Distribuição Espacial de Morcegos (Mammalia:Chiroptera) no Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, Goiás



Distribuição Espacial de Morcegos (Mammalia:Chiroptera) no Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, Goiás

A ordem Quiróptera provém do grego cheir (mão) e pteron (asa), tendo as mãos modificadas em asas, é a segunda em número de espécies da Classe Mammalia, superada apenas pela ordem Rodentia apresentando a maior distribuição geográfica, sendo os morcegos os únicos mamíferos com capacidade real de vôo (Nowak 1994).
Esta ordem é subdividida em duas subordens, Megachiroptera e Microchiroptera. A primeira compreende uma única família, Pteropodidae, encontra-se distribuída no Velho Mundo, ou seja, na região tropical da África, Índia, Sudeste da Ásia e Austrália (Fenton 1992), possuindo 42 gêneros e 185 espécies (Peracchi et al. 2006). A segunda subordem é representada por 17 famílias e 930 espécies em todo o mundo (Simmons 2005)
No Brasil encontra-se somente a subordem Microchiroptera com nove famílias (Phyllostomidae, 90 espécies; Molossidae, 26; Vespertilionidae, 24; Emballonuridae, 15; Thyropteridae e Mormoopidae, cada com 4 espécies; Noctilionidae, 2; Furipteridae e Natalidae, 1 espécie cada; Peracchi 2006, Reis et al. 2007).
Segundo Hill & Smith (1992) a importância ecológica dos morcegos está relacionada diretamente com o hábito alimentar, pois possuem a maior versatilidade de hábitos alimentares dentre os mamíferos (Kunz 1988, Ferrarezzi & Gimenez 1996, Bordignon 2006). Os morcegos insetívoros atuam como controladores de populações de insetos, podendo consumir quantidades que chegam a corresponder a uma vez e meia o seu peso (Yaden & Morris 1975, Reis et al. 2002); os fitófagos que são nectarívoros e frugívoros contribuem com a polinização de pelo menos 500 espécies de plantas neotropicais (Vogel 1969), a dispersão e o estabelecimento de espécies de plantas pioneiras favorecendo a regeneração de áreas degradadas (Pijl 1972, Almeida et al. 2006). As espécies carnívoras alimentam-se de pequenos roedores, rãs, camundongos aves e outros morcegos (Bredt et al. 1996). Os morcegos hematófagos compreendem três espécies (Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata) alimentam-se basicamente de sangue de vertebrados endotérmicos, estando relacionados com a transmissão de doenças como a raiva e a histoplasmose nos ecossistemas naturais, porém auxiliam no controle das populações de vertebrados herbívoros evitando a destruição da vegetação (Bredt et al. 1996). Os piscívoros consomem uma grande variedade de peixes e crustáceos (Novick & Dale 1971, Brooke 1994, Bordignon & França 2002).
Quanto ao seu comportamento, algumas espécies são solitárias e outras com aspecto social fechado, com um macho adulto, várias fêmeas e seus filhotes (como um harém) ou uma fêmea e seus filhotes. Quando formam colônias, ocupam cavernas, copas de árvores e arbustos, interior de troncos ocos, forro de casas, galpões, fendas em grandes rochas e todo tipo de ambiente semelhante, como tubulações e passagens sob rodovias. A sua área de vivência pode variar muito com os locais de forrageio e abrigos sendo uma característica espécie-específica (Fenton 1992, Hill & Smith 1992).
Estudo realizado no Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, Goiás, entre abril de 2007 e fevereiro de 2008, em 15 pontos amostrais, os quais estão localizados em áreas conservadas e antropizadas, foram catalogados 452 espécimes, distribuídos em uma ordem, duas famílias, quatro subfamílias, e 10 espécies. A espécie que apresentou maior abundância foi a Carollia perspicillata com 338 indivíduos, seguido da Sturnira lilium com 35 e Glossophaga soricina 30.
Das 10 espécies de morcegos catalogadas no Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco todas são de distribuição para Cerrado, a espécie Carollia perspicillata apresentou uma maior abundância ocorrendo em todos os pontos, atuando como importante dispersor de sementes. Também foi registrada a ocorrência do morcego-vampiro (Desmodus rotundus), em três pontos da BR-153 dentro do Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, que gera uma preocupação com a construção do futuro reservatório de água da Barragem do Ribeirão João Leite, ou seja, com o enchimento do reservatório o habitat será comprometido, podendo assim esta e outras espécie de morcegos refugiarem-se em ambientes urbanos.
Assim, a preservação dos fragmentos vegetacionais remanescentes nas áreas de estudo do Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco, Goiás, são determinantes na disponibilidade de refúgios e áreas de forrageamento e reprodução para a quiropterofauna, bem como para toda a fauna silvestre nessa região.
Bio.Tatiane Carmo Bristot- Acadêmica do curso de Mestrado em Ecologia e Produção Sustentável/ PUC-GO. Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Contato: [email protected]

Autor: Tatiane Carmo Bristot


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