MUDANÇA RADICAL EM CUIABÁ
Aquela cidadezinha pacata do interior chamada de Cuiabá, não é mais a mesma. Mudou-se radicalmente e transformou-se na grande metrópole que temos hoje.
Quem chegou em Cuiabá pelos idos de 1960 se deparou com uma cidadezinha parada, tranquila, com um povo alegre, animado e calmo. Ruas estreitas, tortuosas, palmeiras gigantescas pela cidade, calçada de pedra, casas baixas, animais ainda passeando pelas ruas, um comércio baseado na agricultura regional.
Os bazares e os botequins predominavam pelas ruas da cidade. Farmácias antigas com os proprietários mais antigos ainda. Médico? Pra que médico se o farmacêutico mesmo resolvia a situação. Cadeias? Mas para que cadeia se ninguém brigava, todos brincavam . Existia uma única cadéia - a do bairro Coxipo nas imediações da empresa Trescinco.
Todo mundo parecia ser parente de todo mundo. Tio pra cá, tio pra lá, compadre que vem, comadre que vai. Era uma parentela só. Todo o povo vivia numa bela harmonia comendo pacu assado, pirão de pintado regado a uma pinguinha com limão, licor de pequi, cigarro de rolo.
Compras? Era ali na venda do seu João a base da caderneta. Não existia trapaceiros, o cuiabano honrava a sua palavra. Que satisfação trabalhar com um povo alviçareiro e amigo!
De repente tudo mudou: a cidade cresce dos lados e cresce para cima. Vendas não existem mais: surgiram os grandes mercados, Pharmácia com Ph desapareceu de vez, hoje temos drogarias. Calçada de pedras não existem também ? corremos agora em cima do asfalto.
E povo? Mudou totalmente. Hoje temos gente de todas as partes do mundo e de todos os tipos. A falta de educação chegou de avião. Os problemas aumentaram muito. Agora é cada um por si e Deus pra ninguém.
Até quando vamos crescer nos disparates como os de hoje? Vai da consciência de cada um. Que cada um procure aquilo que ainda resta dentro de si: a solidariedade e a compreensão. Que cada um volte também para Deus e vejam no outro um nosso irmão. A humanização da cidade é possível. Só depende de nós. Façamos a nossa parte.
Autor: Henrique Araújo
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