Resenha do Filme "O Corte"



GRAVAS, Costa. O Corte. Bélgica/ França/ Espanha, Pandora Filmes, 2005. Duração: 122 min.

O filme mostra a vida de um engenheiro chamado Bruno Darvert uma pessoa bem sucedida que vive muito bem com sua família e tem um ótimo emprego numa fábrica de papel, ate que essa instabilidade é comprometida quando ele é surpreendido com sua demissão após 15 anos de muita dedicação. Este filme de Costa Gravas é excelente pois nos traz reflexões bastante lúcida a respeito do modelo econômico atual, pois esse filme nada mais é que uma crítica ao sistema capitalista. Na conjuntura atual em que estamos vivendo a atitude que o personagem Bruno Darvert estabeleceu neste filme é comum nesta sociedade burguesa, pois o desemprego é uma porta estabelecida por milhares de pessoas de atitudes imprevisíveis, por que se partirmos da análise de como funciona a dinâmica de classes nesta sociedade capitalista é preciso vender a força de trabalho para suprir as necessidades básicas fisiológicas, o capital precisa de força de trabalho para manter esse sistema que gera em torno do lucro e nos precisamos trabalhar para sobreviver. Sendo assim, o desemprego afeta a auto-estima de um indivíduo e causa um efeito desagregador na família. Nesse modelo de produção capitalista o desemprego é algo de aplicação indispensável nas relações sociais, sendo isso uma estratégia do capital para manter a ordem social vigente, quanto maior é o desenvolvimento das forças produtivas mais miséria se reproduz. E com isso podemos evidenciar o esquecimento por parte daquele que é tido como o mantenedor da sociedade que visa o bem comum de todos que, na sua verdadeira essência sua atual função é manter a ordem vigente. Pura demagogia. O que se tem é um Estado retraído que atende somente a classe dominante que justamente para dar respostas a essa classe isola e exclui tudo o que lhe faz mal. E essa retração do Estado deve-se a idéia neoliberal que impõe que ele seja mínimo e o mercado é quem controle as relações sociais e as relações de produção. Fica perceptível nesse filme que por mais que as pessoas sejam qualificadas, cultas e competentes não há mercado de trabalho para todos e é isso que explica a competição atual, o sistema capitalista é tão contraditório que quanto mais ele se desenvolve pior se torna a vida da classe trabalhadora, ou seja, aumenta a intensificação do trabalho. O que aconteceu com o Bruno Darvert nada mais é que uma estratégia do capital, no qual o exército industrial de reserva, que significa uma enorme fila de desempregados esperando por uma oportunidade de trabalho, faça com que o trabalho seja cada vez mais árduo e intensificado, precarizando as condições de trabalho, ressaltando que isso só se faz possível pela alienação que a classe trabalhadora vive, no qual este sistema capitalista impõe que as pessoas sejam egoístas e individualistas. Portanto o filme "O Corte" nos faz refletir essa triste realidade que infelizmente faz parte do nosso cotidiano, pessoas que perdem seus empregos e se submetem a situações desumanas para poder sobreviver, e que não recebem a mínima assistência do Estado e que muitas vezes nos tornamos cegos por não querer enxergar essa dura realidade, que a cada vez mais se agrava, sendo pela falta de emprego que estas pessoas passam fome e são tratadas como bicho sem nenhum respeito por elas. No qual nossa sociedade que visa apenas o lucro, o poder e o status, não se preocupa com a dignidade humana. O problema dessas pessoas não esta marcada pela falta de competência e qualificação como passam a mídia, e sim pelo um sistema burguês corrupto que usa como estratégia a falta de políticas públicas efetivas que possa assegurar ao cidadão uma vida digna. E o trazendo o exemplo da vida de Bruno Darvert para nosso cotidiano, é que as pessoas não indagam à ordem vigente por que não sabem a sua verdadeira essência, pois são alienadas, por isso dar-se a necessidade de nossa categoria se firmar com os movimentos sociais e esclarecer seus direitos para que a classe trabalhadora se fortaleça e passe a indagar e lutar por uma sociedade justa e igualitária, para que assim esse processo de luta se consolide e se estabeleça a buscada transformação da ordem vigente, ou seja, a emancipação humana que em nossa concepção é algo possível.
Autor: Letícia Anjos


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