O TEXTO NA SUA DIMENSÃO SOCIAL



UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA ESPECÍFICA EM LETRAS
PROFª DRª ROSANGELA LEMOS DA SILVA
FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS
14 MAIO.2010

GÊNERO TEXTUAL: O TEXTO NA SUA DIMENSÃO SOCIAL

FRANCINEIDE MAFRA BEZERRA

RESUMO

Observamos que algumas instituições de ensino ainda retratam o texto numa visão delimitada, fechada apenas no prisma do mero conteúdo, em sua maioria descontextualizado e fragmentado. Há uma ênfase em repensá-lo em sua totalidade, inserido numa perspectiva inovadora, reflexiva e transformadora, capaz de retextualizá-lo diante dos fatos e viabilizar a construção de sentido. Visto que essa perspectiva normativa pode causar inferência na ação do homem como sujeito social, surge a seguinte indagação: Qual é a real função social do texto?

Palavras-chave: texto. Gênero. Social. Variação.

Observamos que em algunas instituciones de ensenanza todavia retratan el texto em uma visión delimitada, cerrada apens em el prisma del mero contenido, em su mayoria descontextualizado y fragmentado. Hay um enfásis em repensarlo em su totalidad, insertandolo em uma perspectiva innovadora, reflectiva y transformadora, capaz de retextualizar delante de los hechos y viabilizar la construcción del sentido. Conociendo que esa perspectiva normativa puede causar inferência em la acción del hombre como sujeito social, surge la siguiente indagación: Cual es la real función social del texto?

Palabra-llave: Texto. Gênero. Social. Variación.

INTRODUÇÃO:

O homem como sujeito eminente social educa-se em suas relações com o mundo, em um processo permanente, cercado por uma diversidade de informações que necessitam ser processadas e colocadas em praticas. Neste sentido, cabe ressaltar o texto como unidade de sentido ou unidade de interação, o qual precisa ser conhecido em sua dimensão social e cognitiva. Quando nos referimos a expressão "texto", seja ele oral ou escrito, referendamos que é a materialização de um gênero, utilizado nas diferentes esferas em que se organiza a vida social. O processo de socialização implica a apropriação dos gêneros, portanto, socializar-se é aprender a usar determinado gênero numa dada situação de interação.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O indivíduo ao longo da vida carrega conhecimentos, habilidades e experiências de vida resultantes da convivência em sociedade. E a educação é uma ação construtiva do ser humano, no qual os indivíduos se educam em suas relações com o mundo, em um processo permanente. Neste sentido, a educação deve ter sempre o objetivo de formar o ser humano através do desenvolvimento de suas potencialidades e capacidades. Dentro desta mesma perspectiva, Paulo Freire (2000, p. 40) destaca o seu ponto de vista afirmando que;

A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprendem que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o que ainda não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres e homens precisam estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem não haveria porque falar em educação.

Portanto, compreendemos que a educação só assume seu verdadeiro sentido através do ser humano, quando realmente cumpre o papel de agente social, no qual o processo de interação indivíduo-sociedade é estabelecido de maneira formativa. Cabe então, repensar o papel da escola como instituição capaz de interferir nas ações do homem diante de sua sociedade, fazendo necessário que ofereça instrumentos para construção não somente do conhecimento, mas acima de tudo de reflexão, visando garantir sua participação mais ativa, crítica e consciente em seu tempo e espaço. Diante desta proposta de mudanças, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN?s) de Língua Portuguesa apresentam a necessidade de enfocar atenção para o ensino da língua materna centrado na perspectiva dialógica de linguagem, a fim de que atenda às expectativas de formação escolar dos alunos para o mundo. Essa nova abordagem imprime uma metodologia pautada no texto, o qual, de acordo com os PCN?s (1999, p. 38) deve ser compreendido como "produto de uma história social e cultural, único em cada texto, porque marca o diálogo entre interlocutores que produzem e os outros textos que o compõem".
Assegurado também essa dimensão social do texto, cabe referendar o posicionamento de Marcuschi (2008) definindo que "o texto pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade de comunicação e um artefato sociohistórico ". Pontuando este mesmo ideal, observa-se Beaugrande (1997, p.10) apud Marcuschi (2008, p.72) postula que "o texto é um evento comunicativo em que convergem ações lingüísticas, sociais e cognitivas". Segundo as definições dos autores, o texto configura-se numa perspectiva multifuncional, enfocando um caráter essencialmente social.
Ao dimensionarmos a visão interacionista do texto, faz-se importante contemplar a atenção para os gêneros textuais, já que alguns autores tratam o gênero como texto. Em artigo publicado por Iran Ferreira de Melo a revista Língua Portuguesa (2010, p.54), observa-se essa concepção sob o olhar teórico de Bakhtin, Bazermam e Marcuschi, os quais apresentam definições bem sucintas e como pontos bastante semelhantes, Segundo Bakhtin, o gênero é "um enunciado de natureza histórica, sociointeracionista, ideológica e lingüística relativamente estável". No prisma de Bazermam "são rotinas sociais do nosso dia a dia, são fatos sociais". Já Marcuschi, revela que "são formas culturais e cognitivas de ação social corporificadas de modo particular na linguagem". Observando essas definições, presume-se que para eles, o texto não é apenas forma, mas uma materialidade que possui função comunicativa e que está presente em nossas ações sociais.
Neste contexto marcado pelas relações humanas, a linguagem levanta sua bandeira do elo que efetiva o processo comunicativo, pois é com o propósito de comunicar-se com os outros, que o ser humano inventa e utiliza várias formas de linguagens. Apropriando-se de gestos, sinais, símbolos e palavras para expressar seus pensamentos, adquirir e processar informações, podendo assim, partilhar e construir sua visão de mundo. E é neste intercambio de interação que torna capaz de produzir conhecimentos e participar ativamente de seu meio. Assim, faz-se importante compreender que a linguagem constitui-se em ação comunicativa e consequentemente ação interativa. Como maneira de expor a esfera comunicacional em que se enquadra, cabe destacar a visão de Bakhtin apud Brait (2007, p.156) ao afirmar que "a linguagem participa na vida através dos enunciados concretos que realizam, assim como a vida participa da vida através dos enunciados". Seguindo a mesma linha ideológica, apresentamos a concepção da linguagem humana vista sob o aspecto evolucionista, destacado por Matencio (1994, p.68) quando revela que: foram de uma perspectiva de língua como expressão do pensamento, passando pela visão de língua como instrumento de comunicação, ate chegar-se a uma concepção de linguagem como interação''.
De forma mais ampla, Matencio mostra que a própria linguagem humana passou por transformações, quebrando paradigmas e ampliando sua dimensão de sentido e utilidade, não limitando-se apenas ao campo de exposição do simples falar. A linguagem, então, permeia uma estruturação de participação, um elemento fundamental nas relações. Dentro desta perspectiva os PCNS ? Terceiros e Quartos Ciclos do Ensino Fundamental (1998, p.19) atribuem que "O domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva, e o domínio da língua, como sistema simbólico utilizado por uma comunidade lingüística, são condições de possibilidade de plena participação social".
No entanto, para que possamos ler e compreender esse mundo marcado por linguagens, cabe confrontarmos coma diversidade textual. Sendo assim, a atenção ou o processo de leitura evidenciado no âmbito escolar deve assumir um novo propósito, no qual a leitura não seja pontuada como mecanismo de decodificação de letras ou palavras, mas sim como um processo permanente, capaz de oferecer ao leitor uma atividade de (re) construção de significados. Ao referendarmos a leitura como o elo de interação, cabe mensurar a contribuição de Koch (2008, p.11) ao afirmar que "o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação". Assim, dentro desta perspectiva é importante salientar que a produção de sentidos que o texto pode mensurar, deve está relacionado com o aspecto cultural, social e histórico que vem expressar, desta maneira assumirá seu verdadeiro papel: elemento de inclusão social.

CONSIDERAÇOES FINAIS

A proposta dos PCN de fundamentar o ensino da língua materna, tanto oral quanto escrita, nos gêneros do discurso, desencandeou apreensão e insegurança, pois como não havia material disponível para "ensinar", e o professor acabou por "inventar". dificultando a interação social a qual os textos podem proporcionar.
Cabe ressaltar que a estruturação do ensino de leitura e escrita depende, antes de tudo, da explicitação dos objetivos que se pretende atingir com o processo de ensino de uma língua. O professor precisa saber que elementos estão na orientação fornecida por ele e qual a pertinência desses elementos, para que não seja criado nenhum mecanismo de silenciamento na produção em sala de aula.
Neste sentido é importante saber utilizar os gêneros como ferramenta de interação social, levando os alunos a integração de atividades com diferentes própositos, que vá muito além das características de cada gênero. Por fim devemos compreender o texto como instrumento de comunicação presente nas variadas práticas sociais, sendo o elo das interações do homem com seu meio.

REFERÊNCIAS:

BRAIT, Beth. Bakhtin: conceitos chave. São Paulo: Contexto, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESCO, 2000.
KOCK, Ingedore Vilaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2. ed. São Paulo: Contexto 2008.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MATENCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Leitura, produção de textos e a escola: reflexões sobre o processo de letramento. São Paulo: Mercado de Letras, 1994.
BRASIL, Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa: Brasilia: 1997.
Autor: Francineide Mafra Bezerra


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