O curso de Pedagogia e sua prática docente



O CURSO DE PEDAGOGIA E SUA PRÁTICA DOCENTE

É preciso repensar com urgência, o nosso Curso de Pedagogia, visto que, precisamos escapar as mazelas de nosso dilema na formação do pedagogo. Necessitamos de instrumentos para que possamos na produção teórica e prática, sem se esquecer dos limites que nos impõe a história.

Com persistência e coragem, do trabalho cotidiano de formação de pedagogo, na multiplicidade de práticas curriculares, tem-se procurado implementar, nos aprendizados amadurecidos pelos embates indiretos das circunstâncias a necessidade de superação desses combates através de uma busca incansável, de uma melhor formação profissional.

Refletir sobre a prática educativa presente, não se trata de ir buscar algo que já se encontra na circunstancia vivida, mas de olhar criticamente para a sua significação profunda. Sabemos que o ofício de "ensinador" hoje, enfrenta o desafio de buscar a superação de problemas que se iniciam pela necessidade de explicitar as exigências de seu próprio papel ? o dever-ser, a dimensão ética, os novos paradigmas para uma reflexão que se pretende aprofundada e abrangente, visando conscientizar educadores da necessidade de rever a prática docente atual, tomando como ponto de partida os conceitos atuais de educação e as mudanças produzidas na sociedade como decorrência dos avanços tecnológicos e pelas mudanças nos sistemas de comunicação, configurando, assim, um novo paradigma para a ação docente.

Neste contexto, a prática docente em seus mais complexos problemas, deve ser considerada como ponto de partida e ponto de chegada do processo, necessitando, assim, uma reflexão auxiliada de fundamentação teórica que amplie a consciência do educador em relação à sua prática e que aponte caminhos para uma atuação competente em sua dimensão técnica e política. São dimensões distintas, mas profundamente articuladas, onde não podemos nos referir a uma sem a outra. Não se tratando de uma constatação em nível teórico, mas de algo presente de fato na prática docente.

Então, dessa forma não se pode deixar de falar do curso de pedagogia e sua contribuição para a prática docente, já que ele vem sendo um curso para formação de professores, tendo como a base da formação, a docência.

Portanto a maioria dos cursos de Pedagogia caminha para uma visão unitária dessa formação, articulando-a com a docência, buscando uma maior compreensão do trabalho pedagógico escolar como uma totalidade que pode e deve ser aprendida no processo de formação.


1-Trabalho Docente: Busca de Novos Paradigmas para sua Realização

Hoje, o grande desafio está na formação necessária para a superação e a inserção da educação nos novos paradigmas de construção do conhecimento.

Sendo assim, é necessária uma renovação da instituição educativa, bem como uma redefinição da prática docente quanto sua forma de educar, levando em consideração a importância de assumir novas competências profissionais no quadro de um conhecimento pedagógico, científico e cultural, ou seja, hoje a exigência é o diferencial num profissional da educação.

O professor não pode esquecer que a especialidade dos contextos em que se educa, vem adquirindo cada vez mais importância: a capacidade de se adequar a eles metodologicamente, a visão de um ensino que não seja técnico, apenas como transmissão de conhecimento em construção.
Esse educador deve converte-se em um profissional que participe ativamente e criticamente no verdadeiro processo de inovação e mudança, considerando seu próprio contexto, em processo dinâmico e flexível.

Portanto, é fundamental que o professor seja formado na mudança e para a mudança por meio de desenvolvimento de capacidades reflexivas em grupo e abrir caminhos para uma verdadeira autonomia profissional compartilhada, já que a profissão docente precisa partilhar o conhecimento com o contexto.

Diante disso, é preciso, urgentemente, que os professores se dêem conta de que a mudança é uma palavra de ordem neste século, já que o trabalho docente não pode mais ser o mesmo, pois todas estas mudanças de paradigmas exigem também uma nova forma do fazer pedagógico, voltado para o verdadeiro conhecimento que é fruto de uma elaboração, onde o aprender resulta de um processo de construção. Com isso, um fator importante é quanto a atitude do professor ao planejar sua tarefa docente, que deve ser não apenas como técnico infalível e sim como facilitador de aprendizagem, através de uma prática reflexiva, capaz de estimular a cooperação e a participação dos alunos.

Considerados esses pressupostos, é importante que o educador aprenda também a conviver com as próprias limitações e com as frustrações e condicionamentos produzidos ao seu redor, tendo em vista que a função docente se move em contextos sociais que, cada vez mais, refletem forças em conflitos, o que significa dizer que as instituições ou cursos de formação para professores devem ter um papel fundamental na promoção não apenas do conhecimento profissional, mas sim de todos os aspectos da profissão docente e a cultura em que esta se desenvolve, ou seja, instituições que promovam as mudanças e as inovações.

É preciso ter consciência de que vivemos em um mundo de constantes transformações onde o conhecimento torna-se, cada vez mais, um fator diferenciador e cabe, então, aos docentes a responsabilidade de ser o organizador destas informações com as quais o aluno construiu seu próprio conhecimento, tendo em vista que o processo ensino-aprendizagem se encontra em total reformulação, de forma contínua diante das transformações sociais e do avanço tecnológico e científico.

Portanto, não se pode acomodar, ter medo da inovação, de mudar, acreditando estar satisfeito apenas com as informações que já possui, mas, buscar um aperfeiçoamento constante se quiser conquistar seu mercado de trabalho, como profissionais competentes e dinâmicos. É preciso estar aberto à transformações e ao conhecimento que se pode construir.

Além disso, as novas demandas educacionais situam o professor em um lugar diferenciado na esfera educativa. Por isso, Perrenoud, deixa claro que o professor precisa desenvolver competências, ou seja, se os professores possuem saberes profissionais, também devem adquirir competências com potencialidades para aplicá-los de forma efetiva, em um contexto específico. Sendo assim, as competências docentes compreendem, então, conhecimento, habilidades, atitudes e pensamento estratégicos, pois, para ensinar, não basta conhecer a matéria: é necessário, entre outras competências, transformar o saber disciplinar em conteúdos acessíveis aos alunos, ou seja, ter o domínio dos conteúdos.

De acordo com Perrenoud (2000), uma competência docente designa a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc. ) para atuar de forma eficaz em diversas situações.

Desta forma, Perrenoud enumerou dez competências que estão na essência do ofício de ensinar.

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagens;
2. Administrar a progressão das aprendizagens;
3. Conhecer e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5. Trabalhar em equipe;
6. Participar da administração escolar;
7. Informar e envolver os pais;
8. Utilizar novas tecnologias;
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10. Administrar a própria formação.


Com isso, ele explica que as competências proporcionam a quem as possui estabilidade e segurança para o trabalho docente diário.
Então, fica claro que o professor não deve temer as mudanças, mas sim, buscar a melhoria da qualidade de seu trabalho docente, através do querer ser um profissional realmente competente, pois essa transformação só depende dele, já que ele próprio é o sujeito da sua formação.


2- Busca da identidade do educador, presente no saber-fazer pedagógico.


Estamos diante da necessidade de criar, construir um ofício novo, no qual a tarefa do aprender/fazer seja mais importante do que o transmitir. Um dos grandes desafios é justamente rever a concepção do conhecimento, considerando que ele é uma construção dinâmica, um recurso utilizado para desenvolver competências que permitam aos indivíduos interferir na sua realidade, identificando e resolvendo os problemas e os desafios colocados pela vida social.

Portanto, discute-se tanto, hoje, sobre a identidade do professor. O que se pode esclarecer sobre isso? É que a identidade não é um dado imutável, ela é um processo de construção do sujeito, historicamente situado. Daí, a profissão de professor, assim como as outras, emerge de acordo com o contexto e o momento histórico, levando em consideração as necessidades impostas pela sociedade.

Diante disso, uma entidade profissional se constrói a partir da significação social da profissão, pelo significante que cada professor, como ator e autor confere a atividade docente no seu cotidiano, a partir de seus valores, modo de viver, de seus saberes, angústias e anseios, e do sentido que tem em sua vida como profissional professor.

No entanto, o fazer pedagógico, está centrado na construção da aprendizagem, que, segundo Perrenoud (2000, p. 30), "... aprender não é primeiramente memorizar, estocar informações, mas reestruturar seu sistema de compreensão de mundo".

É nesse contexto que, atualmente não é suficiente a transmissão ? assimilação dos conteúdos, mas é necessário que o fazer pedagógico esteja centrado no processo ensino-aprendizagem, não mais como intuito de conduzir, assustar, mas com o objetivo de fazer pensar, possibilitar potencialidades do criar. Olhar a aprendizagem como forma de aproximar a realidade, ampliar a leitura do real, em que o conhecer modifica o agir, e o pensar leva a justificativa da realidade que gera transformação.

Diante dessas reflexões, pode-se perceber que há uma mudança fundamental no moído de conceber o ensino-aprendizagem daqui pra frente. Pois durante toda a formação era considerado o ensino como transmissão de conhecimento, onde o professor tudo sabia e o aluno era uma verdadeira folha em branco a quem competia memorizar e repetir o conhecimento transmitido.

Então, para atender as transformações que nos apresentam e frente aos novos paradigmas estabelecidos em que a ordem é desenvolver o aprender a aprender, será exigido um novo tipo de professor que não mais poderá ser aquele tradicional, mas sim um professor com uma nova visão do ato de ensinar, disposto a conquistar novas atitudes, um professor-pesquisador, disposto a prender.

Diante disso, também será exigida uma nova forma do fazer ? pedagógico voltado para o verdadeiro conhecimento que é o fruto de uma elaboração onde o aprender resulta de um processo de construção.



3- O processo de formação do curso de Pedagogia e sua influência na prática docente.


Na trajetória de construção dos Cursos de Pedagogia nos últimos dez (10) anos, a formação de professor passou a construir o núcleo comum obrigatório do curso, sendo assim as Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia, estabelecem que a docência é a base da formação do pedagogo.

Neste sentido, observa-se que a Pedagogia hoje, ocupa-se, de fato dos processos educativos, métodos e maneiras de ensinar. Ela é um campo de conhecimento sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.

De acordo com o pedagogo francês Jean Houssay "a Pedagogia busca unir a teoria e a prática a partir de sua própria ação. É nessa produção específica da relação teoria-prática em educação que a Pedagogia tem sua origem, se cria, se inventa e se renova." (KOWARZIK, 1996, apud, LIBANEO, 2000, P. 22).

Como vimos, a Pedagogia não deveria ser tão questionada, pois esse curso é completo para a formação do professor, tendo em vista que o mesmo não separa a teoria da prática, além de dar suporte a pesquisa no campo educacional.

O curso de Pedagogia visto por esse lado é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula, na compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos.

É certo que atualmente os professores deve ser um profissional competente e compromissado com o seu trabalho. Espera-se um profissional capaz de pensar, planejar e executar o seu trabalho e não apenas um sujeito habilidoso para executar o que os outros mandam.

A presença do pedagogo torna-se, pois, uma exigência dos sistemas de ensino e da realidade escolar, tendo em vista melhorar a qualidade do ensino aprendizagem, já que, sua contribuição vem dos campos do conhecimento, implicados no processo educativo-docente.


Então, é evidente que através do Curso de pedagogia os educadores terão possibilidades de buscar tematizar e organizar questões que ampliem a articulem como deve ser superado o trabalho das disciplinas isoladas, levando-os a construir um currículo voltado mais para uma prática educativa contextualizada.

Formar o pedagogo da sala de aula, portanto, é inseri-lo coletivamente no exercício da profissão, transformando-o em um profissional competente para um atendimento compartilhado sobre o que são como se organizam e como se conduzem os processos educativos na sala de aula.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia, Pedagogos, para quê? 2 ed São Paulo, Cortez, 2000.

MARQUES, Mário Osório. A formação do profissional da educação. Unigui, 2000 Ijuí RJ.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.





Autor: Patrícia Oliveira Aragão Assunção


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