O GOVERNO DE GOULART E O GOLPE CIVIL MILITAR DE 1964



O Jorge Ferreira é professor adjunto do Departamento de Historia da Universidade Federal de Fluminense. Em sua obra o Brasil Republica que foi escrito junto com a historiadora Luciana Delgado, busca analisar a estrutura política do Brasil durante a Republica, para isto citam as alianças políticas que foram construídas, os conflitos econômicos e surgimentos de organizações populares.
No capitulo oito Ferreira inicia falando sobre a historiografia de João Goulart e o golpe de 1964, o mostra que, ora buscam incriminá-lo pelo golpe como sendo Goulart o único individuo presente neste ato, ora tenta de maneira irreversível e inelutável culpar a coletividade. Daí o autor fala dos historiógrafos que tentam personalizar a historia. Mostrando a visão da direita, em que o enxerga como um demagogo corrupto que era influenciado por comunistas. Em contra partida os da esquerda, o presidente era um líder burguês de massa, executando assim o golpe.
Uma explicação que entra em consenso para os dois lados dos historiadores é de que João Goulart era assumiu o perfio de um político populista. O golpe para muitos foi resultante da crise da área agrária exportadora. Ou que a crise econômica exigiu um regime autoritário para regulação dos conflitos.
Após citar as crenças dos historiadores em relação ao golpe Jorge Ferreiro recorre, como ele escreve, aos métodos históricos, para isto tenta reconstruir quais os interesses dos participantes deste processo histórico e os conflitos sociais.
Ele começa falando do parlamentarismo, onde foi implantando as pressas, com o intuito de impedir o golpe militar, observa-se o grande interesse em se manter a democracia, mesmo assim Goulart mantém comércio com os países socialistas. João Goulart recebe como herança um país com uma grande crise econômica, para tentar por fim a esta crise, ele viaja para os EUA a fim de manter relações comercias, seus esforços não foram muito produtivo.
Outro contexto que foi citado por Jorge, foi o domínio político que a esquerda vinha exercendo sobre o país, alianças eram feitas entre os partidos, estudantes, camponeses de outros setores radicais da população. As pequenas esquerdas radicais não suportavam o governo de Goulart e lutavam por revoluções socialistas imediatas, a fim de derrubar o governo.
Leonel Brizola mantinha relações políticas com Goulart, e tentava convencê-lo a implementar logo a reforma de base,que tanto pregava. Já que Leonel representava a FMP, que era apoiada por estudantes da UNE, os operários urbanos, com o CGT, a CNTI, o PUA, e a CONTEC, cabia a ele o dever de convencer o novo governo a mudar as bases políticas do Brasil.
Os radicais exigiam que o presidente atacasse o Congresso Nacional adotando medidas radicais e imediatas. Porem o presidente procurava sempre ser fiel aos compromissos com o país, e não abria mão da reforma. Desta forma ele deu inicia a campanha de retorno ao presidencialismo.
Logo depois foi feito um plebiscito para aderirem ao antigo sistema presidencialista, tendo apoio da maioria, Goulart passa então de fato a ser o presidente do Brasil, cedendo o cargo de primeiro ministro a San Tiago Dantas que logo que assumiu o cargo ordenou que revissem o salário mínimo. Como ministro da educação foi nomeado Darcy Ribeiro, que propôs a reforma educacional, sendo efetivada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aonde determinava que 12,45% do orçamento federal fossem investido exclusivamente em educação.
Neste momento o país esta em situação econômica critica, mas os planos do novo presidente era manter acordos, negociações e compromissos entre o centro e a esquerda, programar as mudanças econômicas e sociais por meio democráticos. Tentou acordos militares, contando com o apoio declarado do seu amigo Amauri Kruel, e dos comandantes do I e II exércitos.
Para tentar reerguer a economia que estava em momentos de déficit total, buscou empréstimos internacionais. Incentivou a companhia Vale Rio Doce, inaugurou usinas Cosipa, Usiminas e Aços, além da Eletrobrás. Criou o plano Trienal que foi duramente rebatido por Carlos Lacerda, encontrando oposição da esquerda, o governo de Goulart encontra mais uma dificuldade para superar.
É segundo Ferreira isolado da direita, por acreditarem ser ele um comunista, foi discriminado pela esquerda por se opor ao sistema ditatorial. Lacerda utiliza para por fim a imagem do governo, os meios de comunicação, dizia ele que os planos de Goulart eram o de derrotar a direita e em seguida a esquerda. Acreditou o governo que não estaria sozinho, pois poderia contar com o apoio do II exercito o que foi tamanha decepção para ele, pois o exercito declarou que não estaria do seu lado.
Neste momento a população também não mais o queria como presidente, pois o país estava em uma situação econômica critica. Atacado pela esquerda, João Goulart não se voltou para a para o PSD. Foi pressionado pela esquerda e pelo PSD, negou ele ser refém de qualquer um deles, porém em cima de grande pressão em fins de fevereiro firma a aliança com a frente única (esquerda). Seria a ultima tentativa para se manter no poder, pois as idéias pregadas pela frente única não dizia respeito as defendidas por ele, mas no momento não tinha muitas escolhas, já era o fim do seu governo e não compensava lutar contra três potentes frentes: a direita, a esquerda e os militares.
Os capitalistas agora se levantaram contra Goulart, pois desta forma o Brasil continuaria em baque econômico. Mas Goulart continuava tentando levar adiante as suas idéias de mudanças, mesmo temendo um conflito civil.
A esquerda radical mantinha relações com a Marinha e fuzileiros e preparavam um motim contra o governo e as forças armadas. Se o governo tivesse decretado a prisão de Carlos Lacerda segundo o historiador não teria tido todo um conflito civil.
Diante de tantos conflitos o governo de Goulart sofre o golpe militar, chegando à democracia a um colapso, sendo deposto conheceu o exílio dentro do seu próprio país. Ferreira termina enfatizando que tanto que o povo temia um golpe político, esta fase da historia termina com outro golpe político, sendo um novo tipo de golpe, executado em abril de 1964.
O presidente Goulart era o homem certo atuando no momento errado, sua entrada no poder em momentos ferrenhos de conflitos partidários, embora saber lidar direito com o povo, com discursos e se preocupa com o crescimento econômico do país a sua dificuldade em lidar com números favoreceu ainda mais a uma crise financeira. Seus nobres planos de acordos foram enterrados por uma sangria repressão política. Pois a ninguém interessava a conciliação, senão o poder.

Autor: Talita Barbosa Ramos


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