Quem não conhece uma casa de caboclo?



Quem não conhece uma casa de caboclo, assim diz a famosa canção, mas é fato e a pergunta persiste, quem não conhece uma casa de caboclo?
Quando o assunto é cultura, arte de um povo, não se pode esquecer a morada, o "palácio" do nosso bom caboclo.
Em matinhos o antigo morador era residente de casas de pau a pique, taperinhas feitas de madeira e folhas de palmeira, chão batido e de uma simplicidade sem igual.
A casa do caboclo Matinhense era simples e bem humilde, na cozinha o fogão de lenha era muitas vezes no chão, a panela pendurada no teto por uma corrente e um fumeiro pra secar o peixe, no fumeiro comum eram os peixes a secar, salgados e escalados, alem de outros animais, produto das caçadas feitas pelo homem da casa.
Ranchinho humilde, sem água encanada ou televisão, ali reinava a simplicidade, as paredes de madeira, muitas vezes eram usadas para prender os antigos quadros de casamento ou das pessoas da casa, aquela retrato apagado que todos já devem ter visto na casa da avó, a paredinha cheia de frestas, causa do frio de arrepiar, o caboclo nas noites frias de inverno, bebia e ia ao fogo se esquentar, o chão de terra batida, o teto de palha seca, artes de um povo rico, perito em sobrevivência.
Na sala tinha pouca mobília, um banco, um baú ou algo assim, pois quando a família crescia de mais, a sala virava quarto, erguia-se a tarimba, espécie de cama rudimentar feita de madeira roliça e a esteira, ali dormia as crianças, o quarto, era do casal, mas se havia um idoso na casa, o quarto era passado ao idoso em sinal de respeito. A roupa ficava em baús, as poucas cobertas eram levadas pelos homens para praia quando iam lidar com a pesca, ficando as mulheres expostas ao frio das noites frias de junho, mês de mais abundancia da tainha.
Cada morador tinha o seu banquinho, as crianças inclusive, nas refeições, sentavam-se em seus banquinhos e faziam a refeição com o prato no colo, ou raramente em uma pequena mesa geralmente na sala que era o cômodo mais amplo da casa.
Típica eram as gaiolas penduradas nas paredes da casa, geralmente um bonito-lindo cantava alegremente atraindo a atenção de todos.
A casa era simples, mas o caboclo tinha orgulho de ali morar, se alguém pedia "poso", logo eram atendidas, comum entre o povo Matinhense, as visitas de fim de tarde, pra papear e fala da vida, mais comum ainda entre algumas mulheres era falar da vida alheia, o que ainda é comum por aqui.
O cachorro na porta, dormindo geralmente ou coçando o corpo, as galinhas pastando perto do quintal, sem muro ou cerca, sem asfalto ou carros, sem nada, com tudo.
As ruas eram caminhos, a casa do caboclo tinha aquele ar singelo, o que carinhosamente chamo de casa de avó.
De manhã o cheiro de café e bolinha de chuva, infestava a casa, casa de caboclo simples casa de um povo feliz, na simplicidade era perfeita, casa de caboclo é passado, na mente uma lembrança e nostalgia em poder rever o que foi nossa casa um dia.
Já dizia a musica, Quem não conhece uma casa de caboclo Não faça pouco vá lá em casa passear, Um cafezinho com bolinhos não demora Conforme a hora também fica pra jantar. Casinha simples encostada ao pé da serra, Se é amigo não repara onde eu moro, Vá ver de perto o meu céu aqui na terra, E conhecer as criancinhas que eu adoro.
Quem não conhece uma casa de caboclo, feche os olhos, vamos juntos sonhar!

Autor: Leandro Silveira Tavares


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