Emoção das Marcas: Geração do Consumo



ALESSANDRO STRUFALDI
CAMILA DOS SANTOS NOBRE DE OLIVEIRA
MAITÊ AFFONSO ROMÃO
LEILA RABELLO DE OLIVEIRA

RESUMO
Este artigo pretende refletir sobre as constantes mudanças do comportamento do consumidor com foco na Geração C, jovens que procuram formar seu próprio conteúdo, impulsionando o crescimento das empresas. Buscamos entender, a partir de uma visão futurista, como as companhias podem emocionar esse público e mantê-lo como cliente ao longo de sua vida. Esses jovens são mais do que compradores, são colaboradores que definem o sucesso e o ciclo de vida das marcas. Inovar, arriscar e ousar são os verbos do futuro, no qual esse público vai aguardar por uma nova paixão: sua marca.

Palavras-chave: Marketing. Experiência. Emoção. Geração C. Marca. Jovem. Moderno. Consumidor. Fidelização.

ABSTRACT
This article proposes a reflection about the constant changes of consumer?s behavior with a focus on Generation C, young people seeking to form their own content, pushing the grown of the companies. We try to understand through a future vision, how to touch the feelings of this audience and keep them as clients throughout his life. Young people are more than buyers, they?re developers who define success and life cycle of brands. Innovate, take risks and dare are the verbs of the future, where young people will wait for a new passion: their brand.

Key Words: Marketing. Experience. Emotion. Generation C. Brand. Young. Modern. Consumer. Loyalty.







INTRODUÇÃO

Após a década de 1990, a sociedade passou por transformações no Marketing devido, principalmente, à chegada da internet. O que antes era feito com baixos preços e pouca (ou nenhuma) variedade, passou a ser um constante bombardeio de propagandas de rua, para que as pessoas desejassem diversos produtos ao mesmo tempo.

Com o passar dos anos, ficou claro o boom de pessoas ágeis, impacientes e exigentes que surgiram no dia a dia das empresas e na vida social. Com isso, construir e gerir uma imagem tornou-se um desafio ainda maior. Criar estratégias para um bom posicionamento de marcas, ou seja, como elas são vistas pelo mercado, sempre foi e será fundamental para obter uma longa estrada de sucesso.

Kotler (1995, p. 195) definiu marca como uma promessa do vendedor de oferecer, de forma consistente, um grupo específico de características, benefícios e serviços aos compradores. Ele afirma que as melhores marcas apresentam uma garantia de qualidade, mas, atualmente, esse artifício se tornou commodity , não sendo mais um diferencial para um público que espera que isso seja o mínimo. Seguindo o pensamento de Marcondes (2003, p. 28), embora as formas de pagamento e promoções também sejam maneiras de atrair o consumidor, não é isso que vai definir a compra e sim a identificação com a marca.

Portanto, a marca é considerada como um depósito de esperança e confiança do consumidor no produtor, ou seja, representa a promessa de uma série de atributos e valores destinados a satisfazer suas necessidades. (OLIVEIRA, 2007)

Como se não bastassem tantas mudanças, estamos diante do nascimento de um novo público: a geração C, de conteúdo. Trata-se de jovens que querem participar e opinar mais do que antes e sentir que estão colaborando para a criação de produtos. Mas como prever a reação do jovem que ainda está definindo seus gostos e vontades? Como será o futuro do Marketing diante de pessoas que serão criadas pela Geração Y e Z? E, finalmente, como conquistar o coração de futuros adultos ultramodernos?

Nesse contexto, este artigo propõe-se a ousar nas sugestões de um novo Marketing para essa juventude que deseja constantes novidades e surpresas.

Não há sedução se não houver olhar. Ver é o primeiro oxigênio da paixão. Quando a dona de casa olha e não vê, mas registra, aquela marca desconhecida na prateleira do supermercado, ali começa uma paixão. (MARCONDES, 2003, p. 28)

Mas e quando a sua marca está na "prateleira web" e o seu público é temperamental? Antigamente as pessoas buscavam estabilidade nas empresas, um padrão de vida realista que, de acordo com os dados do website Baby Boomer Care Taker, só se via nos nascidos entre 1965 e 1977, chamados de Geração X. Muito se falou também sobre a Geração Y, aquela dos nascidos entre 1978 e 1990, que é a geração da internet, da rapidez e inovação. Entre 1990 e 2004 veio a Geração Z sob o boom tecnológico, desenvolvendo pessoas multifuncionais que representam 18% da população mundial. Essa geração é silenciosa e prefere absorver muitas informações sem separar o "joio do trigo". Confundindo-nos com essas características, vivemos hoje com a Geração C (pouco comentada e descoberta pela Kaiser Family no exterior como M, de mídia), que produz e edita o seu próprio conteúdo. (PINTO, 2009)

"De acordo com sociólogos, hoje temos uma mudança geracional a cada 10 a 15 anos. As diversas gerações convivem entre si, mas sem saber nada uma da outra". (PRADO, 2009)

O problema disso é uma possível falta de comunicação futura que talvez seja difícil reverter, mas e o Marketing, onde deve se posicionar?

Daryl Travis, autor de Emotional Branding, livro no qual analisa em detalhes esse comportamento do consumidor moderno, afirma sem medo de errar: ?Produtos são feitos em fábricas, mas uma marca é feita na sua cabeça e no seu coração. Produtos são distribuídos pelas fábricas aos milhares, mas marcas são compradas uma de cada vez. E são vendidas através de sentimentos. (AZEREDO, 2005, p. 17)

Estimular um cliente a comprar parece simples diante de tanta tecnologia. Porém, fazer com que ele se apaixone e crie vínculo com a marca exige das empresas uma dedicação constante.

O neurologista Donald Calne disse que "somos 80% emoção e 20% razão. A razão leva às conclusões. Emoções levam às ações. E os profissionais estão no mercado de ações. Nós atraímos os consumidores com mistério, sensualidade e intimidade para mexer com emoções poderosas. Os brasileiros estão entre os que mais entendem de paixão no mundo. O Marketing do iPod , por exemplo, sempre foi sobre uma escolha apaixonante. Você não se sente da mesma maneira com outro MP3 player".


Durante anos as empresas experimentam propagandas persuasivas e emocionais e, com esse exercício de tentativas, acabam obtendo melhores resultados com as emocionais. Se o ser humano fosse somente razão, os produtos seriam todos iguais.

1. EMOÇÃO DAS MARCAS (OS CINCO SENTIDOS)

O cheiro, o sabor, o tato, o som, o olhar. São os cinco sentidos do corpo humano que nos permitem obter sensações em benefício do Marketing. O foco, para muitos, é somente a venda, mas não está aí a grande fórmula de sobrevivência. A mágica do Marketing está no que chamamos de motivação. Palavra que provém do latim movere (mover), designa em psicologia, em etologia e em outras ciências humanas a condição do organismo que influencia a direção (orientação para um objetivo) do comportamento. Em outras palavras, é o impulso interno que leva à ação. "As experiências sensoriais são imediatas, poderosas e tem capacidade de alterar nossas vidas profundamente (...) evidência comprovada que ilustra o efeito dos cinco sentidos no comportamento do consumidor" (GOBÉ, 2002, p. 177)

O impulso de compra só terá efeito se mexer com a emoção do consumidor. Faz parte da experiência particular a lembrança, por exemplo, da compra do primeiro carro. É um momento único que nos baliza tanto que pode nos atrelar a marcas para sempre.

O som tem um efeito imediato e, em grande parte, cognitivamente pessoal sobre a lembrança e as emoções. Já a visão predomina no ser humano para sua compreensão do mundo e as cores transmitem emoções específicas, desencadeando respostas exatas no sistema nervoso central e no córtex cerebral. Uma vez afetado o córtex cerebral, as cores podem ativar os pensamentos, a memória e os tipos particulares de percepção. Por isso é importante a utilização do conjunto das cores para elaborar uma nova marca. O prazer também está no alimento, que é a fórmula para manter os clientes pacientes e agradáveis. Naturalmente, o próximo sentido será estimulado por impulso: o tato. Segurar um objeto, senti-lo, acariciá-lo é uma maneira de explorar e saciar a curiosidade. (GOBÉ, 2002, p.116)

Porém, de acordo com Mario Persona, escritor, consultor e palestrante, o olfato, que é considerado o sentido mais eficiente para campanhas publicitárias, poderá ser usado futuramente para comerciais de TV ou, ainda, para mensagens no celular. Porém, o cheiro costuma despertar em nosso cérebro lembranças que podem ser positivas ou negativas na decisão de compra.

Digamos que uma propaganda de botas e cintos country coloque uma foto de uma fazenda na página de uma revista. Quem vê a foto não pensa em nada além da imagem da foto, pois provavelmente nunca esteve numa fazendo igual à da foto. Mas se a página exalar um cheiro característico de uma fazenda, cavalos e feno, por exemplo, esse aroma pode evocar memórias positivas em alguns, mas também pode trazer à memória de outros, acontecimentos desagradáveis que tiveram em uma fazenda, e que ficaram gravados na memória em associação com o aroma daquele momento. (PERSONA, 2008)

Um indivíduo não ficará eternamente frustrado devido a uma sensação ruim que ele possa ter. Sua necessidade é sempre transferida ou compensada, pois seus interesses mudam constantemente e torna a motivação um estado cíclico. Barlow e Maul (2001) afirmam que, "Quando os clientes sentem uma emoção, algo importante está ocorrendo com eles. Se o serviço/produto não tiver valor para os clientes, eles não sentirão emoção." Ou seja, a temperatura que é transmitida no logotipo de uma companhia através de uma cor é a mesma para mostrar ao cliente que você está se aproximando ou se afastando dele.

Segundo Gobé (2002), "A publicidade sensorial bem planejada pode criar aquela preferência do consumidor que distingue uma marca especifica entre um mar de produtos".

2. O MUNDO INTERATIVO DA GERAÇÃO C

Depois de passar por gerações e se adaptar para acompanhar o comportamento e exigências dos consumidores, os players se preparam para mais um desafio: conhecer, entender e cativar a nova geração C. Esperta e atenta às novidades no mundo, a letra "C" representa a conexão com o conteúdo, pessoas que são comunicativas e dispostas a compartilhar conhecimentos. Essa geração se relaciona bem com web 2.0 por ter nascido em uma época (hoje) em que a internet e computadores são básicos na vida de um ser humano, ou seja, nasceu teclando.

Há uma vasta opção de novas ferramentas disponíveis na rede. O Google oferece uma série de aplicativos que ficam a disposição na internet para guardar e editar arquivos. O programa Picasa , por exemplo, que inclui edição digital de fotografias e tem como principal função organizar essas fotos no micro do usuário e pode ser utilizado para guardar pastas com fotos, além de ser acessado de qualquer lugar, a qualquer hora. Esse tipo de aplicativo está inserido na modalidade de acesso a processamento chamado de Cloud Computing, muito utilizado por grandes empresas.

Nas redes sociais, atualmente, videoclipes são postados no youtube , como o vídeo do garoto "Rafinha", desenvolvido pela produtora TV1, que exemplifica o dia a dia da geração conectada. Nesse vídeo a desenvoltura com os produtos tecnológicos explica a modernidade na qual vivemos e aponta uma nova realidade saturada de informação.

O conceito de Marketing Viral ou Buzz Marketing, conhecido popularmente como "boca a boca", utiliza as redes sociais para aumentar exponencialmente a influência de uma marca no mercado. Ser invisível e, ao mesmo tempo, visível para o cliente é uma técnica infalível do marketing. Um bom exemplo dessa estratégia foi o lançamento do chocolate Twix, da Masterfood, que obteve sucesso com um comercial em que os personagens têm tiques nervosos e gritavam "caramelo", "chocolate" e "biscoito" provocando susto nas pessoas. Na tentativa de repetir o sucesso, colocaram atores nas salas de cinema gritando "caramelo" e o público automaticamente completava gritando "biscoito" e "chocolate".

Na web é possível observar fotos particulares que são publicadas no orkut , o Facebook lança aplicativos a todo tempo e, ainda, aparelhos como Ipod são vendidos para facilitar a comunicação no mundo e, principalmente entre os jovens, que também são apaixonados pelo messenger .

Portanto, os meios de comunicação são ágeis e feitos para uma geração impaciente, que não se atenta às mídias tradicionais como jornais e revistas impressas. Além disso, utilizam o messenger para marcar compromissos e enviam torpedos SMS no mesmo ritmo de uma locomotiva.

Mesmo na vida acadêmica dessa geração, os trabalhos não são mais escritos a mão e não se usa mais as enciclopédias, pois tudo que precisam pode ser encontrado no Google ou em outras plataformas de busca. No Youtube é possível assistir a vídeos de todos os tipos ? desde aulas interativas a jogos no exterior ? a fim de comparar e compartilhar com outras pessoas os mesmos assuntos. Nas redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter , blogs (e outros) isso tudo é comum nas comunidades que as próprias pessoas gerenciam.


A nova geração busca interagir e trocar informações por meio de relatos de experiências vividas por jovens com ideias e interesses parecidos. O acesso às redes sociais está cada vez mais fácil com equipamentos portáteis como, por exemplo, o Iphone , BlackBerry ou Ipad . Assim, os internautas têm uma grande ferramenta para descrever rapidamente suas vivências, por meio de botões, mostrar músicas e vídeos que mais gostam, colaborando ou não para a vida das empresas.

Segundo Castelar (2009), "Agora tem que se estabelecer conexão com as pessoas. Dizer o que interessa a elas e fazer uma proposta que tenha algum significado, criar um relacionamento, prestar serviço e proporcionar experiência".

Para conquistar interesse, nada melhor do que ser criativo. E, para exemplificar, vale citar uma ação feita no metrô da cidade de Estocolmo, na qual a intenção era atrair os olhares dos transeuntes para uma escada comum, a fim de estimular a prática de exercício físico. No dia a dia, as pessoas preferiam passar sempre pela escada rolante pela rapidez e comodidade, até que implantaram um sistema nos degraus que fosse visualmente igual a um piano e que fizesse exatamente o som do instrumento, de modo que ao subir as pessoas formariam novos sons.

Outro exemplo é da galeria de arte Tate Britain International Modern and Contemporary Art, em Londres, na Inglaterra, onde os organizadores reuniram uma série de personalidades da música atual para chamar a atenção dos jovens. A ideia era motivá-los a frequentar o local e conhecer as esculturas e pinturas ali expostas, pois os donos pretendiam encontrar uma maneira de cultivar novos admiradores modernos. O case foi um sucesso, pois os visitantes podiam escolher seu músico predileto e, ao mesmo tempo, admirar a arte que o inspirou a desenvolver aquela melodia.

Entender o consumidor e mantê-lo fiel ao longo dos anos é o maior desafio do Marketing. É por meio das novas mídias que as empresas oferecem experiência aos seus consumidores e deixam que eles participem do desenvolvimento de produtos conforme sua preferência. Por isso, a introdução das empresas em redes sociais virou fator primordial na apresentação, fidelização e interação de seus futuros ou atuais clientes, porque são nessas plataformas que o consumidor moderno está navegando, principalmente neste momento em que a comunicação é portátil e facilita o acesso à internet na escola, no trabalho ou na rua.

A sedução de uma marca pode começar com apenas 140 caracteres. Um texto convidativo pode chamar a atenção de milhões de usuários do Twitter em segundos e direcioná-los ao site da corporação. O mesmo acontece em outras redes sociais por serem "mídias" gratuitas que geram divulgação espontânea depois de postadas. A interação com o público é garantida e é para o rumo da interação que o futuro aponta.

Segundo o IBOPE Nielsen Online, o Brasil possui 65 milhões de usuários de internet, 59 milhões de brasileiros acessaram comunidades de redes sociais e ferramentas de mensagens instantâneas em casa e no trabalho em setembro. Um estudo da Deloitt mostra que o tempo usado na internet por "razões sociais" é 50% maior no Brasil que nos EUA. Outro dado comparativo interessante, é que se o Facebook fosse um país, seria o 4º mais populoso do mundo. (UDA, 2009)


Emocionar a geração C é tratá-la de forma transparente, abraçar suas ideias, acatar suas críticas e tornar reais seus desejos. Essa geração quer ver e ser vista. De forma ágil, dita as novas regras do Marketing, expressando a "receita" para ser conquistada.

A empresa tem que ter um projeto de Marketing suportado por um grupo que conhece todas as disciplinas e ferramentas. E não pode mais mentir. Antes se mentia muito. A grande malandragem hoje é ser correto, honesto, transparente e do bem. (CASTELAR, 2009)


No geral, as companhias pensam nos resultados, no lucro. É com ele que a empresa irá se manter, planejar novos investimentos e crescer.

De acordo com a Bain and Company , o lucro proveniente de uma única interação com o cliente que permaneceu fiel durante sete anos é seis vezes maior do que o lucro gerado por um novo cliente. (BARLOW e MAUL, 2001, p. 184).

Portanto, o tempo que se despende com a carteira de clientes é tão importante quanto o resultado, já que é esse tempo que vai determinar o nível de identificação.

A fidelidade, no entanto, requer determinado nível de qualidade. Os clientes não se importarão com gentilezas, se os produtos comprados não funcionarem, criarem outros problemas e estragarem assim que a garantia expirar. Se as empresas se concentrarem consistentemente no oferecimento de valor material e emocional aos clientes fiéis durante um período considerável, os clientes provavelmente formarão um vínculo com elas. (BARLOW e MAUL, 2001, p. 190)

Conforme Marcondes (2003, p. 53), em uma pesquisa mundial com 1,5 mil pessoas de diferentes etnias, religiões e história cultural, com idade entre 20 e 40 anos, de várias classes sociais, realizada em 41 países, a Research International Observer, empresa de pesquisa norte-americana, descobriu que os entrevistados fiéis a determinadas marcas recusam-se a acreditar na divulgação de fatores negativos em relação a elas, transformando-se, assim, em valorosos soldados defensores de suas qualidades. Isso confirma que a grande confiança depositada é um fator decisivo na hora da compra e que funciona como medidor do valor atribuído a elas.

Uma marca líder se preocupa com sua missão, visão e valores, que devem ser estabelecidos diante de seus colaboradores. O posicionamento da companhia cria a imagem diante do mercado e aumenta a visibilidade e credibilidade.

Cada uma dessas tarefas é orientada pela identidade e pela posição da marca. Até mesmo, a criação de visibilidade requer orientação, já que algumas abordagens podem não ser compatíveis com a identidade da marca. (AAKER, 2002).

Fortalecer, conhecer e cumprir os elementos que compõem o posicionamento de uma empresa é fundamental para um bom desempenho no mercado e principalmente na relação com os consumidores.






3. INOVAÇÃO: OS PARADIGMAS DO FUTURO

Pensando futuristicamente, a tendência é que as corporações façam parcerias e acompanhem os passos de seu consumidor. Por isso, podemos dizer que já vivemos nesse futuro, pois basta perceber que hoje as promoções estão nos lugares que adolescentes entre 13 e 20 anos frequentam. No toalete dos estabelecimentos gastronômicos, as portas recebem artes explicativas e os lavabos, a degustação de um antisséptico bucal. Nas instituições de ensino superior, promotores abordam os discentes para distribuir flyers de seus interesses. No caminho de casa, ouvindo a rádio no seu aparelho celular, promoções para o show de sua banda predileta são promovidas, e o levam para a frente do computador para participar respondendo perguntas de um concurso cultural. Tudo isso são formas de atuar emocionalmente para interagir com o público jovem, que espera ser abordado com rapidez, ousadia e vantagens especiais.

"Tudo se passa como se tivéssemos ido da era do pós para a era do hiper. Nasce uma nova sociedade moderna. Trata-se não mais de sair do mundo da tradição para aceder a racionalidade moderna e sim de modernizar a própria modernidade, racionalizar a racionalização (...)" (LIPOVETSKY, 2007).

O desejo do jovem é ser presenteado. As empresas, portanto, mergulharam nessa ideia de baixo custo, praticidade, que proporciona experiência para o seu público, agrega valor para sua marca e abre portas para novas parcerias. Mesmo que não sejam do mesmo segmento, as empresas podem focar nos seus públicos e se unir por um bem comum.

Então, qual caminho as empresas vão traçar daqui por diante? Um mundo em que o jovem pode mandar nas companhias ou somente participar? Como deslocar o mecanismo da compra e venda para uma fidelização duradoura e emotiva? A "Havaianas", por exemplo, personaliza os seus chinelos para cada gosto. Entendem que o comprador é um amante da marca e precisa de algo exclusivo para ele. Além de seus anúncios que são desenvolvidos pela agência de propaganda AlmapBBDO e que fazem sucesso no mundo todo, no Twitter, a marca está presente na criação de planos de fundo das páginas para que seja lembrada o dia todo pelo internauta. Atualmente, não basta que um produto venha com qualidade, isso está implícito. Ele tem que ter valor agregado e surpreender. "Os valores intangíveis se tornaram mais valiosos dos que os tangíveis" (GOBÉ, 2002, p. 18)

As companhias precisam adquirir maturidade no sentido de entender o novo mercado que o jovem mais ama: a web. As redes sociais podem dar resultados mais precisos do que se imagina e não há por que temer um caminho que já está aberto. De acordo com uma pesquisa recém realizada pela Fundamento Comunicação Empresarial, para interagir com sucesso na web 2.0 é necessário aceitar ser criticado e entender isso como oportunidade de melhoria - mudar o paradigma e compreender que compartilhar informações gera negócios, que existem regras de conduta a serem seguidas e que é possível manter sempre a ética corporativa.

As multinacionais têm medo de ficarem expostas em um mercado tão competitivo, pois com isso a sua concorrência entenderia suas fraquezas e seria fácil derrubá-la. Existe também um medo de não haver retorno financeiro, já que é necessário estruturar uma equipe para uma área digital. O que não enxergam é a necessidade de encarar seus defeitos para que possam ser empresas idôneas e sinceras com seus compradores. Se agissem assim, não haveria receio das críticas.

Pessoas gostam de fazer negócios com quem elas conhecem e confiam, por isso a regra número um dos vendedores é "não faça um cliente, faça um amigo". A mesma regra vale para as mídias sociais, que podem ser usadas como termômetro para medir o impacto de ações on-line e off-line. Se bem utilizadas, são fontes inesgotáveis de dados mensuráveis, que podem ser usados tanto para estabelecer novas estratégias, quanto para aprimorar ou desenvolver novos produtos e serviços para sua marca. (UDA, 2009)

No futuro, aparelhos como o Tiivo irão auxiliar na detecção do público alvo desejado para propagandas segmentadas, ou seja, todas as programações terão algum produto atrativo para o adolescente O exemplo atual que mais se aproxima dessa ideia é o programa CQC, da TV Bandeirantes, que utiliza os próprios apresentadores para divulgar publicidade. Descobrindo novas formas de anunciar, é que as empresas encontrarão espaço e, consequentemente, serão obrigadas a utilizar novas ferramentas que sejam capazes de descobrir o que o jovem escolhe consumir dentro de casa.

Prevendo uma geração mais dinâmica do que a atual, os adolescentes terão ainda mais amigos reais e virtuais, vão ser influenciados pelo colega que se destaca na escola (seja por beleza ou inteligência) e seus celulares serão como parte de seu DNA, sendo possível a utilização dos aparelhos em sala de aula para resolução de complexos cálculos matemáticos, assim como para os momentos de lazer, em que poderão acessar o perfil das redes de relacionamento em questão de segundos e enxergar em tempo real tudo que necessitarem. Com tanto conhecimento, esses jovens terão um poder de compra maior do que nos dias atuais e, portanto, vão exigir e criticar mais.

Cada vez mais as mídias serão direcionadas. Cada vez mais a Publicidade será individual, personalizada e direta. A comunicação será o Marketing Direto, o CRM e o Marketing de Relacionamento. Mas será que já não é assim? É. Mas, em 2018, tudo isso poderá ser levado ao extremo. Por exemplo, ao ver uma cena de novela, poderemos, como consumidores, clicar na blusa da atriz para sabermos o preço e a marca da peça. (RIBEIRO, 2008)

A Google Inc., multinacional que lidera o mercado da tecnologia e é ícone em modernidade, surgiu em 4 de setembro de 1998 e lança mensalmente novos aplicativos. O mais recente, de acordo com o website de notícias G1, o Google TV, permite que o usuário acesse a programação que deseja em tempo real por meio de televisores com acesso a internet (que estão em processo de desenvolvimento, com previsão para chegar ao mercado no segundo semestre de 2010) apenas digitando o título desejado.
Com tanto poder em uma única multinacional e seus consumidores críticos, cria-se uma competição tecnológica versus uma competição emocional. Os jovens entregam a privacidade que tinham por causa das redes sociais em nome de vantagens e poder de consumo. A grande questão é: A Google conseguirá produzir sem limites tudo que as mentes humanas desejarem? Se a ordem é o relacionamento e a experiência, isso não afetará o comportamento desse público, fazendo com que fiquem isolados por terem tudo dentro de seus lares?
Afinal, o desafio será, portanto, proporcionar momentos de interação entre esses jovens dentro e fora de casa, para que não percam o talento da comunicação ao vivo e pratiquem uma "comunicação fria". É claro que as agências de propaganda acompanham as tendências e estão conscientes de que todo trabalho feito com emocional surte melhor efeito, porém, é preciso atenção para observar que, ao longo dos anos, a Emoção das Marcas não acaba, mas pode esfriar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante o estudo feito nesse trabalho, pudemos observar que a essência para a descoberta do sucesso de uma marca é a transparência e cumprimento do que é prometido aos seus consumidores. A segmentação será mais fácil e direcionada, pois a identificação com a marca será maior quando o comprometimento também for.

O futuro será a união das empresas e dos consumidores, trabalhando e buscando resultados juntos por meio da interatividade que os meios de comunicação proporcionam. Então, é importante estar bem informado e acompanhar as novidades para atrair e manter os compradores interessados em uma determinada marca. Se hoje conhecemos bem poucas pessoas, o desafio será conhecer muitas a fundo e, para isso, as empresas terão que ser mais criativas para se vender. Consequentemente, seus produtos têm de estar onde o público está e fazer parte de suas vidas, em um processo eterno de estudo e pesquisa.

Agregar valor é essencial. Se as portas da web estão abertas e a voz do jovem tem importância, basta que as empresas sejam parceiras e se unam por um bem comum. Falar em personalização no atendimento é fácil, o difícil é construir o relacionamento business to customer.

A Geração C é uma incógnita porque estamos vivenciando a chegada dessa geração no presente. Não temos absoluta certeza de como será daqui a uns anos e esse é o grande ponto de interrogação do Marketing atual. Tomamos como base os jovens atuais e o seu comportamento voltado para a web, um recurso que, se utilizado com foco e planejamento, pode construir rapidamente uma marca. Finalmente, tudo é uma questão de criar relacionamento com o seu público final, uma relação quase familiar.

"Não é a mais forte das espécies que sobrevivem, nem a mais inteligente, mas aquela que melhor se adapta às mudanças" - Charles Darwin.






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARLOW, Janelle; MAUL, Dianna. Valor Emocional. Rio de Janeiro: Editora Makron Books, 2001. p. 184 ?190.

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KOTLER, Philip. Administração de Marketing : Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 195.

LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos Hiper modernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2007. p. 56.

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PINTO, Augusto. Chega mais. 2009. Disponível em: . Acesso em 27 abr. 2010

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RIBEIRO, Alessandro. Casa do Galo. 2008. Disponível em:
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Autor: Camila Nobre Maitê Romão, Alessandro Strufaldi


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