SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO BLOCO CIRURGICO FUNDAMENTADA EM FLORENCE NIGHTINGALE.



SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO BLOCO CIRURGICO FUNDAMENTADA EM FLORENCE NIGHTINGALE.

SISTEMATIZACIÓN DE LA ASISTENCIA DE ENFERMERÍA EN EL QUIRÓFANO BASANDOSE EN FLORENCE NIGHTINGALE.

SYSTEMATIZATION OF THE NURSING ASSISTENCE IN OPERATING THEATRE BASED ON FLORENCE NIGHTINGALE.

Amanda Ferreira Gonçalves,
Adriene C. da Silva, , Carla de Jesus Ferreira, Carolina de Souza Costa, Flávia Jesulina C. da Silva, Gabriela Barbosa Saraiva, Gabriela Silva Mendes Pereira, Isabela Vieira Leroy de Melo Machado, Juliana Cristina de Souza, Lidielle Maria Lemos Gonçalves, Nathália Suelen de Miranda, Raquel Angélica de Andrade Sousa, Sílvia Ferreira Dias
Meire Chucre Tannure2

RESUMO: Trata-se de relato de experiência sobre a realização de um trabalho interdisciplinar enfocando a execução do pensamento crítico por parte de discentes do quarto período de enfermagem da PUC Minas ? Coração Eucarístico tendo por objetivo levar os alunos a refletir a SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) no BC (Bloco Cirúrgico) fundamentada no modelo teórico de Florence Nightingale e descrever os diagnósticos, resultados esperados e prescrições de Enfermagem a partir das evidências apresentadas pelo paciente, levando-se em conta a teoria. Verificou-se que muitos dos conceitos do modelo ambientalista de Nightingale se enquadram nas necessidades desse setor e que é possível descrever diagnósticos, resultados e prescrições de enfermagem para o paciente em recuperação anestésica. Concluiu-se que é possível desenvolver uma visão crítica relacionada à aplicabilidade da SAE.

PALAVRAS-CHAVE: Teoria de enfermagem, processo de enfermagem, enfermagem

ABSTRACT: The present study is about a report of the experience on interdisciplinay work focusing the execution of the critical thought of the nursing students (fourth period PUC Minas ? Coração Eucarístico). The objectives of this work were to provide reflection about the SNA (Systematization of the Nursing Assistence) in operating theatre based on the theoretical model of Florence Nightingale, and to describe diagnosis, results and prescriptions of nursing from evidences provided by patient, considering the theory. It was verified that the most of the concepts of the Nightingale environmental model are in agreement with the necessities of this sector. In addiction, it is also possible to describe diagnostic, results and nursing prescription for the patient in anesthetical recovery. Therefore, it was concluded that is possible to develop a critical view related to the applicability of SNA.

KEY WORDS: Theory of nursing, process of nursing, nursing
RESUMEM:Este estudio es el relato de una experiencia acerca de la realización de un trabajo interdisciplinar enfocando la ejecución del pensamiento crítico de los discentes del curso de enfermería (cuarto período) de la Universidad PUC Minas ? Coração Eucarístico. El objectivo del estudio fue promover la reflección de los discentes acerca de la SAE (Sistematización de la Asistencia de Enfermería) en el quirófano basandose en el modelo teórico de Florence Nightingale y describir los diagnósticos, resultados esperados y prescripciónes de la enfermería partindose de las evidencias presentadas por el paciente, considerandose la teoría. Muchos de los conceptos del modelo ambientalista de Nightingale estan de acuerdo con las necesidades del sector. Además, es posible describir diagnosticos, resultados y prescripiciones del cuidado para el paciente en la recuperación anestésica. Uno concluyó que es posible desarrollar una visión crítica relacionada con la aplicabilidad de la SAE.

PALABRAS CLAVE: Teoría del enfermería, proceso enfermería, enfermería

INTRODUÇÃO
A sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) é uma metodologia de trabalho que direciona as práticas do cuidado, organiza o fazer e o pensar além de permitir ampliar o foco da assistência para todas as esferas cuidativas: físicas, espirituais, culturais, psicossociais, biológicas e emocionais, abordando não somente a patologia, mas o indivíduo de maneira holística, o que possibilita uma assistência orientada e consequentemente o aperfeiçoamento do ato de cuidar.3 A SAE é um instrumento fundamental para o enfermeiro aplicar e demonstrar seus conhecimentos científicos e humanos no cuidado ao paciente e caracterizar sua prática profissional.4
O primeiro passo para a implementação da SAE é a escolha de uma teoria, pois um modelo teórico é importante para direcionar cientificamente a prática e evitar que o processo torne-se puramente uma forma metodológica de se organizar dados focalizados na doença. 3 Após a seleção do modelo teórico torna-se necessário um instrumento para aplicá-lo à prática, e este pode ser o processo de enfermagem (PE) que é um método científico que auxilia o profissional enfermeiro na tomada de decisões e implementação de ações respaldadas cientificamente.2
Conforme os artigos primeiro e segundo da resolução COFEN-272 a SAE deve ocorrer em toda instituição de saúde pública e privada5 em todos os setores dos serviços de saúde, desde a atenção primária até a terciária, das quais destacamos o bloco Cirúrgico (BC) que pode ser considerado uma das unidades mais complexas de um hospital pela especificidade de seus procedimentos. A portaria 400 do Ministério da Saúde considera o BC uma organização complexa devido às suas características e assistência especializada e ainda o define como um conjunto de áreas e instalações organizadas de tal forma que permita efetuar procedimentos cirúrgicos e a recuperação anestésica.8
A SAE no BC pode favorecer as ações de Enfermagem no que diz respeito à assistência, promoção da saúde e prevenção de complicações pós-operatórias, além de permitir organizar a assistência para um cuidado individualizado e maior integração do enfermeiro com o paciente e sua família e a equipe interdisicplinar. Porém, na prática tem se percebido que a SAE não tem sido implementada de fato nas unidades de saúde, e isso, causa muita insegurança e ansiedade nos acadêmicos de enfermagem9 uma vez que a teoria apreendida não tem sido vivenciada na prática. Assim, na tentativa de minimizar a insegurança sobre a aplicabilidade das etapas do processo de enfermagem e despertar o interesse dos discentes acerca da importância da implantação da SAE foi desenvolvido este trabalho, tendo por objetivo levar os alunos a refletir a SAE no BC fundamentada no modelo teórico de Florence Nightingale e descrever os Diagnósticos, Resultados esperados e Prescrições de Enfermagem a partir das evidências apresentadas pelo paciente, levando-se em conta a teoria.
Este trabalho torna-se relevante, uma vez que possibilita o desenvolvimento de uma visão crítica sobre a SAE no BC por parte dos discentes e promove uma análise para a execução do processo de enfermagem.

METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de um relato de experiência sobre um trabalho interdisciplinar realizado com os discentes do quarto período de enfermagem da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico. Como os alunos ainda não tiveram contato com a prática, o corpo docente desenvolveu um estudo de caso trazendo elementos da prática cotidiana para serem analisados pelos acadêmicos. Os dados do estudo abrangem os conteúdos das disciplinas ministradas neste período. A Teoria e o setor selecionados para este grupo de alunos, foi a de Florence e o Bloco Cirúrgico. Levantamentos bibliográficos a cerca do tema foram realizados utilizando-se o acervo da Biblioteca da PUC Minas e os bancos de dados da Bireme e Pubmed.

CASO CLÍNICO
Trata-se de L.C.S., 43 anos, sexo masculino, leucodermo, caminhoneiro, casado, 01 filha de 15 anos, residente em Belo Horizonte ? MG, que deu entrada no ponto atendimento com o seguinte quadro: Queixa principal: "Dor agonizante na barriga"
Historia da Moléstia Atual (HMA): Paciente apresentou quadro de uma dor intensa, "tipo facada" na região mesogástrica, irradiando-se para as costas. Sua dor começou subitamente, há cerca de uma hora, após ter voltado para casa de um jantar com sua esposa. Ela preocupada com a possibilidade de estar ocorrendo um "ataque cardíaco" chamou a ambulância do resgate para o transporte de emergência. A caminho do hospital o paciente teve náuseas freqüentes e apresentou vômitos (cinco episódios). Não houve alívio da dor. História familiar: positiva para cardiopatias (mãe portadora de angina e vítima de infarto fulminante há 05 anos). História Pregressa: Tabagista (01 maço de cigarros/dia), obeso, sedentário, diabético (DM Tipo I) em uso diário de insulina NPH, nega etilismo. É portador de Hipertensão arterial sistêmica (HAS) em uso regular de captopril 12,5mg/dia. Relata alergia a frutos do mar. Nega antecedentes de doença cardiovascular, neurológica ou renal. Relata não fazer uso de dieta hipossódica nem para diabético, uma vez que por viajar muito não tem como assegurar a ingestão deste tipo de alimentação. Paciente diz ser evangélico e que gosta muito de participar dos cultos se sua igreja. Hábito de sono: Relata que o hábito de sono é alterado devido sua atividade profissional. Prefere dirigir a noite e sendo assim dorme mais durante o período da tarde.
Hábito urinário: Relata que a urina está com a coloração normal (amarelo claro) e nega disúria. Hábito intestinal: regular (uma vez ao dia).Moradia: Relata morar em residência própria, com saneamento básico adequado e coleta de lixo três vezes por semana. Área arborizada e bem ventilada. Gosta de assistir TV, ler a bíblia e conversar com os amigos e familiares. Relata antecedentes de colecistite com dois episódios agudos no período de duas semanas e que foram tratados clinicamente.
Paciente foi transferido para a clínica médica (enfermaria) após punção de dois acessos venosos periféricos calibrosos nos MMSS. Nesta unidade, evoluiu com hematoquezia e hipocalcemia importante, aumento da tensão abdominal sendo submetido à realização do Ultra Sonografia de urgência que evidenciou imagem sugestiva de um pseudocisto ou abscesso pancreático, sendo encaminhado para o BC para uma laparotomia exploradora.
No BC o paciente foi recebido pela equipe de enfermagem sendo encaminhado para a sala cirúrgica na qual foi submetido a sondagem vesical de demora (sonda de foley n.18), implantação de uma sonda naso gástrica número 18, degermação da região abdominal com PVPI degermante e alcoólico, punção de acesso venoso em jugular externa esquerda, entubação traqueal, anestesia geral e peridural e à laparotomia exploratória que confirmou o diagnóstico de imagem.
Após cirurgia o paciente foi encaminhado para a sala de recuperação pós anestésica (SRPA) sendo prontamente examinado e acompanhado pelo enfermeiro desta unidade.
Exame físico:
Neurológico: Paciente sob efeito anestésico com 2 pontos na escala de Ramsay.Estado geral: Ictérico, acianótico, hipocorado (+3/+4), desidratado, Tax 35°.COONG: Pupilas mióticas, isocóricas e fotorreativas, Acesso venoso na jugular externa esquerda.
Habito alimentar: SNG n.18 para drenagem do conteúdo gástrico (Aspecto bilioso em moderada quantidade)Higienização corporal e bucal: Presença de PVPI degermante na região abdominal.AR: Expansividade torácica simétrica, FR: 15 irpm, em VM modo controlado, PEEP de 5, FIO2 de 40%, saturando 92%. MV diminuído nas bases pulmonares. ACV: Taquicárdico (112 bpm ? ritmo sinusal, Normotenso (PA: 110 x 70mmHg), BNRNF ausência de sopros.ABD: Tenso, distendido, doloroso à palpação superficial. RHA ausentes e timpanismo diminuído. Dreno tubular na posição distal da ferida operatória (laparotomia). FO com curativo oclusivo limpo e seco.Habito urinário: Diurese por SVD em torno de 100 ml/h.Habito intestinal: Ausente até o momento. MM: Acesso venoso periférico em MSD (sem permeabilidade, sendo removido) e MSE. Extremidades hipotérmicas e hipoperfundidas.
A esposa do paciente solicitou informações sobre o mesmo ao enfermeiro do BC. Ela estava muito ansiosa pois recebeu a noticia de que o mesmo tinha sido encaminhado para cirurgia em caráter de urgência e ela não estava com ele neste momento tão difícil.
O enfermeiro conversou com a esposa explicando o que tinha acontecido. Orientou que assim que ele acordasse seria transferido para a clinica cirúrgica.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
1-A SAE em bloco cirúrgico, a partir do referencial de Florence Nigthingale
O PE é constituído por fases. A primeira fase diz respeito à investigação, que é a coleta e análise de dados. Para Florence, a investigação consiste em questionar ao cliente o que é necessário ou desejado e exige da Enfermagem capacidade de observação. A coleta de dados servirá como subsídio para a segunda fase, que é a realização do diagnóstico da Enfermagem. Este relaciona as necessidades evidenciadas pelo paciente. A terceira fase é momento do planejamento, que consiste em traçar resultados esperados a partir de problemas reais ou potenciais do paciente, já a implementação é a quarta fase na qual são prescritas ações para que os resultados esperados sejam atingidos que, para Florence, são ações feitas para modificar o ambiente no qual o cliente está inserido. Por fim, temos a fase de avaliação que consiste em perceber e contabilizar as respostas do cliente às intervenções de Enfermagem. 1;7
O modelo de Nightingale defende que os vários componentes de um ambiente, como iluminação, ventilação e aquecimento, presença ou ausência de ruídos, limpeza e a disposição variada dos objetos e móveis nesse local, devem ser controlados de forma a evitar que o paciente desprenda energia de si para o ambiente tentando equilibrar-se com o meio, pois, tal energia dever ser utilizada exclusivamente na recuperação de sua saúde1. Ainda de acordo com a teoria, ambiente não diz respeito somente ao local onde o indivíduo se encontra seja casa, trabalho ou hospital, mas também ao estado psicológico, emocional e social que lhe é proporcionado nestes locais. O controle desses componentes ambientais é responsabilidade da Enfermagem, que deve se utilizar da observação desses para identificar e reduzir riscos reais ou potenciais de agravo à saúde.
Cada indivíduo reage da sua maneira a um mesmo ambiente, por isso é importante personalizar o local, no caso o bloco cirúrgico, para atender dentro do possível, as demandas do paciente e dos familiares. Neste sentido cabe ressaltar a importância da minimização do anseio da esposa do paciente, percebendo-a e ao pacientes como ser social.
Além disso, é importante ressaltar que o registro e comunicação efetiva dos dados colhidos se tornam necessários a fim de minimizar iatrogenias como foi a utilização do PVPI para efetuar a degermação da região abdominal do paciente, sendo que ele era alérgico ao iodo.
Cabe reforçar, apesar de não ter sido especificado, no caso, o ambiente do Bloco Cirúrgico, que segundo a RDC número 307/2002 da Anvisa deve ter o formato da sala de operações retangular ou oval; as portas devem ser largas, laváveis e resistentes; o piso deve ser liso, não poroso. Deve absorver luz, ser impermeável, pouco sonoro e bom condutor de eletricidade. Já as paredes devem ser constituídas de material liso, antiacústico e não refletor de luz. O teto não deve conter ranhuras, nem porosidades. Em relação às janelas, as mesmas devem favorecer a iluminação do ambiente, devem possuir telas e não apresentarem parapeitos dentro e fora e nem cortinas ou persianas. A temperatura ambiente deve estar entre 21 e 23.8º C para diminuir o metabolismo e a umidade relativa do ar deve estar entre 50 e 60 % para diminuir o crescimento bacteriano e suprimir a eletricidade estática.
Diante do que foi exposto e associado ao efeito da anestesia compreendes-e o motivo do paciente encontrar-se hipotérmico cabendo à equipe de enfemagem intervir promovendo a normalização da temperatura após a cirurgia.
2- Descrição dos Diagnósticos, resultados e prescrições de enfermagem
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
(UTILIZANDO TAXONOMIA NANDA) RESULTADOS ESPERADOS
Risco de integridade da pele prejudicada relacionado à sensibilidade aumentada a substâncias a base de iodo (PVPI). O paciente terá PVPI retirado da região abdominal agora.
Dor aguda relacionada à destruição do parênquima pancreático pela ativação precoce das enzimas pancreáticas evidenciado por relato verbal, abdome doloroso à palpação superficial e taquicardia O paciente apresentará sensibilidade dolorosa diminuída em aproximadamente uma hora
Hipotermia relacionado à exposição a ambiente frio e efeitos da anestesia, evidenciado por temperatura menor que o padrão normal (35ºC). O paciente exibirá temperatura corporal aumentada em até duas horas
Perfusão tissular periférica e gastrintestinal ineficaz relacionado à vasoconstrição periférica e vasodilatação central secundárias ao processo inflamatório pancreático evidenciado por extremidades hipotérmicas e hipoperfundidas, hipocoloração, distensão abdominal, dor à palpação abdominal superficial, ruídos hidroaéreos ausentes e timpanismo diminuído O paciente apresentará perfusão periférica e gastrintestinal melhorada em doze horas.
Risco de aspiração relacionado à presença de SNG com presença de resíduo gástrico bilioso em moderada quantidade, TOT, mobilidade do trato gastrintestinal ausente e rebaixamento do nível de consciência O paciente terá o risco de aspiração reduzido enquanto estiver com SNG, TOT e baixo nível de consciência.
Ventilação espontânea prejudicada relacionada à queda do nível de consciência secundário à anestesia geral evidenciado por entubação traqueal e necessidade de ventilação mecânica O paciente irá recuperar ventilação espontânea após término do efeito anestésico e extubação
Risco de infecção relacionado a procedimentos invasivos (SVD, acesso venoso periférico em jugular externa esquerda, TOT, acesso venoso periférico em MSE, laparotomia exploradora, dreno tubular na posição distal da ferida operatória e anestesia peridural). O paciente apresentará risco de infecção diminuído durante permanência do acesso venoso na jugular externa esquerda, SNG, dreno tubular na posição distal da ferida operatória, SVD, acesso venoso periférico em MSE e TOT
Integridade da pele prejudicada relacionada a procedimentos cirúrgicos evidenciado por ferida operatória abdominal O paciente terá a integridade da pele melhorada em até sete dias
Risco de constipação relacionado a processo inflamatório e RHA ausentes
O paciente terá o risco de constipação diminuído e apresentará evacuação em até 72 horas.
Processos familiares interrompidos relacionados à necessidade de procedimento cirúrgico evidenciado pela impossibilidade de acompanhantes no bloco cirúrgico O paciente terá os processos familiares retomados após o término da cirurgia
Interação social prejudicada relacionada à internação e procedimento cirúrgico evidenciada pela impossibilidade da companhia da esposa devido ao caráter de urgência O paciente terá a interação social melhorada após o término da cirurgia.


Prescrições de enfermagem
1.0 Limpar a região abdominal, imediatamente após o procedimento cirúrgico, retirando o PVPI, com soro fisiológico e gaze.
2.0 Inspecionar a pele do paciente uma vez por turno de trabalho. Documentar a condição da pele, anotar e avisar ao enfermeiro quaisquer alterações (cianose, lesões, hiperemia) da mesma.
3.0 Manter a pele do paciente limpa e seca. Lavar a pele com sabão neutro e lubrificá-la com creme de uréia a 10% após remoção do PVPI degermante ou sempre que estiver ressecada.
4.0 Investigar os relatos verbais de dor abdominal quando realizar palpação. Observar a localização e a intensidade através de escala numérica (0-10) e fatores que agravam e aliviam a dor. Comunicar ao enfermeiro valores de escala numérica de dor acima de 8 e a presença de fasceis dolorosas.
5.0 Manter o paciente em repouso no leito e em posição antálgica, proporcionando um ambiente calmo e repousante. Evitar palpação abdominal. Comunicar ao enfermeiro quando o paciente queixar desconforto e dor.
6.0 Aferir Tax de 1/1 hora e comunicar ao enfermeiro se maior que 37,5° e menor que 35°.
7.0 Aquecer o corpo do paciente com cobertores e manter extremidades aquecidas por meio do enfaixamento das mesmas, após o procedimento cirúrgico e até que ele atinja a temperatura de 37,5°.
8.0 Drenar estase gástrica, deixando a sonda nasogástrica aberta. Atentar para a presença de distensão abdominal (comunicar ao enfermeiro). Analisar e registrar aspecto, coloração e quantidade do conteúdo gástrico drenado.
9.0 Avaliar tempo de enchimento capilar de 1/1 hora e comunicar ao enfermeiro valor superior a 3 segundos.
10. Elevar e manter cabeceira do paciente em 30° durante a permanência na sala de recuperação pós-anestésica, abaixando durante o transporte. Fechar a sonda nasogástrica durante o transporte. Atentar para piora do padrão respiratório ao modificar a posição da cabeceira, e, caso ocorra, comunique ao enfermeiro.
11. Manter pressão do cuff (balonete do TOT) em 20mmHg. Checar pressão do balonete de 12/12h e quando detectar ruídos vocais.
12. Monitorar a freqüência respiratória, sons respiratórios, freqüência cardíaca e pressão arterial de 1/1 hora. Comunicar ao enfermeiro valores de freqüência respiratória acima de 15irpm (VM controlada),presença de sibilos, crepitações e/ou roncos, ausência de murmúrios vesiculares, tosse, produção de secreção e se freqüência cardíaca estiver acima de 100bpm ou abaixo de 60bpm, e, PAS acima de 140mmHg e abaixo de 90mmHg e PAD acima de 90mmHg e abaixo de 60mmHg.
13. Aspirar vias aéreas seguindo técnica asséptica, sempre que auscultar a presença de roncos e de acordo com a seqüência: tubo, nariz e boca.
14.Verificar o ambiente do bloco cirúrgico antes da cirurgia, quanto a preparo de materiais, organização e limpeza (enfermeiro).
15. Trocar a fixação da SNG e da SVD de 24/24 horas e sempre que solta, úmida ou suja. Proteger a região de fixação da SNG e SVD com micropore e fixar com esparadrapo. Datar e assinar.
16. Trocar curativos dos acessos venosos periféricos em jugular externa esquerda, MSE e do dreno tubular todos os dias e sempre que sujo, solto ou úmido. Limpar área de inserção dos acessos venosos com álcool a 70% e ocluir com micropore. Limpar a área de inserção do dreno com Clorohexidine degermante, retirar com SF a 0,9% e ocluir com gaze e micropore. Datar e assinar.
17. Observar sinais flogísticos (calor, rubor, edema e dor) no local de inserção dos acessos no MSE, jugular externa E e nos locais de fixação do tubo endotraqueal, SNG, SVD e dreno tubular. Observar também a presença de sinais de deiscência na região da ferida operatória. Comunicar ao enfermeiro caso apareçam.
18. Auscultar os sons intestinais e inspecionar o paciente quanto à distensão abdominal, na chegada da sala pós-anestésica e de 1/1 hora. Comunicar ao enfermeiro caso os ruídos hidroaéreos permaneçam ausentes e caso ocorra distensão abdominal.
19. Permitir a entrada da esposa na sala de recuperação pós anestésica, orientando-a sobre a importância de não oferecer alimentos ao paciente e realizar a limpeza das mãos com álcool a 70%.
A partir das análises relacionadas ao ambiente, e do exercício do pensamento crítico na descrição dos diagnósticos, resultados e prescrições percebe-se a possibilidade de intervenção assistencial do profissional enfermeiro em um BC. Uma opção que pode auxiliar na implantação da SAE é após a seleção do referencial teórico confeccionar com a participação de toda a equipe de enfermagem instrumentos de coleta de dados baseado nessa teoria que juntamente com o conhecimento cientifico permitirá aos enfermeiros o estudo do caso que envolve o cliente e sua análise adequada para chegar-se à conclusões pertinentes e, consequentemente, tomar decisões e planejar o cuidado de forma correta e individualizada.1,8,10

CONCLUSÃO
O trabalho realizado permitiu aos acadêmicos de enfermagem, a partir de um caso clínico fictício, realizar uma reflexão sobre a SAE. Essa metodologia de trabalho é essencial para nortear e normatizar a assistência, favorecendo assim um cuidado individualizado e com subsídios científicos.
Constatou-se que muitos dos conceitos do modelo ambientalista de Nightingale se enquadram nas necessidades desse setor, entre eles, a importância de um ambiente ventilado, com iluminação adequada e sem ruídos. Mas por outro lado, o fato de ser uma teoria de nível dois, que apenas relaciona fatores pode-se inferir que existem outras teorias de nível quatro que possuem um método melhor definido para aplicabilidade dos conceitos.
Verificou-se a possibilidade de ser realizado o estudo da fisiopatologia de evidências apresentadas pelos pacientes e a partir desta análise serem descritos os diagnósticos de enfermagem (DE), os resultados esperados (RE) e as prescrições de enfermagem (PE) para realizar uma assistência mais efetiva. Para o caso clínico em questão foram descritos onze DE, onze RE e dezenove PE, relacionados ao momento em que o paciente se encontrava no BC.
Diante de tudo que foi exposto e analisado, foi possível desenvolver uma visão crítica a respeito da diferença entre uma assistência sistematizada e aquela baseada apenas na realização de técnicas. Além disso, reconhecer a necessidade de uma teoria que se encaixe no perfil dos usuários e funcionários e com o setor em questão.

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Autor: Amanda Ferreira Gonçalves


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