CERRADO DO AMAPÁ



CERRADO DO AMAPÁ


Por muito tempo no Brasil o ecossistema de cerrado que ocupa 22% do território nacional foi considerado como área imprópria para o desenvolvimento da agropecuária, área improdutiva, inóspita, sendo também rejeitada sob o aspecto estético, florestal e faunístico. Todavia em função da forte pressão sócio-econômica na necessidade de criar novas alternativas para a expansão da fronteira agrícola, aliado também a necessidade do aumento da produção e da produtividade, fez com que se buscasse mecanismos de incorporar as áreas de cerrado na economia agrícola do país.
Na Região Norte um dos estados detentores de extensas áreas apropriadas para a exploração agropecuária é o Amapá. Neste estado segundo dados estatísticos oficiais o cerrado ocupa uma área total de 12. 978 km2 o que corresponde a 9,25% da superfície do Estado do Amapá e distribui-se segundo uma faixa norte-sul, recobrindo os terrenos da Formação Barreiras, sendo inclusive considerado como elemento indicador desse domínio geológico. De forma disjunta, também são encontrados encraves de cerrado em domínios quaternários, denominados de "tesos". Ao sul da região, também são encontrados manchas de cerrado, todavia em menor proporção e ligadas a terrenos geologicamente distintos.
Hoje o seu potencial de aproveitamento é bastante reprimido, constando apenas de um grande empreendimento florestal praticado por uma empresa multinacional. É sugerido que nos últimos três anos tenha sido plantado, com incentivos do governo federal, aproximadamente 190 mil hectares de Pinnus spp. e Eucalyptus spp., objetivando a produção de celulose para exportação.
A área de cerrado do Amapá apresenta os Latossolos amarelo e Vermelho amarelo como os predominantes, detentores de baixa fertilidade e elevada acidez, o que lhes conferem a necessidade de um manejo adequado para torná-los economicamente produtivos. O relevo deste ecossistema pode ser considerado como plano apresentando em algumas áreas ondulações com presença de colinas e vales contribuindo para a formação de pequenos cursos d'água.
Na classificação de Köppen a região do cerrado do Amapá apresenta dois tipos climáticos. O Ami ? tropical chuvoso com período seco, correspondendo a 30% da região e o Awi ? tropical chuvoso com nítida estação seca, dominante no restante da área. A temperatura média anual é de 26°C, umidade relativa média anual de 85%. A precipitação total anual de 2.000 mm distribuído ao longo do ano em dois períodos: o chuvoso que se estende de janeiro a junho e o de estiagem que compreende os meses de agosto a novembro, sendo os meses de julho e dezembro considerados como de transição tanto para um período como para outro, respectivamente.
A distribuição espacial da vegetação da região do cerrado amapaense pode ser definida em três unidades distintas: cerradão, ocorrendo em algumas áreas do norte e do centro do Estado, cobrindo terrenos de relevo ondulado e vales abertos e rasos; campos cerrados, ocorrendo ao sul da região apresentando cobertura vegetal arbórea baixa e esparsa e finalmente a vegetação de parques ocupando a maior parte da faixa norte-sul da região, sendo que o relevo, geralmente, é suave ondulado com drenagem deficiente e vales estreitos, abertos e mais profundos. Nesta área, normalmente, há a ocorrência de formação de mata de galeria predominando as espécies como buriti, ucuuba, anani e açaí.
Fisionomicamente, o cerrado do Amapá tem um caráter próprio, marcado principalmente pelo espaçamento de seus indivíduos lenhosos, nunca inferior a 3 e 5 metros. O seu estrato herbáceo é denso e composto por plantas anuais e perenes, em geral cespitosas e rizomatosas. Ao longo de sua ampla distribuição, o cerrado amapaense manifesta diferenciações florísticas, ora relacionadas com a topografia do terreno ora relacionadas com as variações locais da natureza do solo e as veredas de buritis ao longo dos corredores hidromorfizados.
Em termos funcionais, o cerrado representa um clímax evolutivo, onde sua vegetação exterioriza uma dinâmica condicionada, tanto por fatores edafoclimáticos quanto por práticas antrópicas, dentre as quais as queimadas periódicas.
A facilidade de acesso ao cerrado do Amapá, as condições naturais e a situação geográfica privilegiadas são fatores extremamente favoráveis para o Estado se tornar um exportador em potencial de produtos agrícolas para a Europa, Caribe, América do Norte e Ásia. Podendo desta forma se transformar o cerrado, em um pólo produtor de grãos, hortaliças, essências florestal e pecuária.

Emanuel Cavalcante ? Pesquisador ? Embrapa Amapá
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Autor: Emanuel Silva Cavalcante


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