O PERFIL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Resumo:
O texto discute questões envolvidas no processo de avaliação educacional e busca traçar o perfil do professor, que avalia além de aspectos ligados às relações entre teoria, prática cotidiano, e também entre conhecimentos voltados para os conteúdos do ensino e daqueles relativos às características de desenvolvimento dos alunos, aos níveis de ensino aos quais se insere a formação de professores, às especializações e à preparação para o trabalho com os alunos. Finalmente vêm enfatizar a importância de se pensar novos caminhos para o processo avaliativo e busca desenvolver metodologias diversificadas para uma educação de qualidade.
Palavras chave: professores, formação, avaliação.
Abstract:
The text argues involved questions in the process of educational evaluation and searches to trace the profile of the professor who evaluates, beyond on aspects to the relations between theory, practical and daily, between knowledge come back toward the contents of education and those relative ones to the development characteristics of the pupils to the education levels which if insert the formation of professors; to the specializations and the preparation for the work with the pupils. Finally it emphasizes the importance of if thinking new ways for the appraiser process and searches to develop tread?s diversified methodologies to an education of quality.
INTRODUÇÃO
A Legislação Educacional vigente e as reformas que vêm sendo introduzidas no
sistema educacional, estadual e municipal nos últimos anos, trouxeram consigo uma nova perspectiva para a abordagem da formação e da carreira dos professores, que abre possibilidades interessantes e segundo (VILARINHO:1983, p.130), com a Lei 5692/71, que fixa as Diretrizes e as Bases do Sistema Educacional Brasileiro, a avaliação ganha um enfoque mais abrangente e dinâmico. Passa a ser encarada como um processo constante e contínuo, onde há predominância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos.
Surge uma flexibilidade no processo que vai desde a própria filosofia da avaliação até a sua práxis, através de métodos e instrumentos específicos.
Os dispositivos legais garantem essa flexibilidade que bem trabalhada nas mãos de um professor competente, pode dar uma nova dimensão às atividades de ensino.
Pensou-se no perfil de educador adequado às características e necessidades de alunos nas diferentes fases do seu aprendizado, ou seja, na educação do adulto que se encontra escondido atrás da palavra aluno. Ao fazer essa relação, tornou-se mais fácil pensar nas diferentes origens sociais, étnicas, regionais, do campo e da cidade, e assim por diante.
Podemos pensar nos alunos em sua diversidade e em sua contínua mudança, às quais refletem as transformações nas condições de vida da população e nos valores que informam a socialização das novas gerações, nos diversos espaços fora da escola: na família, na cidade, nos meios de comunicação, nos grupos de pares, no trabalho (ALVES: 2003 p. 123).
Gonçalves entende que:
Se considerarmos a educação como instrumento social, político e econômico que dentre outras instancias, pode contribuir para a inserção social dos sujeitos, torna-se imperativo repensar a avaliação como uma prática educativa desenvolvida num horizonte democrático e, sobretudo, ético. O conhecimento escolar deve ser construído a partir das experiências cotidianas dos próprios alunos, pois a diversidade cultural enriquece a aprendizagem (2003, p. 80)
De qualquer forma, talvez não seja arriscado afirmar que a discussão mais geral que preocupa hoje, sobre o perfil do professor no processo de avaliação, bem como sua formação e carreira, muito tem a lucrar com a contribuição da literatura e das experiências práticas na área de trabalho, quando se pensa no que prescreve a Lei de Diretrizes e Bases: incluir a educação acima de tudo. A educação é um direito de todos e dever do estado e da família. (LDB: 2005, p. 37).
É necessário que cada educador perceba o que se estabelece ao usar esta ou aquela técnica, numa relação de troca autêntica com seus alunos, permitindo-lhe o desenvolvimento da criatividade, a autonomia intelectual e emocional, a rebeldia. O mundo da cultura seria impensável se não fosse pelos atos de rebeldia daqueles que a construíram (ALVES, 1986, p.130).
O PERFIL DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Avaliação é um processo de regulação da aprendizagem por professores e alunos. Praticar a avaliação em processo significa ajustar também os critérios à ação, incluir os alunos de forma a assumirem junto com o professor os riscos de realizar a conquista do conhecimento no mais alto grau possível, na complexidade e incerteza em que o processo de conhecer se apresenta com rigor e exigência, mas que não exclui nenhum dos alunos, porque o pacto pelas finalidades de aprendizagem é coletivo.
Freire entende que:
Quem forma se forma e re-forma, ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser reformado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (1996, p.23).
Isso demonstra que o professor dever ser mediador do saber quando de certa forma, interage a experiência prática vivida em relação ao cotidiano do aluno, na tentativa de buscar alcançar os objetivos propostos em seu plano de ensino, assim, diariamente avalia o aluno pelo método de competência e busca lançar desafios, que possibilitem a produção na luta da construção do futuro cidadão.
Ludke, apud Freitas, referem que:
No campo da avaliação educacional escolar a devida consideração do lugar que ela deve ocupar na formação do futuro professor e também daquele que já está exercendo a docência. Não estamos conseguindo converter o conhecimento teórico acumulado sobre avaliação educacional em saber do professor, futuro ou atual, para que ele possa enfrentar com sucesso os problemas de seu trabalho cotidiano com os alunos (2002, p. 96).
Observa-se no cotidiano dos professores, a vida agitada do homem moderno, que em sua competitividade, busca cada vez mais se aperfeiçoar para a conquista de um espaço no mercado de trabalho e, os métodos de avaliação empregados, nem sempre garantem a qualidade do ensino, ou seja, as técnicas empregadas nos métodos de avaliação nem sempre demonstram um parecer crítico de quem foi avaliado, mas sim, um parecer mecânico de quem pensa ser crítico.
O professor educador, em especial, deve evitar o uso da linguagem repetitiva e decorativa, muitas vezes percebidas pela própria classe discente, e procurar métodos didáticos diversificados que comprometa o aprendizado do aluno, como por exemplo através de trabalhos em grupos, debates, numa exposição geral que ficaria mais significativa.
Percebeu-se que o homem moderno realizou uma entrega ao mercado competitivo em busca de ter a qualidade de vida que sobrecarrega o limite de seu esforço físico em jornadas de trabalho longas que muitas vezes o impede o prazer da leitura e traduz o conceito de prejuízo intelectual que a classe transmite.
Freire entende que:
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educando a rigorosidade metódica com que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis. Faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas, também ensinar a pensar certo (1996, p. 26).
O perfil do professor hoje pode ser de uma conduta menos autoritária e mais autônoma, "que é preciso exercitar-se em fazer desafios intelectuais ao aluno, usando a imaginação; levá-lo a fazer comparações e estabelecer diferenças; não requer padronizar; ser professor de todos e de cada um". (VEIGA, 1991, p.95) O professor pode aproveitar didaticamente os grupos naturais que se forma em toda classe ao invés de querer eliminá-los, lançar desafios que tornem possíveis transgredir a tempestade de idéias embutidas no pensamento dos seus alunos.
Gonçalves entende que:
É fundamental que o professor possa estruturar os processos de ensino e aprendizagem, levantar subsídios para ajudar o aluno a progredir no processo de construção de conhecimentos, valores e qualidades pessoais, o que significa a oportunidade de identificarem seus progressos e suas dificuldades e de se tornarem sujeitos da sua própria aprendizagem. Vier cada aula como uma hipótese a ser testada no debate entre professor e aluno e cada um estará disposto ao outro e ninguém poderá dizer como terminará a aventura (2003, p. 84).
Pensa-se na avaliação que seleciona instrumentos adequados aos procedimentos metodológicos e aos indicadores de desempenho em função do desenvolvimento da competencia a ser avaliada. (GONÇALVES, 2003, p. 94). Dessa forma, a Federação Nacional da Educação, exige uma avaliação de desempenho dos professores, que tenha em linha de conta a diversificação de estratégias utilizadas para melhorar os resultados escolares.
As estratégias desenvolvidas dentro da sala de aula para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, evita que o professor fique dependente de variáveis que lhe são exteriores, alem de contribuir com propostas de alteração significativas, como motor de melhoria das suas competências profissionais. (João Dias da Silva, em artigo publicado no site www.portugaldiario, em 25/07/2007).
Entende-se a importância da atuação dos professores em cursos de capacitação e aperfeiçoamento para o exercício do ensino. Dessa forma poderá desenvolver atividades no decorrer do trabalho, enfocadas na criatividade com vistas a ter uma abordagem ampla de conhecimentos e resultados satisfatórios na análise avaliativa.
Gonçalves entende que:
A avaliação deve ser comprometida com o progresso do aluno, com seu crescimento profissional e pessoal, não pode ser arbitrária. É necessário, portanto, estar atento aos critérios balizadores do julgamento implicado nas ações avaliativas (2003, p. 84)
Segundo a educadora Clarilza P. de Souza, (1995, p. 123), quatro pressupostos ao qual a avaliação é compreendida: primeiro deve ser contínua, ou seja, deve estar presente desde o inicio até o final do trabalho; segundo, ser compatível com os objetivos propostos; terceiro, deve ser ampla, considerando aspectos afetivo, cognitivo, psicomotor e por último, deve haver diversidade nas formas de proceder.
Segundo Rolim, (1989, p. 21), a história da educação nos mostra que, desde eras remotas, o homem foi educado segundo as concepções que se tinham forjado sobre ele e, em vista dos interesses da sociedade a que pertencia. Assim, pensa-se que ao procurar explicitar o perfil do professor no processo de avaliação, observa-se que este deve acima de tudo, compreender o papel a ser desempenhado, pois a avaliação não pode ser um momento isolado no processo de ensino e aprendizagem, em função de sua relevância no contexto de um projeto pedagógico. Afinal, o modo como se processa a avaliação, favorecerá ou não, a formação de pessoas competentes em sua área de atuação e, ao mesmo tempo, capazes de viver o exercício da cidadania, que se resume em planejar, organizar, escrever, ler.
Toda essa conquista segundo Rolim (1989, p. 17), mostra como a educação envolve todas as áreas da existência com a vida do próprio ser e o acompanha num processo contínuo.
Desse modo o professor deve ser o produto resultante da aprendizagem e da educação como o ato de ir e vir e que segundo Furter, (1974, p. 117), é um processo de transformação graças ao qual o homem se desenvolveu, informando-se e reformando-se; bem como aos outros e ao meio em que vive. É uma maneira de viver a vida, e dar-lhe uma forma de se expressar no mundo a presença que se deseja.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término do estudo, observou-se que o perfil do professor no processo de avaliação é uma constante na prática educativa, tendo como foco principal o desenvolvimento de técnicas e a vivencia para aquisição de conhecimentos, que devem ser transmitidos de forma prazerosa para ser compensatório no registro das avaliações.
O aluno assiste ao professor como um espectador na luta pela qualidade do aprendizado, na tentativa de um conhecimento técnico e científico para o mercado de trabalho. O professor por sua vez avalia o potencial do aluno no decorrer das aulas. Ambos trabalham a transversalidade de suas culturas.
É importante e cada vez mais preciso que o professor busque seus conhecimentos e tente aperfeiçoar sua forma didática em cursos de capacitação e aperfeiçoamento, com a finalidade de transmitir através de técnicas planejadas, ações que busquem prender a atenção e interesse do aluno.
REFERÊNCIAS
1. ALVES Rubem, A gestação do futuro, Campinas. Papirus, 1986.
2. ANASTASIOU Lea & Leonir P. Alves (orgs), Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville: Inville, p123, 2003.
3. FREIRE Paulo, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à Prática Educativa. São Paulo, 1996.
4. FREITAS Luís Carlos, Crítica na organização do trabalho pedagógico e da didática. Cit. Olga T. Damis, Didática: o ensino e suas relações. Campinas: Papirus, 1996.
5. FURTER Pierre, Educação permanente e desenvolvimento cultural, trad. Teresa de Araújo Penna, Petrópolis, Vozes, 1974.
6. GUSDORF G., Professores para que? São Paulo, Martins Fontes, 1987.
7. GONÇALVES Maria Helena Barreto, Planejamento e Avaliação: subsídios para a ação docente. SENAC/DN, 2003.
8. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2005.
9. MENGA Ludke, Um olhar crítico sobre o campo da avaliação escolar, em Luiz Carlos Freitas (org). Avaliação: construindo o campo e a crítica. p.96.
10. OLIVEIRA M. & Marli André, Alternativas do ensino de didática. Campinas: Papirus, 1997.
11. PIMENTA Selma, Didática: currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
12. ROLIM Liz Cintra, Educação e Lazer: a aprendizagem permanente. São Paulo, ed. Ática, 1989.
13. SILVA João Dias da, FNE: é preciso diversificar avaliação. Artigo científico. Disponível em http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=836512&div_id=291. 2007.
14. SOUZA Clarilza P. de & (org), Avaliação do rendimento escolar. 5ª ed., Campinas, Papirus, 1995.
15. VEIGA Ilma Passos Alencastro & (org), Técnicas de ensino: Por que não? São Paulo: Papirus, 1991.
Autor: Ana Carolina Silveira Ravagnani
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