporta mais tanta gente. Aqueles que cometeram crimes bárbaros estão soltos, pois o sistema garanta uma dignidade àqueles que não possuem alma, àqueles que destruíram uma família para sempre.
Acho que chegou o momento de colocarmos um fim em determinadas cláusulas pétreas.
A pena de morte pode não resolver o problema da população, tanto é que em muitos cantos não resolveu, mas amenizou. Se nossas vidas são insignificantes e todos os dias pagamos pelo crime alheio, que nossas vidas sejam utilizadas para pagar pelo correto, pela busca da justiça, que acabe toda essa impunidade.
Nós que buscamos diariamente o correto nos policiamos para não cometermos crimes, ilícitos ou simples contravenções. Quando cometemos somos julgados e perdemos parte de nosso esforço para o Estado. E o que falar daqueles que nada fizeram durante uma vida toda e que hoje vivem às custas do sofrimento alheio?
Penso que o mundo precisa de políticas críticas, que possam gerar o medo, mas o medo pela busca do correto, não o medo de exercer direitos.
Hoje paro para pensar e vejo que o mundo está cheio de pessoas que não o merecem. É uma questão de humanidade. Os direitos humanos pregam a abolição completa da pena de morte, mas com isso estamos assinando nossa própria pena de morte. E assim vamos viver, sem criar nossos filhos, sem colher os frutos de nosso trabalho, ou seja, vamos morrer e não vamos perceber.

Autor: Guilherme Queiroz


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