AS DIFERENÇAS REALÇAM NOSSA IGUALDADE



AS DIFERENÇAS
REALÇAM NOSSA IGUALDADE

Edevânio Francisconi Arceno
Prof. Gerson Machado
Curso de Pós-Graduação em História Cultural ? FACEL
História e Diferença.
22/06/2010


"Dizem que sou louco por pensar assim Se eu sou muito louco por eu ser feliz. Mas louco é quem me diz. E não é feliz, não é feliz", é desta forma que inicia a música "Balada Do Louco", uma Composição de Arnaldo Baptista e Rita Lee, maravilhosamente interpretada por Ney Matorosso, que intrinsecamente indaga quem é o diferente, você ou eu? Afinal, o que é Diferença?

Podemos responder filosoficamente dizendo que a Diferença é o inominável, restando-nos apenas saber que ela existe, ou seja, Diferença é um conceito em construção. Também podemos ser práticos e dizer que a Diferença é tudo aquilo que não é igual, porém a igualdade é subjetiva, pois nem sempre o igual é igual, e o diferente é totalmente diferente.

Mas, o que nós torna iguais ou diferentes? Seria a Cultura? Muitos dirão que a Cultura é uma criação da linguagem, um conceito acadêmico, construído para operacionalizar realidades diferentes e que ela realmente não existe. Porém temos que reconhecer sua importância, pois é ela que define o nosso pertencimento na grande teia, a qual todo Homem é amarrado como um animal, segundo Weber.

Aparentemente, em virtude da globalização, acreditamos pertencer a um grupo cada vez maior e diversificado, mas na verdade nossas relacionalidades estão cada vez mais abrangentes e não nosso pertencimento. Nosso pertencimento ainda nos é imposto, não escolhemos, em virtude da influência subjetiva colocada em nosso ser, quando nem tínhamos consciência de sua existência, bem como as investidas sócio-culturais do nosso contexto. Elas reduzem nosso pertencimento, e quando almejamos ampliá-lo, muitas vezes temos que fazer rupturas com alguns grupos já existentes e isto gera conflitos na nossa identidade.

É verdade que hoje temos muitas possibilidades de ser, existir ou estar sujeito, e isto apenas ratifica que todos somos, "Vir a Ser", ninguém "É", apenas "Estamos Sendo". Por causa disto, nos identificamos com outros "Estamos Sendo", devido a necessidade de pertencer à um determinado grupo, pois desde que nascemos, somos conduzidos a buscar esta igualdade e afastar-se das diferenças e principalmente dos diferentes.

Quando observamos pessoas que não conseguem romper este circulo, repleto de preconceitos, verificamos um ser condenado ao raquitismo social, que jamais irá se desenvolver, os tais, sempre estarão limitados, pois sempre estarão procurando seus iguais, e por causa disto perderão a grande oportunidade de dialogarem com as Diferenças e descobrir que elas fazem o que somos ficar um pouco melhor.

Neste contexto a relação da História com a Diferença, ganha mais relevância, pois segundo Alfredo Boulos Júnior, a História estuda exatamente as mudanças e permanências, ou seja, registra as diferenças e as igualdades da vivência humana no tempo. Por isso os primeiros Historiadores enaltecem os Mitos como arquétipos , como se objetivassem organizar a Sociedade, pois sabemos que a narrativa histórica tem este poder, um poder de verdade, porém somos conscientes que ela relata um conhecimento ou um fato repleto de impressões pessoais.

A História cientifica, é uma utopia, no entanto, esta é nossa sina, tudo nos parece verdade, mas não é, trabalhamos sempre com esta impressão e a nossa cruel função é muitas vezes acabar com este encanto, "Maldito Mister M", fazer o que! Estamos fadados a demonstrar como as narrativas são construídas ou se preferir como o truque é realizado.

Seria impossível executar nosso papel se ignorássemos as Diferenças, pois são elas que apontam a elucidação dos mistérios mais escondidos. Um Historiador que ignora a Diferença, não prospera, fica eternamente "nanico", um pedante, nunca desvendará nada, apenas continuará se vislumbrando com a mágica ilusória da ignorância.

Somos concebidos e nascemos da mesma forma, "todos iguais", contudo depois de nascer, começamos a nos relacionar com outras pessoas, então imediatamente nos tornamos diferentes, e daí em diante, cada vez mais nos afastam das diferenças. Quanto à questão, de qual percebemos primeiro, se é a igualdade ou a diferença, não sabemos responder, pois procuramos sempre a igualdade, no entanto, só nos aproximamos dela quando encontramos a Diferença. Diante disso, contemplar e compreender as Diferenças sempre nos fará seres humanos melhores, da mesma forma, que discutir esta relação, sem preconceito e reconhecendo seu valor, nos tornarão verdadeiros Historiadores.

REFERÊNCIAS

JUNIOR, Alfredo Boulos. História Sociedade e Cidadania. 6º Ano. São Paulo. Ftd, 2009, p.13.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e diferença: impertinências. Educação & Sociedade. Ano XXIII, no 79, Agosto/2002.



Autor: Edevânio Francisconi Arceno


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