Inútil juntar cacos pelo chão



 

Meus olhos estão secos, ainda que absortos... Passa diante de mim, como flashes, a sequência de três longos anos. Anos em que fui refém de uma ilusão.

Diante de mim, a tela do monitor.

Estou com o programa de conversas on line aberto, e dou-me conta, talvez pela primeira vez, da inutilidade disso.

Fiz disso a razão dos meus dias, por muito, muito tempo, tempo que perdi de realmente viver. Acordo para a vida sem nenhum remorso, apenas pasmada diante da obsessão vivida e da mediocridade alheia.

Basta um nada para que se perceba o vazio em determinadas criaturas que tiveram algum domínio sobre nós. De repente, um gesto, uma palavra mal dita, o ícone se desfaz, o ídolo desmorona: O herói era fruto da imaginação, figura criada pelo que gostaríamos que fosse. São pessoas sem conteúdo. Pessoas que não crescem, não amadurecem. Pessoas que se sujeitam a uma vida medíocre repleta de faz-de-conta, de mentiras, de esconde-esconde. E julgam-se superiores aos pobres mortais que os cercam. Pobres mentes vazias!

 Percebo que quase sucumbi, que, por pouco, não me anulo mergulhada numa fantasiosa existência não condizente com minha história.

Dou-me conta do que valho e do que mereço, revolto-me contra mim mesma pelo tempo em que me permiti não ser nada mais, apenas reflexo do que fui.

Retomo minha alma, minha consciência. Sou dona de mim e dos meus pensamentos, estou inteira, talvez mais preparada e consciente da necessidade de buscar o futuro sem guardar pedaços de uma etapa vencida.

Como diz Drika, ...às vezes não basta somente rasgar a folha, faz-se necessário jogar-se fora o livro todo....  Sábias palavras.

Resta apenas um del  e a decisão de não mais olhar para trás...


Autor: Lucia Czer


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