ROMANTISMO PORTUGUÊS E BRASILEIRO



ROMANTISMO PORTUGUÊS E BRASILEIRO

9.1.ORIGEM:

A palavra Romântico vem do inglês Romantic, daí a origem do vocábulo Romantismo.

Macpherson foi o poeta escocês que pela primeira vez usou Romantismo como estilo em 1760 quando publicou "Poemas de Ossian". Ele passava o tempo compondo versos recheados de devaneios e sentimentalismo. No entanto, é difícil situar um país só, como iniciador do movimento. Vemos resquícios do estilo na Inglaterra, Alemanha e França.

Na Inglaterra tivemos como precursores: Macpherson, Thomas Percy, Allan Ramsy. Tivemos também grandes Românticos como: Lorde Byron, Shelley, Walter Scott, Shakespeare e Milton que influenciaram autores de outros países.

Na Alemanha tivemos os vultos Tieck, Fichte, Schlegal, Goethe (Werther) e outros.

Na França vamos encontrar Rousseau, Mme Steal, Victor Hugo.

Em Portugal temos: Almeida Garret, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho e Camilo Castelo Branco.

Na realidade, o Romantismo surgiu numa sociedade abarrotada de conflitos. A corrente participa nobremente da política mundial. Foi uma forma de alterar a pirâmide de classes sociais da época, a burguesia (classe média), misturou-se à nobreza e a base adquiriu vários poderes. O ponto culminante de todos os conflitos foi a "Revolução Francesa" em l789. Ela proclamou: a expansão das doutrinas dos filósofos, maior liberdade ao povo, realização das idéias populares, reformas no sistema de governo e maior atenção às classes baixas (o povo).

Foi um período revolucionário. Houve a instauração dos primeiros governos democráticos do mundo. Expande o individualismo e surge uma nova mentalidade. O sentimento patriótico é motivo de diversas obras. Fixa-se definitivamente a escola Romântica e expande rapidamente nos diversos países, cada um moldando o estilo às coisas próprias de cada região.


9.2.ROMANTISMO EM PORTUGAL(1825-1865):

Portugal sofre transformações radicais ligadas a ascensão da classe média, que promoverá no âmbito político, a implantação do Liberalismo e no lado artístico-literário a aniquilação dos valores estéticos vinculados aos padrões greco-latinos.

Cresce o número de adeptos ao Romantismo.

Em l825 Almeida Garret publica o poema "Camões". E é com este autor que nasce o Romantismo em Portugal. Ao lado dele aparece Alexandre Herculano, outro incentivador
das mesmas idéias.

O Romantismo veio para traduzir a mentalidade Burguesa. Os caracteres adquirem nitidez de contornos, possibilitando a manifestação do primado do sentimento, fazendo deslocar o interesse dos artistas e escritores para o que genuinamente representava a alma do povo com suas raízes fundadas na Idade Média.


9.3.A POESIA ROMÂNTICA - POETAS E OBRAS :

Desenvolveu-se em duas gerações. A primeira com Garret, Herculano e Castilho. Apresentou uma poesia mais de intenções românticas que se efetiva integração na sensibilidade da nova escola.

Herculano e Castilho mostraram-se comprometidos de uma forma ou de outra com o espírito neoclássico. Vemos uma certa inibição, um certo pudor ao arrebatamento de imaginação e do sentimento, traindo o achado neoclássico e racionalista.

O mérito da 1a. geração está em ter definido os princípios da nova escola, em ter lançado temas e motivos de cunho popular, medieval, patriótico e religioso, valorização das fontes nacionais, históricas e folclóricas. A afirmação de caráter nacionalista e liberal, contra o cosmopolitismo e absolutismo formalista do clássico.

Garret proclamava: - Vamos ser nós mesmos, vamos a ver por nós, a tirar de nós, a copiar de nossa natureza.

A 2a. geração recebeu o nome de ultra romântica. Estava desvinculada do espírito neoclássico e integrada na nova escola formalmente e pela sensibilidade, mas não conseguiu a criação de uma poesia autenticamente Romântica e de alto nível. Faltava valores genuínos, vocacionados, os temas e motivos lançados e fixados pela geração anterior vão se estiolando, vão perdendo a força viva latente com que se anunciaram.

Entre estes poetas temos:
a)Almeida Garret - "Camões e dona Branca", "Lírico de João Mínimo", "Flores sem fruto" e outros.
b)Alexandre Herculano - "A harpa do crente", "Lendas e Narrativas", "O bobo", "Eurico o Presbítero","O monge de Cister".
c)Antônio Feliciano de Castilho - "Cartas de Eco a Narciso", "Amor e melancolia", " Cinzas de bordo", "A noite do castelo".

9.4.A PROSA ROMÂNTICA - AUTORES E OBRAS:

Ressurge em Portugal a ficção portuguesa com as narrações de Herculano publicadas na revista: Pindorama. Este renascimento não é típico só de literatura portuguesa. É uma tendência geral do Romantismo. Isto leva as letras às classes cada vez mais numerosa de leitores ávidos de sensações e novidades. O gosto da burguesia dominante que se deliciava vendo seus desejos e as privações retratadas nos romances, novelas e contos.

O Romantismo português apresentou a ficção histórica (Herculano, Garret, Rebelo da
Silva), a novela passional com Camilo Castelo Branco, o romance campesino com Júlio
Dinis. Entre os principais românticos dessa fase temos:

1.Camilo Castelo Branco - "A filha do arcebispo","Um homem de brio","Amor de perdi
ção", "Amor de salvação".

2.Júlio Dinis - "As pupilas do senhor reitor", "A morgadinha dos carnavais", "Os fidalgos
da casa mourisca", "Serões da província".

3.Rebelo da Silva - "Última corrida de touro em Salvador", "Contos e lendas".

9.5.HISTORIAOGRAFIA E TEATRO:

Alexandre Herculano tomou a frente dos monges alcobacences. A historiografia passou a ser solidamente fundada nos documentos, alijando do seu território toda e qualquer noção milagreira e fabulesca.

A história deixa de ter caráter historiográfico individual para ser encarada como uma interação e luta de força ou classes sociais. Ele procura tirar do passado, ensino e sabedoria para o presente e para o futuro.

Praticamente só teve Alexandre Herculano como baluarte, seguido de longe por Rebelo da Silva com "História de Portugal".

O ressurgimento das atividades dramáticas em Portugal deveu-se a Almeida Garret que põe-se a trabalhar em 1838, indicado pelo governo para restaurar a tradição do teatro no país. Ele criou uma casa de espetáculo e enriqueceu o repertório nacional com duas peças de sua lavra.

9.6.ROMANTISMO NO BRASIL (1836-1881):

No Brasil o Romantismo chega em meio a inúmeros conflitos: euforia gerada pela independência, indecisão dos imperadores, as lutas internas no país após a independência, a guerra do Paraguai, declínio da monarquia, lutas abolucionistas e lançamento das idéias republicanas. Surge o Romantismo em meio a estes problemas, porém ele cresceu e foi muito bem aceito.

Em l836 Gonçalves de Magalhães lança "Suspiros poéticos e Saudades". Este livrinho
foi lançado na França e trazia as base do Romantismo Brasileiro em seu prefácio, porém a obra ainda estava presa às bases árcades.

O estilo Romântico é essencialmente nacionalista. É uma tomada de consciência contra os valores importados, é a expressão máxima do amor à terra. Ele se volta ao sentimentalismo e ao individualismo. Aqui no Brasil nossos autores buscaram o Indianismo como temário, acrescentando escritos referentes à apresentação do índio, seus usos e costumes, modos de viver e sua língua. José de Alencar tenta mesmo criar uma língua brasileira unindo vocábulos indígenas aos da língua portuguesa. São incorporados então nomes de pássaros, lugares, nome de indígenas, nome de animais. Com isto a língua portuguesa enriqueceu vertiginosamente.

O Romantismo foi rapidamente aceito e difundido em todo o Brasil. Isto porque o brasileiro é melancólico, sentimental e paciente por natureza. Tudo favoreceu a expansão da corrente em nosso meio.




9.7.CARACTERÍSTICAS ROMÂNTICAS:

São inúmeras as características Românticas. Vejamos algumas delas:
1.Linguagem popular;
2.Religiosidade;
3.Domínio do sentimento sobre a razão;
4.Individualismo, centro no EU;
5.Emoções, devaneios, sonhos, ilusões;
6.Insatisfação, conflitos internos;
7.Fuga à realidade;
8.Indianismo (no Brasil);
9.Sentimentalismo, tristeza, melancolia;
10.Paixão, mulher no pedestal;
11.Subjetivismo (o que importa é o sujeito);
12.Relação com a morte;
13.Amor às doenças, ao sofrimento;
14.Cansaço da vida;
15.Relação com a natureza;
16.Nacionalismo: Folclore, tradições, heroísmo;
17.Liberdade de formas literárias
18.Solidão;
18.Admiração pela beleza;
20.Amor de uma forma geral.

9.8. A POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA
1A. GERAÇÃO - POETAS E OBRAS:

A poesia romântica brasileira está dividida em três gerações ou etapas. Em todas elas notamos o amor à pátria e a linguagem sentimental. Tinha ela muitas pretensões, porém nem sempre foram cumpridas. A paisagem brasileira serviu de fundo para o desenrolar
das cenas. Se por um lado tínhamos um Gonçalves de Magalhães exaltando a natureza,
a religião: do outro lado estava Gonçalves Dias com seu Indianismo, Álvares de Azevedo cantando o sofrimento e Castro Alves defendendo os escravos. É ainda uma poesia bastante falha, porém de grande valor literário.

A primeira geração vive o período de implantação do ideário romântico. Houve vários conflitos nessa época relacionados com a maioridade de D. Pedro II . A poesia idolatrou
a paisagem da terra. Notamos características indígenas e religiosas. Entre os principais poetas dessa geração temos:

1.Gonçalves de Magalhães (Niterói 1811 - Roma 1882)-Era médico e diplomata, representando o Brasil em vários países. Pertenceu aos últimos árcades. Na França entra em conato com os Românticos e passa a escrever nesse estilo. Transporta-o para o Brasil no prefácio do livro:"Suspiros poéticos e saudades". Foi o iniciador do Romantismo no país. Naquela obra ele fala dos lugares do Brasil, por ele conhecidos e visitados. O grande problema de Magalhães é que toda a sua obra é mais Arcádica do que Romântica. Obras: "Suspiros poéticos e Saudades", "Confederação dos Tamoios","Antônio José" (Teatro), "Poesias avulsas", "Amância", "Urânia", "Olgiato", e uma revista chamada "Niterói".

2.Gonçalves Dias (Caxias Ma 1823 - Ville de Boulogne S. Luis 1864) - Advogado formado em Coimbra depois de uma vida agitada. Filho de português e uma mulher de cor. Aprendeu Latim e Francês. Chega a ser professor no Colégio Pedro II. Viaja para vários países da Europa.
Em Coimbra escreve grande parte de sua obra. De regresso ao Brasil conheceu dissabores. Voltando a Europa chega a ler nos jornais o seu necrológio, uma vez que estava tuberculoso, porém quem havia morrido fora outro.
Sua obra é extensa e bastante representativa. Foi o primeiro poeta Romântico se levarmos em consideração a perfeita técnica e sensibilidade artística. Principais obras:"D. Leonor de Mendonça", "Os Timbiras", "Oceania", "Beatriz Genci", "Sextilhas de Frei Antão".Seus poemas mais conhecidos são: "Canção do Exílio", "I -Juca-Pirama".

3.Manuel Araújo Porto Alegre (Rio Pardo RS 1806 - Lisboa 1879) Formado em Arquitetura e pintura. Funda em Paris, ao lado de Magalhães a revista Niterói, órgão divulgador do Romantismo brasileiro. Conheceu vários países da Europa e foi diplomata. Escreveu: "Colombo", "Brasilianas", "Dinheiro e Saúde", "Estátua Amazônica".

9.9.SEGUNDA GERAÇÃO - POETAS E OBRAS:

O momento consolidou-se.O poeta volta-se a si mesmo. Descreve toda a sua emoção, o seu fatalismo. Mostra o seu mundo interior.

Os conflitos do país quase não mais existiam. O poeta tinha tempo para girar a sua mente pelo mundo do sonho. Aparece o desejo de morte, o pessimismo, o cansaço da vida, o chamado Mal-do-Século.

As influências de Byron são percebidas, por isso esta fase é chamada também de Byroniana. O mal-do-século progride, levando à morte nossos grandes poetas. A poesia é bem mais trabalhada e apresenta um bom toque de lirismo.Entre os principais poetas temos:

1.Álvares de Azevedo (São Paulo 1831 - Rio 1852) Cursa Direito em São Paulo (não termina), levou vida boêmia e participou de sociedades secretas. Leu muito Hoffmann e Byron. Influenciado por aquele, faleceu muito jovem. Teve uma vida tranqüila.

É o poeta da dúvida e do mal-do-século e mostrou esta influência em suas obras. Vendo a morte próxima, procurou escrever o máximo possível, produzindo obras desorganizadas. Obras:"Lira dos vinte anos"."Poemas do Frade","Noite na taverna","Conde Lopo","Macário" (teatro).

2.Fagurndes Varela: (Rio Claro Rj 1841 -Niterói 1875) Estudou Direito em São Paulo e Recife, porém não concluiu o curso. Viajou muito e levou vida boêmia. Casou-se e desse matrimônio nasceu Emiliano que morreu junto com a mãe três meses depois. Varela lança "Cântico do Calvário" em homenagem ao filho morto. Os críticos consideram esta obra como a principal do autor. Casou-se segunda vez e novamente perde a esposa. Ele volta à sua terra natal e passa o resto da vida bebendo e morre logo a seguir.

Foi um poeta sereno e talentoso. Estava sempre preocupado com a natureza e a religião. Obras: "Noturnas", "Pendão auriverde", "Contos meridionais", "Vozes da América", "Anchieta ou o evangelho nas selvas", "Diário de Lázaro", "Cantos religiosos", "Cantos do ermo e da cidade","Cantos e Fantasias","Obras completas".

3.Casimiro de Abreu (Capivari Rj 1839 - Indaia- açu Rj 1860) começou os estudos em
Nova Friburgo. Contrariado pelo pai que queria ver o filho com uma profissão relativa no
comércio. Abreu sofre muito, vai a Portugal a mando do pai e lá permaneceu quatro anos.
Durante todo esse tempo escreve seus primeiros poemas. De volta ao Brasil publicou "As
primaveras", uma grande obra. Ele é o poeta da saudade da terra natal, da família, da infância e das coisas do Brasil. É também um poeta muito popular. Obras: "As primaveras", "Camões e o Jaú", "Carolina", "Camila", "Páginas do coração".

4.Junqueira Freire (Salvador Ba-1826 1855) Foi um desajustado.Tentando salvar sua vida
ingressou num convento em Salvador, aumentando ainda mais seus problemas por não ter
vocação para a coisa. Consegue licença e abandona o convento. Faleceu logo ao sair do convento com problemas cardíacos. Sua obra mostrava uma tentativa de equilibrar a vida.Reflete os problemas, os conflitos, as dores e as misérias porque passou. Obras: "Inspirações do Cláustro","Contradições poéticas".

Outros autores: Laurindo Rabelo com "Trovas", "Poesias", José Bonifácio,o moço com "Rosas e Goivos", "Discursos parlamentares".

9.10.TERCEIRA GERAÇÃO:

Apesar de o país estar novamente em grandes conflitos, a poesia atinge a maioridade.
É a poesia social, humana, patriota, abolicionista. Afasta-se do mal-do-século e busca momentos líricos. É uma poesia otimista, comprometida, já trazendo algumas características realistas. Ela é conhecida como condoreira (de condor, ave dos Andes). Acredita-se que essa terceira geração tinha uma linguagem tão elevada como o vôo do condor. Também é conhecida como hugoana (devido as influências de Victor Hugo).

1.Antônio de Castro Alves ( Miritiba Ba 1847-Salvador Ba 1871) Estudou Direito em Recife e São Paulo, mas não concluiu o curso. Ainda jovem ganha fama como poeta. Apaixona-se por Eugênia Câmara, atriz portuguesa. Em São Paulo leva vida tranqüila, fazendo caçadas. Numa dessas caçadas, fere-se no pé com sua própria arma. O ferimento agrava-se e o estado de saúde abala-se (estava tuberculoso). Com a perna amputada e muito sofrimento, não resiste e morre ainda muito jovem.

É o maior poeta do Romantismo brasileiro. Sua obra defende os escravos, a liberdade,
a justiça e a natureza. Em seus poemas notamos a revelação de sonhos impossíveis, o lirismo contagiante, o amor aos humildes. Foi um poeta bastante popular, empolgando a todos que o ouviam. Pintou em seus poemas os conflitos brasileiros. Obras:"Espumas Flutuantes", (única obra publicada em vida),"A cachoeira de Paulo Afonso", "Os escravos", "Gonzaga ou a revolução de Minas".

2.Tobias Barreto de Menezes (Campos SE 1839- Recife 1889) Formado em Direito em
Recife. Estudou também Filosofia. Era muito culto e foi rival de Castro Alves. Tobias notabilizou-se por influenciar outros poetas, mas de seus poemas apenas alguns se salvam. Obras: "Dias e noite", "Estudos de Filosofia e crítica".

Outros autores: Pedro Luis: "Dispersos", Lúcio de Mendonça: "Névoas matutinas", Valentim Magalhães: "Contos e lutas", Luis Barreto Murat: "Quatro poemas".


9.11.PROSA ROMÂNTICA:

Na prosa brasileira (romance) vários autores aprecem como precursores. Temos Teresa Margarida da Silva e Orta que escreveu: "Aventuras de Diófones" em 1752, considerada romance didático, mas como ela deixou o Brasil aos cinco anos e não mais regressou, sua obra passou a pertencer a literatura portuguesa. Teixeira e Souza publicou em 1843 "O Filho do Pescador", que não passou de uma tentativa romanesca. Antes, Nuno Marques Pereira já houvera publicado: "Peregrino da América" com alguns princípios de romance. Também Norberto da Silva com "As duas órfãs" e Justiniano José da Rocha com "Os assassinos misteriosos", tentaram iniciar o romance no Brasil. No entanto não passou de tentativa.

Em 1844 Joaquim Manuel de Macedo publica:"A Moreninha". Nesta obra ele traça as características do romance brasileiro. Logo a seguir aparece José de Alencar definindo de uma vez a nossa prosa Romântica.

A nossa ficção segue de perto os modelos franceses, usando das mesmas técnicas, imitando o enredo, mudando apenas os temas, inserindo a paisagem brasileira. Aparece também o Indianismo, desconhecido na França.

O romance passa a ser dividido e estudado em quatro partes:

a)Romance Urbano - A narrativa faz uso de problemas da cidade como: a paisagem, os conflitos humanos, usos e costumes, modos de viver do povo citadino. Descreve, quase sempre elementos da burguesia. Destacamos os autores: Macedo (A moreninha), Alencar
(Senhora) e Almeida (Memórias de um sargento de Milícias);
b)Romance Indianista - Explora problemas indígenas. O ambiente, as tradições, as lutas. É a parte mais representativa do romance brasileiro, por descrever temas totalmente nacionais. Como exemplo, temos José de Alencar: (Iracema, Ubirajara, O guarani).
c)Romance Regionalista: A obra se baseia a um determinado lugar, inserindo o contexto
cultural local. Autores: Alencar (O gaúcho, o sertanejo), Taunay (Inocência), Guimarães
(O garimpeiro), Távora (O cabeleira).
d)Romance Histórico - Os fatos são baseados em nossa história. Autor principal: José de
Alencar (As minas de Prata, A guerra dos mascates).

1.Joaquim Manuel de Macedo (S.João do Itaboraí-Rj 1820-Rio 1882) Médico, jornalista
e romancisca. Escreveu em vários gêneros. Foi o criador da ficção brasileira e explorou
muito a psicologia feminina e os conflitos sociais. Foi muito popular e muito lido pelas mulheres. Aproximou os leitores dos livros. Sua obra descreve o tipo comum, popular, corriqueiro. Daí o gosto do público, no entanto não foi um grande romancista. Obras: "A Moreninha", "A luneta mágica", "O moço loiro", "A misteriosa", "Vicentina", "Mulheres de matila", "A namoradeira", "Os dois amores".

2.José Martiniano de Alencar (Mecejana CE 1829 Rio-1877) Estudou em Recife, teve uma passagem pela Bahia, Olinda e termina o curso de Direito em São Paulo. Durante este tempo escreve muito, mas publica pouco. Vai para o Rio e começa a contribuir no "Diário do Rio"onde publica seu primeiro romance "Cinco Minutos" em forma de folhetins em 1856. Daí para a frente sua produção literária foi muito grande. Escreveu romances, teatro, crônica, crítica e autobiografia. É o mais fértil de nossos romancistas. Possui um estilo tipicamente brasileiro. Notamos em suas obras o incrível domínio da imaginação, a exata descrição da paisagem brasileira, suas lendas, seu folclore, sua terra e sua gente, os ameríndios e seus problemas. É o Brasil visto em prosa. Há a abundância de imagens, idéias agrestes e pitorescas, a comparação, a ingenuidade de nossos indígenas. Machado de Assis, ao prefaciar Iracema afirmou: "Poema lhe chamamos a este, sem curar saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lhe-á obra prima. Obras: "Cinco minutos", "O guarani","A viuvinha","Lucíola", "Diva", "Iracema", "As minas de prata", "O gaúcho", "A pata da gazela","Guerra dos mascates","Sonhos D'ouro", "Encarnação"," O sertanejo", "O correr da pena", "O Jesuíta" (Teatro).

3.Antônio de Almeida (Rio 1831-1861) Médico (sem clinicar) foi redator do "Correio Mercantil. Escreveu "Memórias de um Sargento de Milícias" e o drama lírico "Dois Amores".O primeiro é uma obra que fugiu ao esquema dominante na época. Ele narra acontecimentos referentes a coletividade urbana do Rio ao tempo de D. João VI. Não é um romance histórico, pois seus personagens (exceto Vidigal) são todos imaginários. Há um tom humorístico e satirizante, uma espécie de deboche em sua obra. Alguns críticos tentam colocar Almeida como precursor do Realismo. A obra difere bastante das demais do Realismo, no entanto.

4.Bernardo Guimarães (Ouro Preto 1825 1884) Formado em Direito em São Paulo. Foi juiz em Catalão (Go). É considerado o primeiro regionalista brasileiro. Descreveu a paisagem, o folclore, usos e costumes de Minas Gerais e Goiás. Preocupou-se com o problema do negro e do indígena. Também fala sobre os problemas celibatários dos padres. Obras: "A escrava Isaura", " O garimpeiro","O seminarista","O pão de ouro", "O ermitão de Muquém", "O índio", "Afonso", "Maurício", "A ilha maldita", "Folhas de solidão".

5.Franklin Távora (Baturité CE 1842- Rio l888) Formado em Direito em Recife. Foi deputado em Pernambuco. Transfere-se para o Rio, trabalhando ativamente. Tenta criar uma literatura que focalize o nordeste. Lança em suas obras o cangaço, a paisagem, o vaqueiro nordestino. É o precursor do regionalismo brasileiro. Obras:"O cabeleira", "A casa de palha", "O matuto", "Lourenço", "Sacrifício", "Um casamento no arrabalde", "Um mistério de família".

6.Alfredo D'Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay) (Rio 1843- 1899 - Engenheiro Militar, foi deputado, presidente do Paraná e Goiás. Participou da guerra do Paraguai, dela escrevendo todos os episódios dos quais participou. De grande cultura e sensibilidade. Taunay em seu romance Inocência descreve a pobreza, sentimentalidade e a ingenuidade do sertanejo da época. Sua obra possui caracteres científicos, estratégias bélicas e históricas.As duas obras importantes descrevem a região sul de Mato Grosso e retrata os sofrimentos provocados pela doença (cólera) e pela guerra. Obras: "A retirada da Laguna", (escrita em francês, sendo traduzida logo depois) "Inocência", "Lágrimas do coração", "Mocidade de Trajano", "Manuscrito de uma mulher", "No sertão".

Outros autores: Lopes Neto: "Contos gauchescos", "Lendas do sul", "Casos de Romualdo", Hugo de Carvalho - "Tropas e boiadas", "Plangências" (póstuma) Veiga Miranda "Dulce", "Mau olhado", "Pássaros que fogem",- Vivaldo de Vivaldi (Coaracy) "A eterna canção","A serpente".

9.12.TEATRO E TEATRÓLOGOS ROMÂNTICOS:

No Quinhentismo, Anchieta tentou construir peças teatrais. Não conseguiu, apenas formulou alguns esboços:"Auto de São Lourenço", "Auto da pregação universal", no entanto chamou muito a atenção do público iletrado da época, por ser uma inovação. Tinha cunho catequético. Depois disto, nada mais se falou sobre teatro no Brasil até o ano de 1813, quando D. João VI inaugurou o teatro São João (este teatro recebeu o nome de João Caetano em homenagem àquele que muito trabalhou pelas artes cênicas no Brasil).

Com a inauguração do teatro São João, muitas peças foram apresentadas, porém todas
vindas da Europa.

Em 1838 Gonçalves de Magalhães apresentou a peça "Antônio José" que ficou sendo
do a primeira peça brasileira dada ao público. Praticamente ela tinha duas finalidades: difundir o gênero Romântico e levar o público ao teatro.

Martins Pena foi o ponto máximo do teatro Romântico. Praticamente foi o introdutor
do Teatro no Brasil, já que "Antônio José" deixou muito a desejar.

O nosso teatro trazia raízes shakeasperiana nos dramas e nas comédias. As peças possuíam um linguajar simples, situações conflitantes, humorísticas. Os teatrólogos principais foram: Carlos Martins Pena - "O juiz de paz na roça", "O Judas em sábado de aleluia", "O diletante", "A família e a festa na roça", "O noviço", "Olgiato"; José de Alencar - "O demônio familiar", "Verso e reverso", "Mãe", "Os jesuítas"; Castro Alves: "Gonzaga e a revolução de Minas"; Álvares de Azevedo- "Macário";Manuel de Macedo- "O cego", "O primo de Califórnia","Luxo e vaidade"; Araújo Porto Alegre -"O sapateiro politicão", "O espião de Bonaparte"; Gonçalves de Azevedo-"Amor por Anexim", "Metam-se...", "Vida e morte"; França Júnior - "Meia hora de cinismo", "Como se fazia um deputado".

9.13.HISTORIOGRAFIA E HISTORIADORES:

O estudo histórico recebeu muitos adeptos do Romantismo. Vários foram os motivos
para isto: a)Construir a perfeita história do país; b)Conhecer seus valores, principalmente no campo das letras; c)Compor a história meramente nacional; d)Preservar os documentos históricos existentes bem como reconstruir e procurar outros; e)Revelar ao público as obras e os autores desconhecidos ou perdidos no tempo. Entre os historiógrafos temos: Francisco Adolfo Varnhagen -"Florilégio da poesia brasileira", "História Geral do Brasil" "História das lutas contra os holandeses", " História da independência do Brasil"; Joaquim Norbert - "História da conjuração Mineira", "Curso elementar de literatura portuguesa e brasileira".

9.14.ORATÓRIA E ORADORES:
A maioria dos historiadores literários deixa de lado a oratória. Com isto muitos valores do passado ficam no esquecimento e só são redescobertos por um ou outro que se interessa.

Hoje em dia, com o avanço da técnica, a oratória quase desapareceu. Poucas pessoas falam com eloquência, um mínimo fala em público com timidez, com medo de errar e ser gozado por terceiros. Isto porque não têm uma oratória desenvolvida.

No Romantismo apareceram ótimos oradores, aliás atingiu o clímax nesse período.
Logo, porém, começou a cair e agora quase não mais existe. Os políticos atuais são obrigados a carregarem seus escritos debaixo do braço, quase sempre feito por terceiros. Se perderem o papel, acaba-se o homem.

Divide-se a oratória brasileira em sacra, política e literária. Sem sombra de dúvida que
nossos melhores oradores foram padres. Entre os oradores temos: Antônio Carlos Ribeiro "Discursos parlamentares","Esboço biográfico de José Bonifácio"; Martim Francisco Ribeiro de Andrade- "Diário de uma viagem", "Discursos parlamentares"; Evaristo Ferreira da Veiga - "Hinos Patrióticos", "Discursos na câmara"; Bernardim Ribeiro de Vasconcelos- "Comentário à lei dos Juízes de paz", "Carta aos Srs. eleitores da província de Minas Gerais" e outros.

Autor: Henrique Araújo


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