A lei do menor esforço na Gestão Escolar



A Educação, dever do Estado e da Família, com a colaboração da sociedade (Art. 205 da Constituição Federal 1998), tem sido alvo de discussões, debates, estudos, teses, graças a Deus! Sinal de que ainda há esperança. Mas uma coisa é certa, quando entramos numa classe do ensino fundamental ou médio da rede pública de ensino, percebemos que há muito que se fazer para que a Educação atinja seu objetivo principal.
E neste ponto, já encontramos um sério problema. Qual é, ou quais são os objetivos da Educação no Brasil hoje? Creio que esta pergunta será respondida de forma diversa por pais, professores, políticos, intelectuais e demais segmentos da sociedade. E mesmo apesar de tantas divergências de opiniões, todos concordam que tais objetivos, sejam eles quais forem, não estão sendo atingidos.
A se somar a tantas outras opiniões, a minha é de que a Educação serve para que o cidadão em formação perceba o que está acontecendo no mundo, através de uma análise do passado, do presente e uma breve projeção de futuro. Buscando o conhecimento do outro e de si mesmo, o aluno poderá entender qual o real sentido de sua existência, e qual a importância que ele tem no desenvolvimento de sua sociedade, na construção do saber, da cultura e na continuidade de sua espécie. Creio que isso deva significar o pleno desenvolvimento do aluno, seu preparo para o trabalho e para exercer cidadania.
Mas como podemos observar, trabalhar todos estes conceitos, todo este conhecimento, desenvolver este saber com os alunos em sala de aula está sendo tarefa cada dia mais inexeqüível pelos nossos professores. E não podemos nem sonhar em dizer que a capacidade das crianças em reter conhecimentos está diminuindo. Elas até tem trabalhado bem com a sobrecarga de informações que tem recebido, não só elas, mas toda a sociedade moderna, onde a informação nos vêm a qualquer hora e local, diferentemente de épocas em que a família tinha um horário certo para ouvir as notícias do rádio, e muitas vezes apenas o patriarca tinha acesso a elas.
A indisciplina, a distração e a falta de motivação é que tem dificultado o trabalho dos nossos nobres educadores, frente a um público cada vez mais carente de uma formação familiar regrada e organizada. Sabemos que hoje muitos, incontáveis pais despejam os filhos na escola, e a ela delegam o trabalho de educar, de dar jeito numa criança que eles não tiveram sabedoria, paciência ou vontade de inserir no mundo da formação do ser humano.
Tudo bem, acolhamos pois, estas crianças que não tem culpa da formação que tiveram ou não até aqui, não podemos excluí-las do processo educacional por não se encaixarem nos padrões da escola. Creio que a escola é que precise se encaixar nos novos padrões da sociedade, assumindo uma responsabilidade que há algum tempo não tinha. E o Estado tem dado condições para que estas escolas façam este trabalho. Ao menos, condições materiais e estruturais. Capacitações também têm sido feitas para que os educadores debatam, discutam as novas facetas da sociedade moderna, e se adaptem a ela. Infelizmente, no que tange ao reconhecimento e remuneração adequada, em todos os Estados a política ainda é muito aquém de um país que quer alcançar as grandes potências mundiais.
De qualquer forma, as políticas de estado para que haja uma gestão democrática, em que a escola divida com a família e com a sociedade o papel de educar, estão em pleno desenvolvimento. O oferecimento de capacitação de pais através de Grupos de Estudos, o Dia da Família na Escola, a abertura do Conselho de Classe a todos os membros do Conselho Escolar, APMF e Grêmio Estudantil, e todo o incentivo para que estes Órgãos Colegiados atuem de forma cabal nas deliberações e na fiscalização do trabalho da escola tem sido crescente, ao menos no Estado do Paraná, nos últimos 10 anos.
Sabemos que na maioria das Escolas públicas, há uma cultura de abandono dos pais em relação aos filhos, no que se refere à vida escolar, e o trabalho de arrebanhar estes pais para a participação na escola não é simples. Há que se desenvolver em cada escola, em cada situação específica, uma política de acolhimento, de chamamento deste segmento da comunidade escolar para que se sinta motivada a participar, que não vá à escola apenas para receber más notícias dos filhos, mas que vá receber condecorações, assistir a espetáculos que seus pequenos podem desenvolver, que vá doar um dia do mês ou do ano para um trabalho de conservação do ambiente escolar, ambiente em que seus filhos passam tantas horas do dia.
Sim estas políticas existem por parte da Secretaria de Educação, mas não são efetivadas em muitas escolas, pois impera nestas instituições a Lei do Menor Esforço. Esta desmantela qualquer tentativa de construção da tão sonhada Gestão Democrática, participativa, voluntária. Acomodados à sua carga horária de 40 horas semanais, armados com o discurso de que não recebem nem para isso, os gestores destas instituições, e demais professores e funcionários deixam de executar qualquer trabalho maior como por exemplo, uma reunião de pais num sábado pela manhã, ou um evento cultural no fim de semana. Para aqueles que trabalham durante o dia, se prestar ao serviço voluntário numa noite seria o fim do mundo, e todas estas pessoas, bem menos que as crianças, acabam sofrendo com a queda na qualidade do ensino público.
Autor: Alex Moreira


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