Qualidade De Vida Do Trabalhador Hospitalar (qvt/h)



Qualidade de Vida do Trabalhador Hospitalar (QVT/H)- Uma proposta para melhoria e aumento da produtividade dos colaboradores de clínicas e hospitais em Teresina - PI.

Quality of Vida of the Nosocomial Worker (QVT/H) - A proposal for improvement and increase of the productivity of the collaborators of clinics and hospitals in Teresina - PI.

Guilherme Ferreira da Cunha, Cunha, G.F.*

*Administrador. Formado pela Universidade Estadual do Maranhão, Especialista em Gestão Estratégica e Qualidade pela Faculdade Cândido Mendes do Rio de janeiro, Discente do Curso de Especialização em Administração Hospitalar pelo Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba – Cesvale. Atualmente exerce a função de Gerente Comercial da Brasil Crédito empresa do Grupo BrasilCred.

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RESUMO

A QVT é um programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na organização. Tem como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho. A expectativa pessoal dos profissionais é que, se as empresas esperam qualidade nos produtos e serviços por elas oferecidos, ações de QVT devem ser incorporadas definitivamente no cotidiano das empresas. Outra expectativa dos profissionais é de que as empresas, ao conceberem um programa de qualidade, percebam que o mesmo não será implantado com sucesso se não houver um efetivo envolvimento e participação dos funcionários atuando com satisfação e motivação para a realização de suas atividades. Isso é qualidade de vida no trabalho, que, conseqüentemente, resulta em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, embora sejam esferas diferentes e nelas se desempenhem papéis diferentes.

Palavras-Chaves: Qualidade, Vida, Produtividade, Colaborador, Produtos, Serviços.

ABSTRACT

The QVT is a program that aims to be careless and to satisfy the necessities of the worker while developing his activities in the organization. It takes the fact as a basic idea that the persons are more productive the more they will be satisfied and wrapped by the work itself. The personal expectation of the professionals is that, if the enterprises wait for quality in the products and services for them offered, actions of QVT must be incorporated definitely in the daily life of the enterprises. Another expectation of the professionals is of that the enterprises, after they conceived a quality program, realize that the same thing will not be introduced by success if there is no an effective involvement and participation of the officials contributing with satisfaction and motivation to the realization of his activities. This is a quality of life in the work, which, consequently, turns in bigger probability of is obtained quality of personal, social and familiar life, though they are different spheres and in them different papers are fulfilled.

Key words: Quality, Life, Productivity, Collaborator, Products, Services

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Introdução

Em si tratando da Qualidade Vida do trabalhador – QVT, a origem do termo é atribuída a Eric Trist e seus colaboradores. Eles desenvolveram estudos no Tavistock Intitute, em 1950 na Inglaterra, tendo em vista uma abordagem sócio-técnico em relação ao trabalho. Para eles QVT significava experiências de relação indivíduo – trabalho – organização, com base no julgamento e reestruturação da tarefa, com o objetivo de tornar a vida dos trabalhadores menos sacrificante e penosa.

Este assunto está relacionado a uma tendência mundial no que diz respeito à melhoria contínua da força funcional da empresa ou entidade de qualquer ramo ou segmento, em si tratando do âmbito Hospitalar nota-se que há necessidade ainda maior da racionalização da sensibilização desta idéia, pois fica evidente que o ser humano tem em suas necessidades o foco principal de satisfação, pois é isso que o QVT/H visa, atender as necessidade físicas, mentais e funcionais dos colaboradores para com isso proporcionar aumento da produtividade individual e coletiva para assim gerar crescimento na instituição de saúde.

Estamos observando, nos últimos anos, empresas nacionais passarem por uma revolução na produtividade. Segundo pesquisas apresentadas recentemente em revistas e jornais, o Brasil foi o segundo país em um ranking de aumento de produtividade. Essa revolução transformou a vida das pessoas nos grandes centros urbanos, estabelecendo um ritmo de vida considerado alucinante, com excesso de horas de trabalho e uma pressão excessiva para serem cada vez mais produtivas. O lado profissional passou, portanto, a ser a face predominante do ser humano, que se sentiu forçado a ser um super-profissional e, para tanto, não poupa esforços em jornadas de trabalho acima de 12 horas diárias.

O que vemos na verdade é tão somente o declínio da preocupação da satisfação fisiológica do trabalhador aliado ao processo produtivo, socialmente falando, paralelamente a este notável crescimento produtivo, surgem as doenças de âmbito ocupacionais, sendo elas físicas e mentais, ou seja, aquelas doenças ocasionadas pelo meio ou pelo processo produtivo pela qual direta ou indiretamente o colaborador está inserido.

Outro aspecto importante a ser frisado é a importância de correlacionar sua vida profissional com sua vida pessoal. Como conciliar a situação profissional ou funcional de longas jornadas diárias,com o papel de esposa ou esposo, pai ou mãe, e administrador (a) do lar? Como conciliar os papéis de provedor financeiro do lar com o papel de pai ou mãe, participando efetivamente da vida dos filhos? Esse painel chama nossa atenção para a necessidade de refletirmos sobre qualidade de vida e principalmente sobre Qualidade de Vida no Trabalho Hospitalar, referenciada como QVT/H.

Os Objetivos da QVT

Desenvolver a prática da Qualidade de Vida do Trabalhador, focando o bem estar do colaborador visando o aumento da produtividade organizacional da instituição. Estimulando e promovendo ações de sensibilização desta ferramenta de Gestão de Pessoas, aos gestores, colaboradores, diretores e todo a quem interessar nas instituições de saúde.

Focar a Qualidade de Vida do Trabalhador, visando assim satisfazer suas necessidades pessoais e coletivas, tanto no contexto profissional ou pessoal, mental ou físico, social ou técnico. Buscando o aumento da produtividade funcional e conseqüentemente crescimento empresarial, e;

Definir a empresa como preocupada com o bem estar dos seus colaboradores e consequentemente referência no contexto social.

Realidade e Perspectiva na QVT

O assunto, por ênfase, é uma das mais recentes preocupações dos governos em todas as facções que estão inseridas, exemplo disso é o projeto federal de humanização que o governo federal está empregando paralelo ao Sistema Único de Saúde, pois, vemos a necessidade da aliança do bem estar do trabalhador e sua ocupação funcional, já que há grande alta de absenteísmo nas organizações no geral, o que proporciona a diminuição das suas produtividades. Um programa bem elaborado e bem implantado de QVT, previne casos como estes, pois 92% deste absenteísmo está relacionada á fatores ocupacionais, ou seja, doenças ocupacionais que são tratados dentro QVT, tais como: LER, DORT, enxaquecas constantes, problemas ortopédicos, etc.

Com a prática da Saúde Ocupacional, Massoterias, entre outros, tais fatores podem ser evitados, mas sempre levando em consideração a prevenção como ato indispensável para o sucesso do programa.

Obstáculo e o Cenário Positivo

Limitando-se à Teresina/PI, deve-se preocupar-se com o bem estar e desenvolvimento individual e coletivos dos colaboradores que fazem parte do corpo de trabalho das instituições de saúde nesta cidade.

Hoje Teresina/PI conta com mais de 400 instituições de saúde que geram mais de 11.000 (onze mil) empregos diretos e indiretos, com base nestes dados fica evidente que somente com a qualificação profissional e satisfação funcional estas instituições poderão garantir diferencial competitivo e qualidade nos serviços ofertados.

Algumas empresas de saúde locais tiveram a oportunidade de fazer parte de pesquisas anteriormente elaboradas e ficou clara a necessidade das instituições realizarem esta prática como metodologia cotidiana da rotina de trabalho. Na verdade os empresários das empresas de saúde devem ser preferencialmente e prioritariamente sensibilizados, pois nota-se certa resistência por parte destes empresários ou gestores em desenvolver tal prevenção no âmbito funcional. Este sim torna-se o maior dos problemas para implantação de qualquer programa em QVT, já que alguns investimentos tecnológicos e instrumentais são priorizados e não o corpo funcional, que é a linha de frente de qualquer empresa.

A ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida) mostra o quanto as empresas ou instituições que aderiram a este programa desenvolveram melhor seus trabalhos, aumentaram seu faturamento, disponibilizaram maiores investimentos, fidelizaram de forma mais concreta seus colaboradores e clientes, etc. A proposta serve para concretizar esta prática como rotina constante, elaborando planos de sensibilização desta prática, realizando palestras de divulgação, realizando avaliação das necessidades, etc.

QVT, Sociedade e Indivíduo

O trabalho tem grande importância social e psicológica para o cidadão em sociedade. É no trabalho que grande parte da vida é passada e, para a maioria dos indivíduos, trabalhar não é uma opção, mas sim uma necessidade. No contexto em que vivemos, o trabalho passa a ser fundamental, à medida que se configura como forma de garantia de subsistência no contexto de mercado (ANTUNES, 1995). Mesmo que alguns autores questionem a importância do trabalho na sociedade atual, ainda vivemos em uma sociedade que depende do trabalho para a construção de bens (ANTUNES,1995).

HANDY (1976) acredita que a vida profissional está associada à vida humana como um todo. O trabalho surge como uma forma de identidade, de construção do ser social. SAYLES & STRAUSS (1977) consideram o trabalho como sendo uma das coisas mais importantes na vida do indivíduo. Salienta-se que a visão desses autores aborda tanto o lado de consecução dos recursos materiais, através da remuneração do trabalho, quanto o lado de realização individual e social.

Os estudos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é, levando-se em conta essas considerações, uma forma de se compreender o processo do trabalho e seus impactos na vida do empregado, tanto no lado profissional - quer seja pela produtividade, absenteísmo, turnover - quanto no lado pessoal - doenças, insatisfação, conflitos internos dentre outros.

Conclusão

Na tentativa de estabelecer uma integração entre os conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e Qualidade de Vida (QV), entendemos que o indivíduo tem que ser considerado sob um ponto de vista holístico, pois assim, acreditamos que um baixo nível de QVT, na maioria das vezes, significa baixa qualidade de vida geral.

É importante ressaltar que a QVT não pode ser confundida com a distribuição de benefícios. As organizações que proporcionam, aos seus colaboradores, facilidades tais como horários flexíveis, assistência médica e educacional, além de atividades culturais e de lazer, extensivas as suas famílias, e realizam atividades que envolvem e beneficiam a comunidade em que vivem, indicam uma maior sensibilidade em relação a eles. No entanto, isto não é o bastante. É preciso mais. Muito mais.

Consideramos imprescindível que a QVT não seja planejada e implementada a partir de uma visão fragmentada e míope, levando em consideração apenas o ambiente interno da organização, com ênfase na tarefa desempenhada pelo indivíduo e nas condições físicas do trabalho, mas que leve em conta, sobretudo, o ambiente externo, ou seja, o contexto familiar, social, político e econômico em que o indivíduo, como ser total, está inserido, influenciando e sendo influenciado. Faz-se necessário, então, diminuir a distância entre o discurso e a prática, para que a QVT não seja apenas mais um modismo, mas que faça parte de um plano organizacional estratégico e não venha a desaparecer diante da primeira dificuldade a ser enfrentada. Um real investimento na QVT tornará o trabalho mais humanizado, favorecendo, além de um clima saudável de trabalho, a diminuição de acidentes, de afastamentos por problemas de saúde e de reclamações trabalhistas.

A partir de ações preventivas e educativas em relação, principalmente, à saúde física e mental dos seus colaboradores, é que as organizações (clínicas e hospitais) abrirão espaço para o surgimento de sentimentos de participação e integração, o que, certamente, se refletirá em aumento de produtividade e bem-estar generalizado. Além disso, percebemos a necessidade de ações que promovam o efetivo envolvimento desses trabalhadores na elaboração e implementação desses programas de QVT, bem como de uma preparação dos mesmos, e de seus superiores, para lidar com esse indicador de verdadeira democracia nos processos de trabalho.

Desta forma, as organizações estarão encarando-os não apenas como mais um recurso, mas oferecendo condições para que se tornem seres humanos de qualidade total e que possam, assim, alcançar a QV que desejam e merecem. Acreditamos, então, que a partir dessas considerações, possamos nos aproximar de um conceito mais adequado para o termo QVT e que as organizações possam, finalmente, de forma consistente, falar em Qualidade Total.

Referências Bibliográficas

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) 2003, NBR 6.022: Normas Usadas na Elaboração de um Artigo Científico. ABNT, Rio de Janeiro.

MINAYO,M. S. C.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P.M. - Qualidade de vida e saúde: um debate necessário.Ciência & Saúde Coletiva - n. 05, vol. 01, 2000.

BUSS, M. P. - Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva - n. 05, vol. 01, 2000.

LACAZ, F. A. C. - Qualidade de vida no trabalho e saúde / doença. Ciência & Saúde Coletiva - n. 05, vol. 01, 2000.

COCCO, M. I. M. - Promoção à saúde no trabalho. Projeto de Pesquisa. Campinas, 2001.

CHIAVENATO, I. - Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999.


Autor: Guilherme Ferreira da Cunha


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