Balada para Olívia
BALADA PARA OLÍVIA
Bem-vinda, Olívia!
Carioca, Taurina,
Regida por Vênus, a deusa do amor...
Teu nome, tão suave
É o pequeno fruto
Da grande arvore sobranceira,
A oliveira.
Do monte das oliveiras,
Onde Jesus rezou.
O fruto que há milênios
Alimenta os pastores
De carneiros o Agnus Dei
Qui tollis peccata mundi.
E dão o óleo
Que cozinha, alimentando o corpo,
Que ilumina, alimentando o espírito.
E que conserva,
Como nós, homens, conservamos a fé
No Cordeiro de Deus,
Tanto que insistimos em trazer ao mundo
A esperança, em forma de criança. Como tu.
Bem-vinda, Olívia!
Abraça e beija tua irmã,
Mariana...
Taurina como tu.
Amálgama de Maria, a Mãe de Jesus
E de Ana mãe de Maria! avó do Salvador.
Sorri para teus pais,
Roberto e Simone,
Por nome, Barreto.
Pequeno barro.
Barro com que o pai moldou o homem
E deu-lhe o sopro da vida.
E de sua costela,
Fez a mulher,
Assim como teus pais
Moldaram o barro que te fez,
E à tua irmã.
E a ambas sopraram também,
Imitando a Deus. Porque as fizeram com amor!
Bem-vinda, Olívia Barreto!
Aproveita agora, que todos te sorriem,
Que podes saciar de imediato
Tua fome, tua sede, teu calor, teu frio,
Com um simples choro! BUÁÁÁ!!!
Agradece a Deus e aproveita enquanto
Não tens que ver televisão, nem trabalhar,
Nem ler jornal, nem ouvir notícias, nem contar dinheiro,
Nem ver mendigos, pobres doentes, políticos,
Rufiões, bandidos, aleijões, banqueiros, chatos,
Nem toda essa estranha fauna humana
Que Deus colocou no mundo
Para que pudéssemos dar valor maior
Ao que de bom nos ocorre. Como a tua chegada.
É reclamássemos menos,
E ajudássemos mais,
Como fazem teus pais.
Bem-vinda, Olívia!
Respira fundo esses aromas gostosos
Dos perfumes de teu quarto,
E das carnes de teus pais.
Suga de tua mãe a seiva da vida,
Porque um dia farás o mesmo,
Com outra Olívia, ou outra Mariana,
Ou outro Roberto, ou outra Simone
Que parirás e darás ao mundo,
Dando continuidade
A esse ciclo maravilhoso e milenar
Da vida.
A vida! Ah, a vida.
Bem-vinda à vida, Olívia!
Que Deus a faça rósea para ti.
Rósea com o céu
No crepúsculo do Pantanal,
Que apaixonou teus pais.
E também a estes teus amigos.
Rósea, suave, musical.
Sonora como o canto dos sabiás.
Não dos rouxinóis, ave européia.
Mas dos sabiás, bem brasileiros.
Como tu.
Recebe um beijo gostoso
Destes teus amigos.
E faz-de-conta...
Porque vives ainda no mundo do faz-de-conta...
Que cantamos baixinho uma canção de ninar.
Onde não há cucas. Só bichinhos amigos:
O Au-Au. O miau-miau. O co-có-ró-có.
E sem dúvida alguma o touro!
E como minha avó dizia
Ao final das histórias que cantava:
Subiu pelo pé do pato,
Desceu pelo pé do pinto,
El-Rei Senhor me mandou
Que lhes contasse mais cinco!
Assinam esta balada
Teus amigos da Tijuca,
Lá da Praça Afonso Pena,
Rio de Janeiro, Brasil,
Um trio bem pantaneiro,
Fafá, tia Tetê e Gil
Rio, 20/Maio/1991
Autor: Gil Ferreira
Artigos Relacionados
Feliz
Gente
Jorge Amado
Cheiros E Gostos
O Fado Do Eleitor
Sem Par
Radiopoesia