Pérolas



Eu imagino que esteja comprando tantas pérolas (eu, que nunca dei importância a elas), para presentear quem eu amo, para que entendam seu real significado, que para mim, hoje está tão claro... Pérolas são as lágrimas não derramadas, que se petrificaram, que ficaram arraigadas internamente e machucaram muito.Melhor que elas saiam e não deixem nossas dores mais doídas.
Eu, que estou me permitindo chorar como nunca chorei durante todos esses anos por mim vividos, sinto estar abrindo a concha de minha vida, deixando que estes pequenos tumores/temores, saiam em profusão de cores, tão lindas, verde, rosa, negra, perolada, tão agora por mim compreendidas e entendidas, sendo agora derramadas por este ser tão carente/dependente do calor humano, de ternura, de paz, de aconchego, de afetos de alguém que nos quer e não queremos e de alguém que queremos e não nos quer.
Elas são as lágrimas não derramadas, que se já o tivessem sido, teriam tornado meu pranto menos doído, minhas dores menos sufocantes, minhas alegrias mais marcantes, meus amores mais importantes. Mostrariam também, por isso as contive, um coração transbordante de amor que às vezes se torna pequeno... Quer tanta coisa e não pede. Nem a mim... Ele que em mim habita, me faz morta ou viva, que marca o tempo que passa, cada minuto vivido, cada pôr-do-sol assistido, cada gota de orvalho na relva, cada suspiro retido, cada abraço desejado e não recebido, cada mão afagada que se afastou, cada beijo trocado, cada abraço apertado, cada lembrança que em mim ficou, alegre/triste, mas que ficou...
Eu, que já dei tantas pérolas aos porcos, agora as dou a mim, que as uso para enfeitar-me e enfeitar quem gosto.
Deixei que a simbologia do ostracismo fosse embora e assumi que sofro, que sou alegre, que sou triste, que tenho vida em mim, que sonho, que amo, que quero, que desejo e que almejo viver até que a chama de amor em mim se apague.
Lágrimas não derramadas corroem, destroem... Tão diferentes, tão quentes, tão doídas... É preciso que elas saiam, para que possamos deixar nossa alma menos triste, menos amarga e para que recuperemos a alegria de viver, a esperança de um novo dia, a tão sonhada felicidade e que se possível for, que nos cegue os olhos da alma, para que nunca vejamos, o olhar que queremos só nosso, andar à procura de outro olhar que deseje, para que nunca possamos vê-lo a outra pessoa direcionar-se.
Amém.

Heloisa
Autor: Heloisa Pereira De Paula Dos Reis


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