VISITAS RELIGIOSAS AO ANTIGO CARANDIRU




Quando eu morava em S.Paulo e trabalhava na Federação Espírita, participei
de um grupo que ia todos os sábados à tarde, no Carandiru, dar assistência espiritual
às reeducandas. Não sei porque, sempre me senti atraída por trabalhos difíceis, e
este era um deles. Antes de entrarmos, nós passávamos por uma rigorosa revista e
depois ficávamos à disposição delas, numa sala, aguardando as celas serem abertas...

Aos poucos, elas vinham... Devagar, cada uma em direção ao grupo religioso que
mais lhe agradasse. Eram vários grupos... Nada era forçado. Nosso grupo também par-
ticipava de suas festas, teatros, etc, em outras ocasiões. Havia também o grupo masculino.

Elas nos confidenciavam seus problemas, suas aventuras com a polícia, como aquela
que, muito orgulhosa, dizia que era traficante de drogas e seu nome saía sempre
nas manchetes dos jornais. Algumas vezes, havia rebelião e ficávamos impedidos de
entrar. Uma certa reeducanda se destacava pela sua inteligência, que, infelizmente, foi
desvirtuada, tornando-se assaltante de bancos. Era ela quem participava ativamente do
grupo de teatro do presídio, que atraía uma multidão quando havia apresentação por lá.

Para mim, particularmente, a maior experiência foi dar assistência espiritual a uma
jovem, filha de um membro do esquadrão da morte, naquele tempo, no Rio. Fui enca-
minhada até à cela forte aonde ela estava porque tinha se rebelado um dia antes e posto
fogo no seu colchão. Graças a Deus eu conseguia força e amor necessários nesses
momentos, enquanto via as lágrimas correrem dos olhos dela ao ouvir nossas palavras e
receber as energias espirituais . Uma outra reeducanda, muito quieta e que gostava de
nossas reuniões conseguiu a liberdade, depois de muito batalhar para arrumar advogado de
defesa, que era um dos maiores problemas naquele presídio, tão logo saiu, foi convidada a
participar de congresso sobre assistência espiritual nas penitenciárias, para dar seu testemunho a
respeito desse nosso trabalho, a par de muitos outros depoimentos que atestavam a
eficácia dele na reeducação de detentos.
Ela escrevia muito na cela e um dia pediu-me para divulgar um dos seus escritos que
realmente, merece ser lido em uma próxima oportunidade.
Autor: Helenice Rodrigues


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