De vez em nunca...



Eu cá fico a pensar o que seria isso de "de vez em nunca...", deve ser uma forma carinhosa espinhenta* de dizer que alguém manda poucas mensagens, mas convenhamos são poucas mas são boas. Porque as muitas tem o triste espírito de serem vazias e nós não estamos aqui para encher o mundo de nada.

Fiquei um tempão olhando sua mensagem ? assim feito menino no dia de Natal após receber sua bicicleta novinha em folha, não pelo objeto em si, mas pela carga de emoção que o momento representa. É a confirmação daquilo que defendo ? as boas ações se multiplicam e constroem um mundo melhor. Não necessariamente o mundo utópico do materialismo, mas com certeza cria-se o ambiente propício para uma vida mais humana e que sempre vale a pena porque nela está a esperança de que nossos filhos herdarão um lugar onde ainda vicejam flores. As flores do entendimento e da harmonia.

Recentemente aprendi uma frase bem bonita e não me furto em repassá-la: "O mundo que vamos deixar para os nossos filhos ? são os filhos que vamos deixar para o mundo" - ouvida em palestra de Mario Sérgio Cortela ? citando alguém que não sei quem é. Mas é linda assim mesmo.

Vou lhe contar uma história, mas antes vou lhe contar o porque dessa história.

Quando nascemos ? não sabemos falar ? não sabemos andar, nem ao menos reclamamos do Lula ou de qualquer outro presidente empossado. Não somos nada mais do que uma verdadeira ameba entretanto temos um a história ? a história de nossos pais, nossos avós, de nossos tios e tias. Temos a história de nossos parentes todos e mais ainda temos a história da sociedade de nosso país que nos dá uma identidade.

Portanto, antes de nascer, já temos um significado muito importante e para continuarmos a merecer essa importância toda é fundamental que aceitemos a incumbência de agirmos de acordo e mereçamos a identidade que nos foi legada com carinho e amor.

É necessário que mereçamos a identidade que carregamos ? e esse merecimento ? é traduzido por nossas ações de construir pessoas, como um dia fomos nós próprios construídos.

A história...

Estava o jovem contador ? casado a uns sete anos ? já com duas filhas, uma recém nascida e outra com três anos. Recém formado em Contabilidade e com uma vontade danada de crescer ? crescer no caso ? se estabelecer como cidadão e adquirir uma posição que permitisse sua pequena família ter algum conforto ? isso lá pelos idos de 1973.

Nessas condições foi ofertado uma posição na mesma empresa de navegação em que trabalhava ? como contador ? em Manaus, com um acréscimo de salario mais residência, uma oferta e tanto. Contra uma perda de convivência com os familiares da esposa e a sua própria família. Curiosidade final ? ao terminar de ser ofertada a oportunidade ? a decisão de aceite foi instantânea e definitiva. Mudou a minha vida e para melhor.

Lá recebendo um fiscal de Imposto de Renda ? com trabalho direto e pessoal ? ficamos quase amigos ? na medida em que isso possa ser possível ? e o meu comportamento sempre foi muito cerimonioso e com um tratamento distante e trêmulo, diria assim meio "tati-bitati", até que um dia, recebi um comentário direto e franco, ao fim dos trabalhos do dia. Disse ele:

- Meu caro, o seu conhecimento de I. R. não é menor do que os dos outros, seu conhecimento de Contabilidade não é menor do que os dos outros. Você não é menor do que ninguém. Aliais é, nessa profissão, até um dos que reúne conhecimentos bastante elevados para a posição que desempenha. Então para com esse "medo" de tomar posições e diga sem medo o que está pensando.

Claro está que esta citação é reproduzida de memória e que fazem, pelo menos trinta e cinco anos, então temos de dar um bom desconto, para as palavras, mas a ideia está inteira, porque foi a ideia que modificou a minha vida, daí então. Pronto fui construído.

Então como vê ? o mundo é um circulo ? e nele ? nada que vivemos é novo e tudo se repete ? que bom que tenho certeza que essa sanha prosseguirá e que também você contribuirá com a história.

A história para alguns constitui um ser vivo que é alimentado pelas ações das pessoas, mas ela - a história - vive uma vida dependente de boas ou más condutas ? nós temos a escolha de como vamos alimentá-la e se realmente somos racionais como acreditamos, porque não alimentar de bons princípios, porque vamos fazer crescer assim, uma identidade muito boa para os futuros, não acha?

Você tem sua história e tenho certeza é uma pessoa especial, para todos que fazem parte dela ? como agora tenho eu a honra de acreditar fazer, também.

Fiquei feliz com sua mensagem de carinho.

aaalbuquerque Rio, 17 dez 2009.

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(*) "Alguns dizem que as rosas tem espinhos, outros dizem que os espinhos tem rosas"
Autor: Apolinario Albuquerque


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