E então quem é o povo



E então quem é o povo? Povo. Palavra que se tornou comum, sem respeito e identificação, sem origem e sem fim... E agora quem é o povo?
- ??Vossa excelência, me respeite que tenho mais de vinte anos de luta pelo meu povo??.
Sou de alguém e não sabia, tenho dono. Fico feliz estão brigando por mim, que prestígio, brigando pela minha felicidade, pelos meus direitos, pela minha dignidade, eu gosto, eu gosto também de ser inocente, de ser puro, gosto de ser criança, gosto de sonhar. Enquanto uns se desdobram tentando inocentarem quem nunca é culpado e que de inocente nem a sombra escapa. Outros tentam buscar alternativas para sobreviver, tentam existir, tentam buscar o dia seguinte.
- ??Pai, você vai me da aquela bicicleta num vai???
O pai responde com uma mentira humilde e sincera de doer o coração que vai comprar a melhor bicicleta do mundo para o filho, mas que na sua cabeça de povo, não sabe nem como comprar o alimento de amanhã. E seu filho na sua cabeça de criança de verdade, espera, e espera a melhor bicicleta que possa existir, a melhor do mundo só para ele. Somos puros e somos crianças, sempre esperamos nossas bicicletas chegarem até hoje. E ela nunca vem... Mais um dia passou. O dia seguinte àqueles dias que se passaram.
- ??E vossa excelência quem é? Como se atreve a falar assim comigo, vossa excelência que tira daqui e tira dali, eu apenas tiro de lá. ??
E o povo, que viveu a façanha de passar por mais um dia, escuta de longe que a crise vai chegar... A crise vai chegar ecoa em nossas mentes a crise, será que ela vem ou essa é apenas para que nos esqueçamos às milhares que já se foram?
- ??A vossa excelência, sabe que não sou qualquer um, represento milhares, sou diferente. ??
Qualquer um. Eu sou qualquer um. Eles são diferentes, nos que somos iguais, somos os outros, que são citados em todas as conversas políticas de plenários e congressos, com frases filosóficas que deixariam até Aristóteles embasbacado. E quem é o povo? E de quem é o povo afinal? De quem eu sou? Mãe, Pai? Fico esperando que alguém me assuma? Ou tomo minhas próprias rédeas, sendo um Spartacus moderno, sabendo que sempre um revolto nunca dura muito... Tenho família. Fico na espera. Não sei quem sou, e vivo pensando no próximo dia. Vossa excelência... Não sei nem pra quem possa dizer este tipo de coisa, não conheço pessoas assim, não falo essas palavras, sou povo. Sou um, sou muitos, sou tantos... Não sou ninguém...Vossa excelência: O que é? Substantivo, adjetivo, advérbio, pronome, num sei, sou povo, e para o povo é um diminutivo, diminutivo de quem obedece e aumentativo de quem manda, sou apenas o povo, eles são vossa excelência...
A voz do povo é a voz de Deus. E eu quero minha bicicleta, isso mesmo, ainda quero minha bicicleta, aquela que e era a melhor do mundo, lembra? Espero pela crise, que pra mim já passou quando era criança, pois sobrevivi todos os dias até hoje, sempre ouvindo que tudo irá melhorar. Vossas excelências me respeitem eu sou o povo, e trabalho muito, muito mais duro que podem imaginar, trabalho para poder tentar dar a bicicleta que a inocência de minha filha me pediu, me respeitem que meu sol é mais quente, minha pele é mais queimada, não sou branquinho como vocês, tenho rugas, minha lua é mais bonita porque aprecio ela a cada instante porque sei que o amanhã já esta ai e que meu dia será de novo o meu dia, duro, quente, corrido, mais será meu dia.
Não tenho plano de saúde, não tenho nem direito de ficar doente, e se ficar, tenho que torcer que não seja algo grave, senão nem sei o que será de minha família, mas sei que eles seguirão se eu não estiver. O que peço senhores é que não me atrapalhem e me deixem tentar, eu quero tentar, eu não deixo e não espero por crises e não espero por vocês, congressistas e parlamentares, porque sou forte, minha voz é baixa mais consigo viver bastante, repetindo a mesma coisa, sabe que posso viver em média setenta anos e serão setenta anos repetindo: Me respeitem. E exijo que me chamem de vossa excelência, eu mereço... E quanto a vocês, se resumam a povo.

Davidson Menezes

Autor: Davidson Luis Menezes Rodrigues


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