O Descaso com a Educação Infantil



Na maioria das vezes só paramos para analisar determinadas situações quando estamos diretamente envolvidas. Sempre fiquei naquele clichê de que "a educação está abandonada, que não há incentivo por parte do poder público...", e assim por diante.
Hoje, funcionária pública da Rede Municipal de Ensino, me sinto na obrigação de pensar na situação em que se encontra a educação infantil no Brasil. Apesar de alguns avanços e esforços isolados de educadores como Mário de Andrade, a Educação Infantil pública continua defasada, ainda priorizando o assistencialismo exacerbado, características governamentais de quase um século , no qual o importante é que as crianças estejam no ambiente escolar (creche), priorizando as necessidades básicas como a saúde, higiene e alimentação.
Os profissionais são orientados a não trabalhar as técnicas de alfabetização, principalmente nos grupos iniciais com crianças de 3 e 4 anos, utilizando métodos que não contribuem para o seu desenvolvimento, mesmo sabendo que nestas idades elas já conseguem assimilar o conteúdo que lhe for passado e consequentemente já estão aptas ao processo de alfabetização. A criança deve ser vista como alguém capaz de criar e estabelecer relações, um ser sócio-histórico, produtor de cultura e inserido nela e que, portanto, não precisa apenas de cuidado, mas que está preparado para a Educação.
Outro agravante é o descaso com os profissionais na área da educação infantil e dos novos cargos criados pelas prefeituras como os Auxiliares de desenvolvimento Infantil, que apesar de estarem inseridos na categoria administrativa atuam na educação, sem ser devidamente capacitados e remunerados, exercendo atividades de outros profissionais, auxiliando os mesmos em atividades pedagógicas, trabalhando o lúdico com as crianças e principalmente provendo seus cuidados básicos. Isso se aplica mesmo depois do MEC ter publicado, em 1994, o documento de Política Nacional de Educação Infantil que estabeleceu metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade no atendimento às crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos profissionais, que resultou no documento por uma política de formação do profissional de Educação Infantil.
É preciso uma reengenharia no ensino público brasileiro, qualificação, melhor remuneração e controle para que não haja desvios de funções, buscando uma educação de qualidade, pois é através dela que conseguiremos mudar nosso país.
Autor: Dennyerim Lima


Artigos Relacionados


Da Educação Infantil Ao Ensino Fundamental: Desafios Da Transição Para Reflexão

As RelaÇÕes Entre Cuidar E Educar

Relatório De Estágio Supervisionado Em Pedagogia: Educação Infantil

Rcnei De Matemática: Uma Perspectiva Para O Cotidiano Da Criança

''disciplina E Limites Na Educação Básica E Na Família''

A Literatura Infantil E O Referencial Curricular Nacional Para Educação Inafntil

O Papel Da Atividades Lúdicas No Desenvolvimento Da Linguagem Oral Contemplado ás Areas Do Conhecimento.