DEZ RECOMENDAÇÕES PARA QUEM USA AGROTÓXICOS



CUIDADOS BÁSICOS NA MANIPULAÇÃO DE AGROTÓXICOS:

A grande contribuição do controle químico no controle dos organismos indesejáveis, pragas e doenças, é fato aceito por todos os grandes produtores atualmente. Todavia, quando usados de modo inadequado, os agrotóxicos podem provocar sérios danos ao homem, aos animais e sérias contaminações do meio ambiente. A lei dos agrotóxicos determina aos engenheiros agrônomos e aos engenheiros florestais a incumbência de prescrever, por meio de receituário agronômico, quais as recomendações para a proteção do trabalhador que prepara e aplica os produtos fitossanitários e recomendações de cuidados com o agroecossistema. A nossa legislação estabelece responsabilidades administrativas, civis e penais ao empregador, ao profissional responsável e ao prestador de serviços pelos possíveis danos causados à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente. As penalidades relacionadas incluem desde multas severas até penas de reclusão de alguns anos. Algumas normas regulamentadoras rurais definem padrões de conduta na manipulação de produtos agrícolas. Revisamos neste texto alguns cuidados básicos com o uso dos agrotóxicos:

1. CONSULTE SEMPRE UM ESPECIALISTA

Não resta dúvida de que a obrigação legal do receituário agronômico nas últimas décadas representou um grande avanço na nossa agricultura. O engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal deverá estar constantemente atualizando-se e será responsável irá verificar a real necessidade do uso do agrotóxico. Por meio de um receituário agronômico detalhado irá prescrever as recomendações epecíficas para cada situação. Após a escolha do produto e da dose a ser empregada, o engenheiro deverá alertar para a necessidade de se diminuir os riscos de intoxicações e contaminações. Alguma atitudes devem ser recomendadas, tais como: utilizar profissional treinado para a aplicação, evitar pulverização em horário que estiver ventando, preparar a calda em lugar ventilado, empregar cabine de proteção nos tratores para diminuir a exposição dos tratoristas, empregar equipamentos de proteção específicos, etc.

2. ATENÇÃO NA HORA DA COMPRA.

Antes de comprar o produto, verifique se a embalagem está perfeita, com o rótulo totalmente legível, se o produto não está vencido ou se o prazo de vencimento não está muito próximo, se o produto é recomendado para aquela praga ou aquela doença (a informação sempre deve constar no rótulo), se o comerciante é devidamente registrado para vender agrotóxico, se está fornecendo nota fiscal contendo o número de registro do produto, se a embalagem contém o número de lote do fabricante. Saliente-se que é proibido comprar ou utilizar agrotóxicos sem o devido receituário agronômico.

3. CUIDADO ESPECIAL COM O TRANSPORTE

Existem diversos relatos de casos de intoxicações e de contaminações com agrotóxicos durante o transporte. Deve-se ter um cuidado especial com o possível rompimento das embalagens. As embalagens com avarias, com vazamentos, seja de produto tipo pó ou granulado, podem contaminar alimentos, rações, intoxicar pessoas e animais, poluir o ambiente. Todo produto deve ser transportado na sua embalagem original, com cuidados especiais no acondicionamento.

4. CUIDADO COM O ARMAZENAMENTO
Os agrotóxicos devem ser guardados em local seguro, exclusivo para depósito, longe do alcance de crianças e de animais. O local deve ter boa ventilação e deve ficar longe de habitações ou de locais onde se armazenam alimentos e rações. Os produtos devem ser acondicionados em pratileiras. Eles nunca devem estar em contato direto com o piso e devem sempre estar com os rótulos intactos. O local deve ser trancado à chave. É importante planejar bem o estoque. Nunca se deve comprar em excesso porque o armazenamento é sempre um problema.

5. FAÇA UMA REVISÃO DOS EQUIPAMENTOS

A regulagem correta e a boa manutenção dos equipamentos de aplicação são atitudes que também ajudam a diminuir os riscos. Os equipamentos devem estar sempre em boas condições de conservação. Devem ser lavados com água e sabão após cada aplicação. Seguir sempre a recomendação do fabricante que consta no manual do proprietário. A lavagem deve ser feita longe de córregos e nascentes. Verificar se o tanque do pulverizador está devidamente limpo. O pulverizador não pode ser guardado com resíduos no depósito. Verificar possíveis vazamentos ou defeitos nas seguintes partes: filtro de calda, mangueira, regulador de pressão, manômetro, bomba de pistões, bicos pulverizadores. As peças devem ser substituídas seguindo-se as recomendações que constam no catálogo do fabricante.

6. USE SEMPRE E.P.I.

Os equipamentos de proteção individual (E.P.I.) devem ser os recomendados no receituário agronômico. São imprescindíveis: capuz, máscara, luvas impermeáveis, chapéu de aba larga, óculos ou protetor facial, calça e camisa com tecido hidrorrepelente, avental apropriado, bota impermeável. Dependendo do tipo de produto e do tipo de aplicação é necessário o uso de máscara protetora especial. Todo equipamento de proteção deve ser mantido em boa condição de uso, e deve ser guardado limpo e em lugar seguro, evitando-se contaminações. Cada tipo de roupa especial de pulverização possui na etiqueta o número de lavagens permitidas.

7. ATENÇÃO COM A LAVAGEM E DESCARTE DAS EMBALAGENS

No que tange à destinação de embalagens vazias de agrotóxicos, uma lei disciplina o assunto determinando responsabilidade para o agricultor, o revendedor e o fabricante. Trata-se da Lei 9974 e Decreto 3550. O agricultor após usar o produto deve fazer a tríplice lavagem da embalagem. Após o procedimento, deverá acondicionar a embalagem vazia em um saco plástico padronizado que deverá ser fornecido pelo revendedor. As embalagens plásticas devem ainda ter os fundos perfurados. Dentro do prazo de um ano essas embalagens deverão ser entregues a um posto de recebimento cadastrado. O agricultor receberá um comprovante de entrega que deve ser guardado com a nota fiscal do produto. Cabe ao fabricante providenciar o recolhimento de todo o material depositado no posto de recolhimento.

8. PROCURE POR PRODUTOS SELETIVOS

A seletividade de um agrotóxico hoje em dia passa a ser uma importante qualidade a ser investigada na hora da escolha. É muito interessante que o produto a ser pulverizado não seja tóxico para as abelhas polinizadoras e sobre outros insetos benéficos do tipo predadores de pragas (joaninhas, crisopídeos, etc.) ou do tipo parasitóides (vespas parasíticas de diversas pragas). As informações específicas para cada produto podem ser pesquisadas em artigos científicos disponibilizados na Internet.

9. PROCURE FAZER MANEJO DA RESISTÊNCIA

Com o passar dos anos, os cultivos que recebem sempre o mesmo tipo de agrotóxico em uma mesma região, podem apresentar problemas relacionados a resistência da praga à um determinado produto. Trata-se de uma questão de pressão sobre populações naturalmente resistentes, um tipo de seleção darwiniana. Para evitar o problema recomenda-se a rotação de produtos, rotação de cultura, uso de medidas relativas ao manejo da resistência. Para cada tipo de cultivo pode ser encontrado em sites específicos recomendações oficiais sobre o manejo da resistência (comitê IRAC-BR para resistência).

10. DIMINUA A FREQUÊNCIA DAS APLICAÇÕES

Empregando-se medidas de manejo integrado de pragas, naturalmente as freqüências das pulverizações irão diminuir, o que representará uma economia significativa de recursos e uma menor agressão ao agroecossistema.


Autor: Julio Cesar Galli


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