Construir e Interpretar gráficos estatísticos



Artigo de opinião -29/06/2010

Os alunos da educação básica constroem ou lêem corretamente gráficos?
A resposta nos leva a questionar os resultados das avaliações externas aplicadas as escolas públicas quando o assunto abordado é a interpretação de gráficos.
Será que o ato de construir e interpretar gráficos são tão simples? É importante?
Nossa experiência em sala de aula tem mostrado que, supostamente, são poucos os professores que dão um tratamento especial a esse assunto que aborda o estudo de gráficos e tabelas, não por ignorá-lo, mas para suprir uma oculta defasagem na adição, subtração, multiplicação e divisão. Perde-se muito tempo para rever essas operações que não são bem dominadas pelos alunos egressos das séries iniciais do ensino fundamental, nas séries finais dessa etapa de ensino.
Não é culpa do educador! Será que a progressão continuada não foi bem trabalhada?
Principalmente a partir do 6° ano do Ensino Fundamental o conteúdo poder-se-ia receber uma melhor atenção e ser explorado durante as séries seguintes. Fato supostamente não verdadeiro.
A explicação, talvez seja simples ou complicada, os professores se amparam provavelmente com os resultados do Sistema Nacional de Avaliação de Educação Básica (SAEB) que aponta defasagem dos alunos ao término das séries iniciais do ensino fundamental em relação às operações básicas, corroborando, talvez em parte, com a supressão deste assunto e comprometendo o prosseguimento nas etapas seguintes da educação básica, que irá desestruturar toda uma seqüência didática dos conteúdos, não somente na matemática, da história, das ciências entre outras disciplinas.
É possível entender a distribuição de terras em geografia sem saber ler um gráfico apresentado para explorar o assunto?
Ou, será possível verificar a produção industrial de uma determinada região do país, apresentados em tabelas e gráficos?
Isso nos faz refletir até que ponto pode ser prejudicial deixar de inserir um conteúdo no planejamento no inicio do ano. Um tema tão abordado em todas as áreas do conhecimento, desde uma simples preferência de uma turma por determinada modalidade de esporte até a uma pesquisa de campo as intenções de voto, os gráficos ocupam algumas as primeiras páginas de revistas e jornais.
É comum durante um programa esportivo um repórter divulgou as probabilidades de um determinado time de futebol ser campeão regional na disputa do turno e returno por pontos corridos. Dados são apresentados em porcentagem, posteriormente uma comparação é feita através de gráficos, indicando o clube com maior chance.
Diariamente jornais circulam pelas cidades, há um caderno específico para assuntos econômicos tais como: inflação, balança comercial, o sobe e desce do dólar, dados são agrupados em tabelas. Ao folhear o jornal, mesmo não fazendo uma leitura apurada do assunto, se o leitor ficar atento às tabelas e gráficos, poderá fazer comparações, tirar conclusões se relacionar dados com o título ou tema do assunto podendo ficar a par dos fatos.
Todavia, para que esta linguagem matemática seja dominada é necessário que haja a proposição de situações cotidianas por parte dos professores para que os alunos possam interpretar a esse tipo de informação que constantemente estão presentes em suas vidas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para o Ensino Fundamental (PCN) destacam a importância no tratamento da informação em relação às tabelas e gráficos.
Com relação à Estatística, a finalidade é fazer com que o aluno venha a construir procedimento para coletar, organizar, comunicar dados, utilizando dados, utilizando tabelas, gráficos e representação que aparecem freqüentemente em seu dia-a-dia. Além disso, calcular algumas medidas estatísticas como media mediana e moda com o objetivo de fornecer novos elementos para interpretar dados estatísticos. (PCN, 2001, p.52).
O documento acima aponta a importância da apropriação dos conhecimentos, competências e habilidades em construir e ler tabelas e gráficos na educação dos alunos, pois atualmente é um assunto que diariamente é explorado nos meios de comunicação que atinge as mais diversas camadas sociais.
O fato não pode ser tratado com desdém. Devemos salientar que é de fundamental importância, quando se estuda dado estatístico, alertar os estudantes sobre os tipos de tabelas para que fiquem bem delineadas as diferenciações para a conversão gráfica.
Por outro lado, quando há conversão de dados tabulados em gráficos é prudente com certa freqüência orientar os alunos que são variáveis que se relacionam, indicando comparações que podem ser obtidas.
No entanto, na construção de um gráfico é necessário que se faça uma análise detalhada dos dados para optar por aquele que seja conveniente a situação proposta.
Alguns tipos de gráficos são muito utilizados, como os de barras, os de colunas, os de linha e os de setores.
Propiciar condições para que os estudantes possam construí-los e interpretá-los e utilizá-los como parte da alfabetização matemática em situações reais cotidianas é um desafio dos educadores desse novo milênio pautado por uma educação de qualidade.
Será prudente mediar o conhecimento da estatística somente no ensino médio?
Ou, devemos fingir de cegos e contribuir para um analfabetismo funcional?







Autor: Marcelo De Jesus Garcia


Artigos Relacionados


O Ensino Da Geometria Em Escolas Estaduais E Municipais .

Horta Didática: Abordagens Sobre A Utilização Desta Ferramenta Para Auxiliar No Ensino De Ciências

A Metodologia No Ensino Da Matemática

Gráfico De Barras E Linhas, Quando Utilizá-los?

ResoluÇÃo De Problemas De MatemÁtica ? Preparação Para O Exame Nacional Do Ensino Médio 2010.

O Cálculo Da Inflação Na Educação Matemática

Construção Do Conhecimento Em Matemática