IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DO TURISMO NAS COMUNIDADES RECEPTORAS



UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE PASSOS
FACULDADE DE ENGENHARIA

IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DO TURISMO NAS COMUNIDADES RECEPTORAS

RENAN DIEGO QUEIROZ

PASSOS-MG
2010
RENAN DIEGO QUEIROZ

IMPACTOS SOCIOECONOMICOS DO TURISMO NAS COMUNIDADES RECEPTORAS

Artigo Científico apresentado à Faculdade de Engenharia de Passos, como parte dos Requisitos para obtenção do título de graduação em Engenharia Ambiental, sob a orientação da professora Silvia Maria Oliveira Soares Maia.

PASSOS-MG
2010

IMPACTOS SOCIOECONOMICOS DO TURISMO NAS COMUNIDADES RECEPTORAS

SOCIOECONOMIC IMPACTS OF TOURISM ON COMMUNITIES RECEIVERS

Resumo
O turismo em se tratando de uma atividade, destaca-se não só por sua posição na atual conjuntura econômica mundial, mas por sua capacidade de mobilizar altíssimos fluxos de troca de valores socioeconômicos entre as regiões de emissão e recepção de turistas. Diversos autores o definem como um conjunto de fenômenos e relações provenientes do deslocamento humano, e tem como peculiaridade o regresso ao local de origem após pelo menos um pernoite. O evento desencadeia uma série de efeitos sociais e econômicos, que de certa maneira pluralizam a cultura, estes efeitos por sua vez denominam-se como impactos do turismo, podem ser de natureza positiva ou negativa e ainda apresentar diferentes níveis e intensidade. O presente trabalho tem como objetivo analisar a complexa teia de fenômenos e relações provenientes do deslocamento humano e conseqüências sociais e econômicas, diante de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, minimizando assim os impactos causados pelo mesmo. O estudo envolveu as etapas de conceituação de economia e turismo diante da sociedade e seus possíveis impactos, levantamento, reconhecimento, identificação e classificação dos mesmos, para tal realizou se uma analise qualitativa dos mesmos, e pesquisa bibliográfica. Em conseqüência, pode-se concluir que para que a atividade turística contribua positivamente para a elevação e estabilidade de emprego da renda, da receita municipal e principalmente para a melhoria das condições de vida das comunidades receptoras é fundamental a integração e o planejamento por parte dos setores, publico e privado e da população local em prol de um desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: turismo; economia; sociedade; impacto; planejamento.

Abstract
The tourism in the case of activity, it stands out not only for its position in the present juncture worldwide economic, but for its capacity to mobilize very high flux of, change socio-economic values between the regions?s issue and reception of tourists. Several authors define it as complex of phenomenon and relationships from the human displacement, and has the quirk as a return at the origin place after at least an overnight, that somehow pluralize the culture, these effects in turn are terms "tourism?s impact" they can be positive or negative origin and still produce differents levels and intensity. This present work has as a objective to analyze the complex wef of phenomenon and relationships from the human displacement and its socio-economic consequences, in the presence sustainable development perspective, such minimizing the impacts caused by it. The study involved the stages of conceptualization in the economy and tourism in the presence of society and their possibles impacts, survey, reconnaissance, identification and classification of the same, to such realized a qualitative analyses, and bibliography research. As a consequence, can conclude that to the tourist activity contributes positively to the elevation and estability of employment lace, municipal finances and mainly to the improvement the communities?s living conditions thar are receptives, in fundamental the integration and the planning piecemeal in the sectors, public and private and population?s local towards sustainable development.
Keywords: tourism, economy, society, impact, planning.

1 INTRODUÇÃO

Em sua grande maioria, os estudos científicos, envolvendo o turismo, provêm das ciências econômicas, que analisam o crescimento e a movimentação de capitais a partir da indústria do turismo, ou seja, dos negócios turísticos, sendo esta apenas uma das partes a serem analisadas, tendo em vista que o mesmo configura também um evento social.
A Organização Mundial do Turismo (2009) conceitua turismo como um fenômeno de deslocamento espacial que dura ao menos um pernoite, podendo este deslocamento ser motivado por diversas razões, fragmentando assim o fenômeno.
Para Nusdeo (2000) a economia consiste em uma ciência social que estuda as leis de produção logística e consumo de bens e serviços, resultante da relação entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e aos recursos disponíveis.
Diante desta perspectiva o turismo assume o aspecto de uma necessidade humana a se satisfazer a um determinado preço, estabelecendo assim uma relação entre turismo e economia, além da eventual oscilação econômica, resultante da atividade.
Sendo o contexto econômico fator determinante nas leis de mercado, que podem alterar as relações das comunidades receptoras, tendendo o fenômeno turístico a uma natureza impactante.
Para Pellegrine (2000) todo efeito de alteração no meio ou em algum de seus componentes consiste em um impacto e necessita ser tratado como tal.
E assim como a Lage et. al (2000) o presente artigo faz referencia aos impactos do turismo, classificando-os em econômicos ou sociais, identificando os aspectos positivos e negativos associados ao desenvolvimento do turismo nas comunidades receptoras, problemática face ao crescimento da atividade, que segundo a Organização Mundial do Turismo (2009) cresce 4,2 % ao ano desde 2000, e mobiliza uma renda de aproximadamente US$ 5 trilhões, à pressão exercida sobre os recursos sociais e econômicos, bem como a importância crescente como fonte de divisas, para a economia da comunidade receptora. A complexidade da relação entre os residentes e os turistas num contexto de inter-relação entre os indivíduos em uma sociedade com
extensão às éticas de receptividade e pela gestão de conflitos decorre das diferentes co-existências sociais e econômicas, revela a pertinência a uma analise social e econômica dos impactos resultantes da atividade.
Este artigo encontra-se estruturado em uma introdução apresentada anteriormente que induz o leitor ao tema do artigo e justifica a pertinência da inclusão do levantamento de impactos sociais e econômicos, em seguida conceitua economia e turismo, identifica, classifica e apresenta impactos do turismo descrevendo-os de acordo com a perspectiva dos diferentes autores analisados na presente pesquisa e posteriormente apresenta uma conclusão destacando os aspectos centrais do estudo, à necessidade de se considerar os impactos sociais e econômicos num processo de planejamento sustentado do turismo nas comunidades receptoras onde os reflexos da atividade incidem positivamente ou negativamente sobre a população receptora, tidos como protagonistas principais do turismo local, sem os quais o turismo não se desenvolveria, sendo de vital importância a integração do setor público e privado, bem como a participação das residentes locais em prol do desenvolvimento do turismo de forma sustentável.

2 METODOLOGIA

Utilizou-se pesquisa bibliográfica em livros, meios eletrônicos e periódicos, para a definição, consequências e caracterização da dinâmica dos termos em questão, gerando conhecimentos novos e úteis para o avanço da atividade turística, sem uma aplicação prática prevista, envolveu verdades e interesses universais, com o campo de abordagem da problemática sob uma perspectiva qualitativa, facilitando o entendimento da dinâmica e a proporção do fenômeno, tomando um aspecto descritivo, esta pesquisa exploratória familiarizou a problemática deixando-a explicita, e também fez uso do método fenomenológico, preocupou-se com a descrição do contexto diante de uma realidade construída socialmente sobre os diversos pontos de vista.



3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A complexa teia das relações sociais e a multiplicidade dos fatores condicionantes da atividade econômica dificultam de certa forma, a formulação de uma definição abrangente para economia.
Para Nusdeo (2000) economia consiste em uma ciência social que estuda as leis de produção, a distribuição e consumo de bens e serviços, bem como as formas de comportamento humano, resultantes da relação entre as ilimitadas necessidades a satisfazer, e os recursos que, embora rigorosamente limitados e escassos, se prestam a usos alternativos.

Sendo fortemente influenciada, tanto em sua construção como ramo do conhecimento, como na realidade, por diferentes concepções político-ideológicas (HUNT, 1978).
Conseqüentemente, cada pensamento econômico (Antigo, Clássico, Marxiano, Keynesiano ou Contemporâneo) enxerga a realidade sob ângulos diferenciados, a partir dos quais elabora suas concepções, estabelece seus conceitos e forma seus modelos, que ao longo do tempo com as alterações político-ideológicas vão novamente se modificar e reordenar com maior complexidade, e assim sucessivamente.
As áreas da economia podem ser classificadas de várias formas, no entanto uma economia é geralmente analisada através da microeconomia ou da macroeconomia, segundo Nusdeo (2000).

A microeconomia é um mecanismo de analise comportamental de agentes econômicos (individuo e firma), consumidor e produtor, oferta e procura, custo e beneficio e o equilíbrio de mercado. Por outro lado à macroeconomia ou cross-sectian aplica-se ao estudo das relações entre os grandes agregados econômicos e as médias globais em relação as nacionais (ROSSETTI, 2003).


Sob uma visão internacional, a economia preocupa-se com as relações econômicas entre as nações como um todo (SINGER, 2002).
Assim a necessidade de se estabelecer relação, e posterior fluxo entre as nações, leva a humanidade a um processo global de redução das distâncias entre si, preconizando o crescimento das finanças internacionais.
Quanto à economia nacional, preocupa-se com os indivíduos como produtores ou consumidores, as empresas, as classes sociais ou os modos de produção (SINGER, 2002).
Nesse contexto, a economia nacional demonstra uma tendência a ciclos não evolutivos, talvez por influência de fatores políticos, governamentais, corrupção, ou até mesmo pelo somatório de todos esses condicionantes (CONFECON, 2006).
Entretanto o momento é favorável, fundamentado na exportação de produtos primários a melhores preços, a balança e o comércio tem apresentado significativa melhora, e se considerarmos o panorama econômico internacional vivenciado em 2009 com certa instabilidade, internamente não houve catástrofes, nem sacrifícios de safras ou patrimônio, houve então um crescimento econômico, ditado por um superávit quase exuberante.
E é nesse cenário de estabilidade e bem estar econômico e financeiro quando a confiança entre mercado, economia e consumidor esta em alta, onde empresas reduzem o fluxo de caixa aumentando os prazos e incentivando o micro-crédito, que algumas atividades se sobressaem no setor econômico, no caso em questão, o turismo, sobre a forma de uma necessidade a se satisfazer a um determinado preço.
Para Cruz (2001), conceituar turismo, no léxico da geografia do turismo é sem dúvida, uma das mais polêmicas e complexas atividade de todas, pois vem mudando de sentido ao longo de toda a história.
Ou seja, cada definição resulta em uma nova tentativa de conceituar algo, que tem reconhecidamente uma dinâmica inquestionável.
Em meio às inúmeras definições de turismo, há que se destacar aquela adotada por um organismo oficial, de inserção global, que é a Organização Mundial do Turismo. Segundo esse órgão, o turismo é um fenômeno de deslocado espacial, que envolve a utilização de algum meio de transporte e dura ao menos um pernoite no destino, esse deslocamento pode ser em território nacional ou internacional, motivado por diversas razões, como turismo de saúde, lazer, negócio e outros desde que, não correspondam a formas de remuneração direta.
Esse tipo de analise propõe, uma abordagem sócio-espacial do fenômeno turístico, e conforme pode se abstrair da definição da Organização Mundial do Turismo, todo tipo de viagem, desde que dure ao menos um pernoite no local, hoje é considerado como um tipo de turismo, independente da sua motivação. E se por um lado da origem a chamada segmentação do turismo (turismo de saúde, educacional ou de negócios), por outro lado pressupõe-se definição de sinônimos entre viagem e turismo.
Cruz (2001) também estratificou o fenômeno, turismo em modalidades, quanto à forma de dispersão no espaço e objeto de consumo, dando origem às expressões turismo de massa e turismo alternativo.
A atividade turística, através dos seus aspectos de consumo e investimento, torna-se produtiva, precisa, e determinada com características próprias, sendo seu desempenho fortemente influenciado pelo crescimento do nível de renda dos consumidores e das determinantes potenciais, incorpora-se ao campo do desenvolvimento do comércio, se projetando como um dos maiores e mais importantes setores da economia mundial.
Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, entre 2000 e 2008 as viagens internacionais cresceram 4,2 % ao ano, alcançando um total de 922 milhões de turistas em 2008, gerando uma renda de aproximadamente US$ 5 trilhões.

Gráfico 1 - Comportamento do Fluxo Turístico Internacional - 1995-2008

Fonte: Organização Mundial do Turismo - OMT

Ainda sob uma perspectiva da Organização Mundial do turismo, este crescimento tem sido acompanhado por uma tendência de descentralização, conforme evidencia a tabela:

Tabela - Distribuição do Turismo Mundial

Fonte: Organização Mundial do Turismo

Em 2008, do total de 922 milhões de desembarques, 488 milhões ocorreram na Europa (53%) 184 milhões (20%) na região da Ásia e do Pacifico, 147 milhões (16%) na Américas, 55 milhões (6%) no Oriente Médio e 47 milhões (5%) na África.
Quanto ao Brasil, o que se coloca para o observador é um conceito sócio-espacial de extrema diversidade, tanto do ponto de vista de sua natureza, quanto no que tange a sua cultura e às suas características sociais e econômicas.
A esse contexto de absoluta diversidade, que vai se deparar o turismo no Brasil. Com uma realidade natural que inclui extensas áreas preservadas e outras igualmente extensas e degradadas por fatores antrópicos, um contexto urbano que inclui desde pequenas municipalidades de 1500 habitantes, até a gigantesca São Paulo; opulenta riqueza de um lado e pobreza e miséria do outro, muito próximas do ponto de vista espacial.
Diante de um quadro com essas características, não se pode falar de um turismo único no Brasil, a diversidade, característica tão intrínseca à realidade brasileira é um atributo do turismo que se pratica em território nacional.
No entanto o crescimento deste setor associado à falta de planejamento gera vários problemas nas comunidades receptoras. Entretanto, esses problemas são muitas vezes relegados para segundo plano, dado o peso econômico que o desenvolvimento do setor do turismo possui em vários países ou regiões que o escolheram com o objetivo de atrair investimento, gerar emprego e promover crescimento econômico.
As atividades turísticas transformam o espaço alterando as relações dos moradores locais que passam a fazer parte da produção de bens e serviços da própria atividade turística, ou seja, o turismo assume o papel de agente modificador da realidade.
E segundo Pellegrini (2000) todo efeito ou alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade é considerada um impacto, e ainda conforme os tipos de intervenções, modificações produzidas e eventos posteriores, podem-se avaliar qualitativamente e quantitativamente o impacto classificando-o de caráter positivo ou negativo, ecológico, social e/ou econômico.

As alterações econômicas provenientes da atividade turística são classificadas segundo Cooper, Apud Costa (2001) em:
l Impactos diretos: o total de renda criada nos setores turísticos, como resultante direta da variação dos gastos para fomentar as necessidades;
l Impactos indiretos: o total da renda oriunda dos gastos dos setores do turismo em bens e serviços;
l Impactos induzidos: resultado dos impactos diretos e indiretos.

Esse é um bom critério de avaliação, mas a resultante dos impactos econômicos gerados pelos gastos do turismo, somente será possível após uma estimativa das relações dos três níveis de impacto, como um todo.
Lage et al (2000) fazem referencia aos impactos da atividade turística e suas implicações econômicas e sociais, classificado os de caráter positivo ou negativo.
Está é uma analise mais abrangente, pois engloba fatores econômicos e sociais em uma inter-relação e seus desdobramentos, podendo ainda cada aspecto ser analisado separadamente.
Por essa ótica o consumo turístico, devido a sua natureza heterogênea é dirigido para muitos setores simultaneamente, diversificando seus efeitos sobre os vários ramos da sociedade, dando acesso a uma multiplicidade de serviços, tais como melhores estradas, novos hotéis e restaurantes, serviços recreativos mais desenvolvidos, acarretando a valorização da terra, reconhecimento cultural e profissional, onde a população passa a receber maiores salários, e que na maioria das vezes é gasto nas próprias comunidades, assumindo assim um aspecto de agente econômico multiplicador para a economia.
Aos adeptos o turismo provoca um impacto muito positivo, acreditam que ajuda eliminar diferenças, possibilitando mutua sobrevivência das sociedades e de uma crescente compreensão intelectual.
Em contra partida os críticos argumentam que grande número dos turistas em suas viagens, deixa suas maneiras e sua moral em casa, procurando lugares exóticos longe de casa e das restrições sociais, e seus comportamentos podem variar completamente nas viagens.
Não é incomum a percepção do turismo mantido pelos residentes locais alterar se ao longo do tempo, e para expressar esta seqüência e o tempo durante o qual os valores sociais se modificam, Lage et al (2000) citam o índice de nível de irritação ou irridex, conceito formulado por Doxey, acreditando que essa manifestação resultante do contato entre o turista e o receptor, não podem ser completamente evitada, pois em última instância ira destruir o turismo a menos que seja mantido sob controle.
O irridex cobre quatro níveis de reação, por parte da população receptora, a euforia, apatia, aborrecimento e o antagonismo.
Na fase inicial os visitantes e os investidores são bem vindos euforicamente, pela promessa de benefícios econômicos e mesmo pela curiosidade. Inclusive nesse estágio, o receptor pode tornar-se mais acessível e ligações positivas podem ser mantidas, posteriormente à população passa a compreender sua dependência econômica, ficam apáticos quando percebem que foram absorvidos pela atividade, e nem mais detêm o controle ou são consultados sobre o meio ambiente e seu destino, quando tornam se apáticos, o contato entre os visitantes e a comunidade passa a ser conduzida numa base de pagamento por serviço, os agentes humanos tornam-se aborrecidas e desapontadas.
Posteriormente os turistas são vistos e estereotipados como chupins ou sugadores das coisas boas, a população receptora começa expressar dúvidas, nascendo então o antagonismo. Ocorre expressão de extrema irritação onde todos os problemas pessoais e sociais são atribuídos aos turistas.
Entre as principais causas da irritação está o receio e o medo de que os receptores sejam tratados como turistas de segunda classe em seus próprios países, uma vez que o poder aquisitivo do turista geralmente, está mais alto do que o padrão da comunidade receptora.
A super enfatização da atividade turística reduz as opções de compra dos habitantes locais, que mesmo com um complemento de sua renda, sofrem com a pressão inflacionária e pela alta dos preços, que também atinge bens e serviços de primeira linha como alimentação, habitação, transporte e outros.
Com a introdução do turismo há uma redução da produção agrícola, pois essa é tida como atividade de baixa renda, e a expectativa de salários mais altos associado a outros atrativos da indústria turística faz com que aumente o êxodo rural.
Todavia, é provável que essa parcela da população permaneça empregada em trabalhos de pouca qualificação e consequentemente baixa remuneração.

E muito frequentemente, a infra-estrutura pode servir muito mais ao turista que a própria comunidade local, pelo uso de recursos que poderiam melhorar a qualidade de vida das populações existentes e são redirecionados a infra-estrutura do turismo (LAGE et al, 2000).

Este aspecto do turismo associado a sua natureza heterogênea de se dirigir simultaneamente a diversos setores da sociedade, gera certa disputa por bens e serviços entre, os turistas e a comunidade local, o que muito constantemente desencoraja a interação normal entre os agentes, dando origem a conflitos sociais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo promove uma série de alterações para a região receptora, aumenta a renda do lugar visitado através da entrada de divisas, estimula os investimentos, gera novos empregos, redistribui a riqueza, promove a integração entre povos de regiões, línguas, hábitos e gostos diferentes, em contrapartida, a especulação imobiliária e a oscilação sazonal geram pressão inflacionária que no geral atinge bens e serviços de primeira necessidade, ocorre também uma grande dependência com relação ao turismo, tornando a economia vulnerável às flutuações sazonais da demanda turística, além de gerar altos custos financeiros e sociais, as regiões turísticas e aos residentes.
É fundamental a integração do setor publico e privado, para estabelecerem objetivos e metas em relação ao tipo de turismo desejado e às políticas adotadas, que visando mitigar as alterações oriundas da atividade turística podem estabelecer cotas, múltiplos usos às áreas, até mesmo tabelar preços, entre outras restrições, bem como a criação de cooperativas e associações que visem á melhoria continua da renda das populações, incentivos e facilidades de credito aos pequenos e médios produtores diminuindo assim a dependência do turismo e a susceptibilidade às alterações sazonais.
E somente através do planejamento e da aplicação de conhecimentos especializados, as alterações causadas ao meio podem ser revertidas, de forma que se possa compatibilizar a integração da atividade turística com a manutenção da qualidade do meio ambiente de maneira sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- CONFECON. Conselho Federal de Economia. Conjuntura Econômica Brasileira: Contexto Atual e Perspectivas, p.5, 20 set. 2006. Disponível em http://www.confecon.org.br, Acesso em: 24 mar. 2010.


- COOPER; Tradução Roberto Costa. Turismo, Princípios e Prática. Porto Alegre: Bookman, p.546, 2001.

- CRUZ, R. Introdução à geografia do turismo. São Paulo: Roca, p.109, 2001.

- HUNT, E.K; Tradução José Ricardo Brandão Azevedo. História do Pensamento Econômico. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, p.546, 1989.

- LAGE, B.H.G. et al. Turismo: Teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Atlas, p.320, 2000.

- NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao direito econômico. 2. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, p.376, 2000.

- OMT. Organização Mundial do Turismo. Panorama do Turismo Mundial. p.6, 2009. Disponível em http://www.dadosefatos.turismo.gov.br. Acesso em: 11 abr. 2010.

- PELLEGRINI, A. Dicionário Enciclopédico de Ecologia e Turismo. São Paulo: Monole, p.308, 2000.

- ROSSETTI, J.P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, p.926, 2003.

- SIGER, P. Aprender Economia. 22. ed. São Paulo: Contexto, p.202, 2002.
Autor: Renan Diego


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