Febre
Essa febre o acompanhava a mais de uma semana, e começara justamente na hora em que a vira pela primeira vez, na padaria, servindo café e recolhendo copos, com uma lágrima grudada aos olhos sem que cliente algum percebesse. Só ele, do fundo de seu poço, do alto de sua angústia, captara a pequenina dor concreta de semelhante viagem.
Quando já saindo, deteve-se a sua frente e, como um cirurgião preciso, extirpou o minúsculo foco de tristeza de seu rosto com um toque de seu dedo. Como recompensa, ela segurou-lhe a mão entre as suas e o deixou afundar-se em sua alma transtornada, mostrando-lhe o quanto iguais eram.
Sem dúvida a febre que agora o consumia havia surgido desse encontro. E teria que reencontrá-la para, talvez, voltar a ser feliz.
Autor: Ldasq
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