STRESS, VOCÊ SABE O QUE É ISSO?



Walderlene Sousa Lima**

O vocábulo stress é um monossílabo anglo - saxão sem equivalentes que tenham o mesmo sentido, em outras línguas.
Walter Cannon, fisiologista, foi o primeiro cientista a introduzir essa palavra no vocabulário médico. Em 1914, Cannon já começava a falar em estresse referindo-se às emoções - "grande estresse emocional".
Outro nome de grande relevância no estudo do estresse é do cientista húngaro Hans Selye, que introduziu o vocábulo na língua inglesa.
Selye ao fazer conferências falava em francês - le stress, em espanhol - el stress, em italiano - lo stress...
Atualmente o termo é empregado corriqueiramente em "nosso mundo" globalizado e competitivo, no qual estamos expostos constantemente a situações desgastantes.
Tornou-se comum ouvirmos afirmações do tipo "estou estressado" ou "hoje tive um dia estressante"... Entretanto, poucas pessoas sabem o sentido real da palavra estresse.
Popularmente, a palavra é empregada no sentido de cansaço, atribulações da vida, situações desagradáveis, etc, o que lhe atribui um caráter externo, isto é algo imposto pelo meio.
Cientificamente, contudo, o termo que para alguns estudiosos já se tornou obsoleto ? devendo ser substituído por alostase ? representa um complexo conjunto de reações iniciadas e comandadas pelo cérebro no sentido de manter a homeostasia (equilíbrio) do corpo.
A reação ao estresse, também conhecida como reação de luta ou fuga é o resultado do trabalho de diversos órgãos e sistemas (cérebro, glândulas, hormônios, sistema imunológico, coração e pulmões) objetivando ajudar-nos a reagir diante de uma emergência e a lidar com as mudanças, favorecendo assim, nossa segurança e sobrevivência.
Existe, portanto um paradoxo: o estresse é uma reação do corpo para nos proteger, todavia, quando ativado cronicamente pode causar danos e acelerar doenças.
Pessoas submetidas a estresse intenso ou contínuo podem desenvolver problemas cardiovasculares como a aterosclerose- endurecimento das artérias- fator de risco tanto para Acidente Vascular Cerebral (popularmente conhecido como derrame) quanto para ataques cardíacos. Além disso, o estresse crônico pode prejudicar o sistema imunológico tornando as pessoas mais suscetíveis as infecções e resfriados ou elevando a reação imunológica a níveis perniciosos resultando em alergias, asmas e doenças auto-imunes.
Diabetes, colite, síndrome de fadiga crônica, fibromialgia, eczema e úlceras também podem desenvolver ? se em indivíduos em estado de estresse total.
Já existem também, estudos que apontam o estresse como fator de risco para o desenvolvimento de cânceres, especialmente o de mama.
Não há dúvidas, portanto, de que o estresse total pode causar desgaste tanto psicológico quanto físico. Dessa forma, embora muitas vezes a reação ao estresse seja inevitável, o estresse total pode e deve ser evitado.
Estudiosos desse tema afirmam que a melhor maneira de lidar com o estresse é pela preservação de nossa saúde física e emocional, o que significa repensar o estilo de vida adotado num mundo de ritmo tão acelerado. É consenso entre os mesmos que medidas simples como sono farto e tranqüilo, boa alimentação, prática de exercícios (com regularidade) e de atividades prazerosas ? ler um bom livro, ouvir música, andar pela praia, "bater um papo" com pessoas queridas ? são fundamentais para manter o equilíbrio biopsicossocial e prevenir o estresse.
É importante a tomada de consciência das pessoas para a necessidade de buscar apoio de profissionais capacitados para evitar o estresse total.
Entre os profissionais da área de saúde que atuam neste campo, destacam-se entre outros, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e Educadores Físicos, que se utilizam de técnicas de relaxamento, exercícios, dinâmicas de grupo, expressão corporal, atividades lúdicas e outras e podem desempenhar um papel importantíssimo na prevenção e tratamento do tão avassalador estresse.


REFERÊNCIAS

Mc EWEN, Bruce S; LASLEY, Elizabeth Norton. O fim do estresse como nós o conhecemos. Tradução Laura Coimbra, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

CAMAROTTI, Gerson; Velloso, Beatriz; SEGATTO, Cristiane. Câncer de mama: o mal da mulher moderna. In Época, nº 194, Ano IV, Globo, Fev. 2002.

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* Artigo publicado em 20/06/2004 no Jornal Diário da Manhã (São Luís - MA). ** Pedagoga. Terapeuta Ocupacional. Especialista em Gerontologia. Professora da Rede Pública Municipal e Estadual. Acadêmica de Direito (7º período).
Autor: Walderlene Lima


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