Cultura e Educação: Sócrátes, Roma e Jesuítas



UNIVERSIDADE AUTONOMAS DO MERCOSUL-UNIAMÉRICAS
Especialização integrada ao Mestrado em Ciências da Educação
DISCIPLINA: Cultura e Historia da Educação.
Profª Lucidalva Pereira Bacelar
Aluno: José Gilardo Carvalho

( Cultura e Educação em: Sócrates, Roma, Santo Agostinho e Jesuítas)

Novembro-2009
Fortaleza
UNIVERSIDADES AUTÔNOMAS DO MERCOSUL-UNIAMÉRICAS
Especialização Integrada ao Mestrado em Ciências da Educação
Disciplina: Cultura e História da Euducação

Introdução

Essa breve pesquisa aponta alguns aspectos que considero relevantes, para a compreensão da educação e da cultura ocidental.

A figura do filósofo grego Sócrates, com seu método da Ironia e Maiêutica, processos que nos levam a uma reflexão sobre a sabedoria e sua importância para o desvelamento do homem.

A visão agostiniana da educação como submissão ao divino. O professor como aquele que ¨ ilumina ¨ o aluno na busca da realidade presente nas idéias inatas nele.
Com a pedagogia romana, procuramos estender a ação vista como virtude. Virtude que não significa elaboração de novos entendimentos, mas apenas adequação a determinações pré-existentes.

A educação jesuítica, apesar de ser direcionada a manutenção de um modelo acrítico, não pode ter sua importância negada, menosprezada na constituição do saber e da cultura da América.

Para Sócrates o inicio da verdadeira sabedoria era a consciência de nossos limites em compreender o sem limites. A verdade última é o sem limites. O filósofo Sócrates, ao pronunciar a célebre máxima: ¨ Só sei que nada sei ¨ , nos leva a refletirmos que o saber começa com a ¨ humildade ¨ do reconhecimento de que: Por mais que tenhamos conhecimento da realidade natural ou da sociedade humana, o que há por sabermos é tão imenso, que a sabedoria está em constatarmos essa compreensão.Ora, o homem começa a saber quando entende que por questões físicas e temporais não dominará a totalidade do conhecimento.

Quanto a Ironia e a Maiêutica socrática, uma vem acompanhada da outra. O próprio Sócrates nos diálogos de Platão, diz que seu destino é investigar, já que a única verdade que detém é a certeza de que nada sabe. Interrogava, portanto, para saber e, empenhado nessa tarefa, não raro surpreendia as pessoas em contradições, resultantes de crenças aceitas de modo dogmático, de pretensas verdades admitidas sem criticas.

A Ironia tinha que ser acompanhada da Maiêutica, isto é; o método socrático constituía-se de duas partes: A primeira mostravas os limites, as falhas, os preconceitos do pensamento comum. A segunda iniciava no processo de busca da sabedoria. Numa situação de conflitos e de incertezas a Ironia depois de realizar exercícios da desconstrução e da negatividade, deve ajudar as pessoas a darem à luz as verdades que no entender de Sócrates traziam dentro de si. O exercício do filosofar, a partir de das verdades encontradas dentro de si, abria caminhos para múltiplas possibilidades de escolha e de ação. Assim acontecia o ¨ parto ¨ da luz do entendimento verdadeiro.

As perguntas de Sócrates não visavam a confundir as pessoas ou a ridicularizá-las. Ao contrário visava motivá-las a alcançar o conhecimento mais profundo, não só de si próprio, mas também dos outros, dos objetos, do mundo que as rodeiam. Provocando nelas novas idéias. Essa era a sua maneira de filosofar, sua ¨arte¨ de partejar de ajudar as pessoas a parir, a dar à luz ás novas idéias, arte que dizia ter aprendido com sua mãe, que ajudava as mulheres a dar a luz a seus filhos. A interrogação de Sócrates expunha os saberes dos sujeitos e, ao mesmo tempo, mostrava as pessoas não tinham consciência daquilo que realmente sabiam.

Com a Ironia , ao trazer a tona os limites dos argumentos comuns, ao mostrar as contradições ocultas na ordem comumente aceita, ao revelar ao abalar as certezas que fundavam o cotidiano, Sócrates convida ao filosofar como um processo metódico de elaboração de um saber fundado na reflexão interior.
( Conforme Lefebvre, 1969, p. 14) Sócrates proclama que ele não sabe de nada, e esta é sua maneira de trazer à luz o que ele sabe e o que já sabiam as pessoas honestas à sua volta( ora, pessoas honestas, acreditam saber tudo e é preciso ironizar um pouco delas para confrontá-las entre si e ensinar-lhes que elas só tinham opiniões contraditórias, cuja verdade devia extrair-se do que tivesse verdade))

( Conforme Merleau-Ponty, s/d, p. 46) [....] a vida e a morte de Sócrates são a história das difíceis relações que o filosofo, que não é protegido pela imunidade literária, mantém com os deuses da cidade, isto é; com os outros homens e com o absoluto imobilizado, cuja imagem lhe apresentam[....])

¨ O mérito da virtude está na ação de refletir o pensamento pedagógico romano. A pedagogia romana visa o preparar os jovens para um oficio. Os pais confiavam seus filhos a um ¨ mestre ¨ para que este o ensinasse as lições ¨.

Toda a pedagogia romana, quer no ensino das letras, no ensino primário: A escrita e a linguagem e o estudo dos poetas clássicos; os estudos superiores: A retórica, a oratória. No ensino de um oficio. Ora, todo esse caminho pedagógico nos remete a uma ação. A virtude está em aprender a fazer algo, a saber algo, ao desenvolvimento de uma habilidade, na destreza de fazer. E uma educação voltada para a ação. Mas não para a reconstrução, a reformulação de conceitos e atitudes. Mas para a ação pela ação. A reprodução do que já está posto, quer em termos de pensamento intelectual ou profissional.

Na educação familiar a criança era recebida com alegria, entusiasmo. Cercada de brinquedos, festas e carinho, companheirismo durante sua tenra infância.O papel materno e paterno, principalmente tornou-se fundamental. As meninas eram preparadas para os afazeres do lar.Os meninos para seguirem seus pais na aprendizagem referentes ao segredos da vida pública. Para uma profissão. Um oficio.

Embora tenha tido a influencia grega em Roma , a música, a dança, o conto não eram vistos como prazeres dignos de um cidadão.

Na escola primaria os ¨ pedagogos ¨ muitas vezes eram hospedados nas casas dos mais ¨abastados ¨ para ensinarem a seus filhos.Na escola secundaria os meninos freqüentavam a escola dos ¨ gramáticos ¨ para aperfeiçoar-se na linguagem. Nos estudos superiores os estudos ocorriam no pátio coberto do fórum ou em salas especiais oferecidas pela estado. Objetivavam os estudos formais da oratória e de como usá-la.

Podemos concluir que a pedagogia romana contribuiu para a divisão de classes antagônicas. Privilegiava a virtude como um ativismo sem maiores reflexões. Contribuiu portanto, para manter cada um na sua origem social, esquecendo que o saber deve levar a uma transformação de mentalidade e como conseqüência da estrutura social.

Pode se distinguir épocas na pedagogia de Santo Agostinho, uma que acentua a formação da educação humanística e outra que afirma sobretudo a formação ascética cristã.
Em ambas, para ele, o decisivo é a consciência moral, a profundeza espiritual, que nos ilumina a inteligência e faz reconhecer a lei divina eterna.Não descuida também do valor da cultura física, dos exercícios corporais, assim como a eloqüência e a retórica.Para a virtude espiritual tudo isso posto a serviço da salvação. O mais importante, porém é a formação da vontade. Diz: ¨ Não há de se esperar das crianças inteligência nem tampouco aspirar a ela. O primeiro é objetivamente a consciência, a disciplina e a oediencia.¨ ( Site: HTTP: WWW.recantodasletras.uol.com.br/biografias /147736 )

( Conforme, José Américo Pesanha) [....] A teoria agostiniana estabelece assim, que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de um um processo de iluminação divina, que possibilita ao homem contemplar as idéias, arquétipos eternos de toda a realidade. Nesse tipo de conhecimento a própria luz divina não é vista, mas serve para iluminar as idéias. Um outro tipo seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o próprio Sol; a experiência mística.

Certamente que ainda existem segmentos da sociedade, que pensam que o papel do professor e o de ¨ iluminar ¨ as idéias dos alunos. Aliás a palavra a-luno significa, sem-luz, numa referência a idéia de iluminação de Santo Agostinho. O aluno é aquele que na relação: aluno/professor, precisa ser iluminado para que perceba o conhecimento inato já existente de modo natural no aluno. Para Agostinho o professor não ¨ ensina ¨ ao aluno mas ambos necessitam da relação com o divino. Assim o professor ¨ iluminado ¨ por isso possui o conhecimento da realidade e pode e deve passar a luz ao estudante.

Vários setores da nossa sociedade são simpatizantes dessa visão passiva do aluno, onde ele é um ¨ depósito ¨ de conhecimento pronto e acabado. Vindo do professor que ¨ sabe tudo ¨. O aluno na é capaz de inferir algo, de raciocinar, de criar algo novo, de produzir conhecimento válido.


Ora, essa concepção é benéfica aos interesses de determinadas camadas sociais, principalmente os mais ricos. Essas classes que são as que se apoderaram na sociedade dita cristã, vêem essa visão agostiniana como uma garantia de manutenção do statu-quo.

Esse conceito de educação cristã é bastante comum, principalmente na educação das escolas particulares. Nesses estabelecimentos de ensino, como há apenas um interesse em continuar tudo do mesmo modo como se encontra na sociedade.A educação é depositária e o aluno é iluminado, já que ele por ser pertencente a classe dominante já traz em si, os conceitos do saber divino, do saber verdadeiro.

Se não é diretamente como o é pensado por Agostinho, o é por analogia, funciona com se fora.

A compahia de Jesus(jesuítas) surge como contraponto a reforma protestante. A Igreja precisava responder de uma forma contudente as criticas de Lutero. Os jesuítas aparecem como ¨ soldados ¨ da Igreja, de suas verdades, com uma disciplina militar, (era preciso demonstrar boa conduta moral, devido as criticas dos desmando dos membros da Igreja) rígida, regras claras, princípios morais, éticos. Assim os jesuítas dão uma resposta as criticas feitas pelos ¨ hereges ¨ reformistas.

Os jesuítas se formam a partir de um clero rigorosamente selecionado. A formação das escolas jesuíticas seguem a Ratio Studiorum. Eram previstos seis anos de Studia-inferiora, divididos em cinco cursos( três de gramática, um de humanidades ou poesia, um de retórica), um triênio de Studia-Superiora de Filosofia( lógica, física, ética) um ano de de metafísica, matemática superior, psicologia e fisiologia. Após uma repetitio generalis e um período de prática de magistério, passava-se ao estudo da Teologia, que durava quatro anos.

Passevino, na Cultura degli ingegni, de 1958, assim escreve: ¨ A eloqüência e as ciências conduzidas pelos religiosos como ancilas pra a Rocha e a Cidade de Deus, tornam-se escudos( insígnias de guerra) para derrotar os inimigos que pretendem assaltar a Igreja de Deus¨.

A classe que os jesuítas pretendiam educar, as crianças, os rudes e de todas as classes sociais, para incutir a fé católica e os preceitos da Igreja. No entanto, a classe social a que se destinava o fim da educação jesuítica, era a elite latifundiária, visto que a educação dos jesuítas, inculcava a obediência, a virtude do respeito a classe dominante.( site. HTTP/ WWW.recantodasletras.uo.com.br/1806673)

A influência da educação jesuítica no mundo se dá por vários aspectos: Primeiro a questão da disciplina, que favorece a ordem, o comportamento direcionado, o que agrada a vários setores da sociedade. Um outro ponto a ser destacado na formação jesuítica, que influencia no mundo é a defesa dos preceitos religiosos católicos. Cristãos de um modo geral, além da contribuição de uma cultura geral inegável, o legado dos jesuítas nas questões culturais são visíveis nas formações humanísticas de um modo geral.

Conclusões

O fenômeno educacional é uma temática apaixonante. É possível educar alguém? Ou apenas condicioná-la.? Como pensa David Hume: Que nosso pensar segue o que está posto como conhecimento, que apenas nos adequamos aos ¨costumes¨ e acreditamos que são a verdade. Verdade é que se há evolução humana isso ocorre a partir da dialética. É no diálogo, nas contrariedades das várias formas de pensar-se a realidade, que se faz o crescimento humano.

A trajetória histórica dos processos de transmissão, assimilação e acomodação e produção do conhecimento, nas várias áreas, nos levam a reflexões sobre a ação do homem sobre os outros homens.

Não se trata de procurarmos o certo ou errado na história da educação. O que é válido é a busca humana pela felicidade. O saber é uma construção coletiva.

Pensamos que uma educação e cultura para ser ideal, precisa levar à construção de novas visões de mundo. A desconstrução de modelos arraigados e ligados a interesses de classes que exploram o ser humano com objetivos excludentes, desumanos e egoístas, se faz importante, para que seja possível a busca da constante de uma sociedade, mais justa, igualitária e humana.

É através do conhecimento universalizado para todos e com acesso a por todos aos meios tecnológicos que facilitam o ensino e aprendizagem, que extrairemos elementos significativos na luta por um mundo melhor.
Autor: José Carvalho


Artigos Relacionados


A Importância Da Filosofia Para A Educação.

Maieutica

O Método Dialético De Sócrates E A Sua Finalidade

A Educação Jesuítica

Sócrates E Os Socráticos Menores...

A Educação No Período Colonial

Paulo Freire E A Autonomia