Mudar? Pra Quê?



 

Mudar? Pra quê?

Não é difícil sentir vergonha do evangelho. Mas do evangelho com "e" minúsculo. Na verdade, um pseudo-evangelho, muito diferente do Evangelho de Cristo. A Igreja, ou melhor, as igrejas têm negligenciado o cumprimento de sua missão no mundo: transmitir e demonstrar Jesus. Quando anunciam, o fazem distorcendo a mensagem, na maioria das vezes.

Muitas igrejas se apresentam como um vereador oferecendo favores, empregos, obras e benefícios em troca de apoio financeiro e votos para o prefeito em campanha, nesse caso, Deus!

Ainda utilizando o exemplo da politicagem eleitoreira, é triste constatar que por mais que no Brasil haja separação entre Igreja e Estado, está cada vez mais fácil de perceber semelhanças entre os jogos e armações políticas seculares e o dia-a-dia das chefias e coordenações eclesiásticas da nação.

A essência da mensagem é raridade aos olhos e ouvidos. Esta realidade é de fácil constatação nas inúmeras igrejas, espalhadas pelas esquinas, disputando prédios para alugar; e nos programas de TV Gospel, onde o Evangelho se tornou uma lucrativa mercadoria, e Deus, apresentado como um generoso comerciante, tendo a igreja como sua representante comercial.

A concorrência, natural entre revendedores comerciais na busca por uma maior comissão é o claro retrato do que ocorre entre as instituições religiosas. Como vendedores desesperados, as igrejas oferecem descontos e vantagens em troca de preferência no mercado. É claro que com essa tática de diminuir os "preços" a serem pagos pelas futuras ovelhas, é necessário que se tenha mais "fregueses" para se obter o lucro, que é o objetivo principal do vendedor, certo? Diminui-se então a qualidade do produto, o Evangelho.

Simples solução. Qualidade? Não! O que interessa é a quantidade.

Se Martinho Lutero escandalizou-se tanto com a perversidade, a corrupção e com a distância entre o Evangelho da Bíblia e o que via na prática da Roma do século XVI, como ficaria se estivesse diante da realidade cristã atual? Não faria uma reforma, mas tentaria demolir todo o "prédio" evangélico!

Tarefa que seria muito difícil, pois apesar da podridão do conteúdo, da base e da estrutura, o monumento arquitetônico gospel possui uma excelente aparência; simples engodo, fachada! Mas torna-se difícil convencer alguém a reformar uma construção que parece tão bela, tão estruturada. Pra quê mudar? Mudar dá trabalho, e de trabalho já basta o de ter que enganar o povo e sustentar esse evangelho da marcha ré, como diz o poeta João Alexandre.

As novas indulgências estão à disposição de quem puder pagar. Salvação? Você pode ter; claro, se ofertar e estiver em dia com o carnê. Mas, cuidado! Se o pagamento estiver atrasado, a salvação está suspensa, pois você não foi fiel. Jesus volta e você fica. De graça, só a unção com azeite, isso se o "sacerdote" estiver com pouca ambição no dia. Absurdo!

A velha simonia reina nos gabinetes dos executivos religiosos, à espera de quem deseja servir, digo, ser servido pelo Reino de Deus.Afinal, ser pastor, bispo, apóstolo dá muito dinheiro, em um mercado de trabalho em franca expansão que nem exige concurso público. Fácil, não? Grave e revoltante realidade!

Amigos, não podemos sozinhos mudar tudo, mas devemos manter a esperança anunciando a simplicidade, a pureza, e, sobretudo, a graça do Evangelho de Jesus Cristo. Parafraseando Martin Luther King Jr, o preocupante não é o discurso dos ímpios e perversos, mas o silêncio e a omissão dos que conhecem a Verdade.

"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..." Romanos 1,16.


Autor: Leonardo Davi Santana


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