Pelas Células-tronco Embrionárias



Células-tronco constituem mais um dos debates que tangenciam os limites éticos, confrontando visões de cientistas, religiosos, políticos, ministros e a sociedade em geral. Para quem não sabe, as células-tronco são células indiferenciadas, capazes de se transformar em outros tecidos do corpo.

Dentre elas, existem duas categorias: as adultas, presentes em diversos tecidos, como a medula óssea, cordão umbilical, sangue, polpa de dente etc; e as embrionárias, as células-tronco mais potentes do corpo humano, que existem apenas no embrião. Para retirá-las, portanto, é preciso interromper o desenvolvimento embrionário.

Por que usar células-tronco? Porque elas são a esperança de cura para várias doenças cardiovasculares, neuromusculares e deficiências como paraplegia, entre outras.

Em 2005, cientistas foram à Brasília e insistiram na aprovação de uma lei que permitiria o uso destas células. Com 96% da aprovação do Senado e 85% dos deputados federais, criou-se a Lei de Biossegurança: uma vitória para os pesquisadores. O problema é que o ex-subprocurador-geral da República, Cláudio Fontelles, questionou esta lei, que está em processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um momento histórico, o STF abriu um debate público que ocorreu dia 20 de abril de 2007, cujo objetivo era discutir os argumentos a favor e contra as pesquisas diante dos ministros do Supremo. Os cientistas foram ouvidos mais uma vez no dia 13 de dezembro de 2007. Uma das maiores vozes do movimento pró-pesquisas com células-tronco embrionárias é a Mayana Zatz, do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, geneticista que há muito vem mostrando as vantagens da pesquisas.

A Lei de Biossegurança, que está provisoriamente em vigor enquanto os ministros não decidem se aprovam ou não as pesquisas, prevê que só podem ser usados embriões para as pesquisas depois de 3 anos congelados em clínicas de fertilização, com o consentimento dos doadores. Isto é, a maioria dos embriões são inviáveis para a reprodução, o que significa que não teriam qualidade para implantação no útero, ou estão fragmentados, ou pararam de se dividir. Se continuassem congelados, iriam para o lixo.

Em vez de jogá-los ao lixo, por que não doá-los à ciência? Os cientistas usam embriões inviáveis na grande maioria dos casos. Grupos conservadores se opõem dizendo que se está tirando uma vida, o que não é verdade, porque a maior parte destes embriões não gerariam vida depois de tanto tempo em conserva.

Além do mais, em que se pese as vantagens dos possíveis tratamentos que estão sendo desenvolvidos, nota-se que é muito vantajoso usar as células-tronco embrionárias. Por isso, peço a todos que pensem sobre este tema e assinem o abaixo-assinado para a aprovação definitiva da Lei de Biossegurança:

http://www.petitiononline.com/pesqcel/petition.html

Após a audiência que decidiria, enfim, se a lei seria ou não aprovada, os cientistas ficaram ainda mais inquietos. Em resposta ao lema dos grupos oposicionistas "Escolhe, pois, a vida", os favoráveis às pesquisas lançaram "Quem sofre não espera" no Ato em Defesa das Células-Tronco Embrionárias, que ocorreu um mês após a audiência ser adiada.

Pensem em quantas pessoas poderiam se tratar no futuro, quando as pesquisas estariam muito mais desenvolvidas. Diversas doenças sem perspectiva de cura poderiam ser revertidas pela terapia com células-tronco. Diga não ao conservadorismo sem embasamento argumentativo. Diga não ao obscurantismo.


Autor: Adriano Senkevics


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