Renascimento



Quando nasci quebraram-me todas as asas e não pude voar

Vejo-as surgir agora no silêncio da minha transfiguração.

Quando podia cantar entreguei minha voz à tradição

Quero gritar, gritar, me ouvir e gargalhar.

 

Quero sozinha descobrir o vento que agita as águas nervosas do mar.

Quero poder abraçar a noite que vem rondar a minha janela

E soltar as minhas feras mantidas à distância até aqui.

 

Moço, passa pra cá esses dois pés que vou com eles correr o mundo.

Tenho pressa de atravessar os continentes e ver o sol cantar nas montanhas.

E pra quem me vir sorrindo por essas ruas de pedras diga simplesmente que venho nascendo há tempos, assim meio sem querer.

 

Atravessei séculos para combater todos os meus fantasmas.

Entrego a mim neste instante a minha vida, dou-me coroa e cetro

E a infinita possibilidade de atuar como atriz principal da minha recriação.


Autor: Nara Junqueira


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