PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO À QUIMIOTERAPIA



CENTRO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA
DE MACHADO ? CESEP
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE MACHADO - FEM

ENFERMAGEM

DIEGO ANDREAZZI DUARTE

PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE SUBMETIDO À QUIMIOTERAPIA


OURO FINO ? MG
10 DE NOVEMBRO DE 2009


1. INTRODUÇÃO

A quimioterapia refere-se ao tratamento de doenças por substâncias químicas que afetam o funcionamento celular no tratamentos do câncer onde são utilizadas drogas antineoplásicas.

Os agentes quimioterápicos também podem ser utilizados para o tratamento de doenças autoimunes, tais como a esclerose múltipla e a artrite reumatóide. Podem ser utilizados, ainda, para supressão de rejeições à transplantes diversos.

A neuplasia é um crescimento descontrolado de células de um tecido do organismo. Em outras palavras, câncer é o termo que se emprega para definir um grupo de enfermidades com um denominador comum: a transformação da célula normal em outra que se comporta de maneira muito perigosa para o corpo humano.

Muitas das drogas quimioterápicas trabalham prejudicando a mitose celular, efetivamente, afetando as células de crescimento rápido. Como estas drogas causam danos celulares, elas são chamadas de citotóxicas ou citotásticas. Algumas destas drogas levam a célula à apoptose. Isto significa que outras células de divisão rápida como aquelas responsáveis pelo crescimento do cabelo e substituição do epitélio da parede do intestinal são também afetadas. Entretanto, algumas drogas têm efeitos colaterais menores que outras, possibilitando ao médico ajustar o tratamento, trazendo vantagens aos pacientes.


2. PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM

O enfermeiro tem um papel importante na avaliação do controle de muito dos problemas experimentados pelo paciente que se submete à quimioterapia. Por causa dos efeitos sistêmicos sobre as células normais, bem como sobre as malignas, esse problema frequentemete são disseminados, afetando muito sistemas corporais.


Quadro 1 - Plano de cuidados de enfermagem ao paciente submetido à quimioterapia

Diagnóstico de Enfermagem Prescrição de Enfermagem
Risco de infecção relacionado à resposta imunológica alterada 1. Avaliar o paciente para evidência de infecção
a. Verificar os sinais vitais a cada 4 horas.
b. Monitorar a contagem de leucócitos.
c. Monitorar todos os sítios invasivos como porta de entrada para infecções.
2. Reportar: febre, calafrios, sudorese, edema, dor, eritema, exsudato e demais alterações. Estado respiratório e mental.
3. Obter cultura e teste de sensibilidade, quando indicado, fezes, urina, escarro, exsudato, sangue.
4. Iniciar medida para minimizar a infecção.
a. Discutir com o cliente e família
b. Colocar o cliente em alojamento restrito se a contagem leucócitos for <1.000)mm3.
c. Orientar da importância de evitar o contato com pessoa com infecções conhecidas.
d. Instruir sobre a higienização das mãos antes e depois de entrar no quarto.
e. Evitar os procedimentos retais ou vaginais.
f. Usar emolientes fecais para evitar a constipação.
g. Ajudar o cliente na prática da higienização.
h. Instruir o cliente a usar barbeador elétrico.
i. Encorajar a deambulação no quarto.
j. Diariamente: trocar o reservatório de água potável.
5. Avaliar diariamente os sítios intravenosos para evidencia de infecção.
a. Trocar em dias alternados.
b. Limpar a pele com solução iodopovidona antes da punção arterial ou venosa.
c. Trocar o curativo do cateter venoso a cada 48 horas.
d. Trocar todas as soluções e equipo de infusão a cada 48 horas.
6. Evitar injeções intramusculares.
7. Evitar a inserção de sondas urinárias.
8. Ensinar o cliente ou o membro da família a administrar o fator estimulador de colônias de granulócitos quando prescrito.
Integridade cutânea comprometida: reações de declamação eritematosa e úmida à radioterapia 1. Nas áreas eritematosas:
a. Evitar o uso de sabões, cosmético e produtos químicos.
b. Usar apenas água morna para banhar a área.
c. Evitar o atrito ou arranhadura da área
d. Evitar barbear a área com aparelho barbeador.
e. Evitar a aplicação de bolsas de água quente ou gelo, esparadrapo na área.
f. Evitar expor a área à luz solar ou ao frio.
g. Evitar roupas apertadas na região, usar roupas de algodão.
h. Aplicar pomadas de vitaminas A e D na região.
2. Se ocorrer descamação úmida:
a. Não romper nenhuma bolha que tenha sido rompida.
b. Evitar lavagem frequente da região
c. Usar creme ou pomadas prescritas.
d. Se a área exsudato, aplicar uma fina camada de curativo com gaze.
Mucosa oral comprometida: estomatite 1. Avaliar a cavidade oral diariamente.
2. Instruir o cliente a relatar a queimação oral, dor e área de rubor.
3. Encorajar a auxiliar na higiene oral.
a. Escovar com escova de dente de cerdas macias; passar o fio dental a cada 24 horas.
Estomatite branda:

b. Lavar com soro fisiológico a cada 2 hora e 6/6 horas à noite.
c. Usar escova macia
d. Remover prótese dentária, exceto para refeição.
e. Aplicar o lubrificante de lábios.
f. Evitar os alimentos que são condimentados.
Estomatite grave:
g. Obter amostra de tecido para cultura e teste de sensibilidade na área de infecção.
h. Avaliar capacidade de mastigar a deglutir.
i. Usar os consultórios orais conforme prescrito.
j. Remover as próteses dentárias.
k. Usar escova de dente ou gaze embebida em solução para a limpeza.
l. Utilizar lubrificante labial.
m. Promover a dieta líquida ou em purê.
n. Monitorar a deglutição.
4. Minimizar o desconforto.
a. Consultar o médico par o uso de anestésicos e analgésicos.
b. Administrar os medicamentos prescritos.
c. Realizar o cuidado oral, conforme descrito.
Integridade tissular comprometida: alopecia 1. Discutir a perda de cabelos potencial e o novo crescimento com o paciente e família.
2. Explorar o impacto potencial da perda do cabelo sobre a auto-imagem.
3. Prevenir ou minimizar a perda de cabelo:
a. Cortar o cabelo comprido antes do tratamento
b. Usar xampu e condicionador neutro.
c. Evitar lavar frequentemente.
d. Evitar ondulatores elétricos, secadores, chapinhas ou equivalentes.
e. Evitar pentear ou encovar excessivamente, usar pente com dentes bem separados.
4. Evitar trauma do couro cabeludo.
a. Lubrificar o couro cabeludo com pomada de vitamina A e D.
b. Fazer com que o cliente use filtro solar.
5. Sugerir meios para ajudar no enfrentamento à queda de cabelo.
a. Comprar peruca ou aplique.
b. Começar a usar peruca.
6. Explicar que o crescimento do cabelo geralmente recomeça quando o tratamento termina.
Nutrição desequilibrada, menos que as demandas corporais, relacionada com as náuseas e vômitos 1. Avaliar as experiências prévias do cliente.
2. Ajustar a dieta entes e depois da administração do medicamento.
3. Evitar as visões, odores e sons desagradáveis.
4. Utilizar a distração, terapia com música.
5. Administrar os antieméticos, sedativos e corticóides prescritos.
6. Garantir hidratação adequada.
7. Encorajar a higiene oral frequente.
8. Fornecer as medidas de alívio da dor quando necessário.
9. Avaliar outras causas de náusea e vômito.
Nutrição desequilibrada: menos que as demandas corporais, relacionada com a anorexia, caquexia ou má absorção 1. Ensinar o cliente a evitar as visões, odores e sons desagradáveis.
2. Sugerir alimentos que são preferidos e bem tolerados pelo mesmo.
3. Encorajar i a ingesta hídrica adequada.
4. Sugerir refeições menos e mais freqüentes.
5. Promover o ambiente relaxados e tranqüilos na hora da refeição.
6. Considerar os alimentos frios.
7. Fornecer medidas de alívio da dor.
8. Aumentar o nível de atividades, conforme tolerado.
9. Diminuir a ansiedade ao encorajar a verbalização dos tremores.
10. Posicionar adequadamente o paciente na hora da refeição.
11. Fornecer alimentos por sonda enteral de dieta líquida comerciais.
12. Fornecer nutrição parenteral com suplementação lipídica, conforme prescrição.
13. Administrar estimulante do apetite, conforme prescrição.
Fadiga 1. Encorajar vários períodos de repouso.
2. Aumentar o total de horas de sono noturno.
3. Reorganizar o horário diário e organizar as atividades.
4. Encorajar o cliente a pedir assistência de outros ao fazer atividades domésticas.
5. Encorajar a carga de trabalho reduzida.
6. Encorajar a ingesta protéica e calórica adequada.
7. Encorajar o uso de técnicas de relaxamento.
8. Encorajar a participação nos programas de exercícios planejados.
9. Avaliar os distúrbios hidroeletrolíticos.
10. Fornecer estratégias para facilitar a mobilidade.
Dor crônica 1. Usar a escala de dor para a avaliação.
2. Assegurar que você sabe que a dor é real.
3. Avaliar os outros fatores que contribuem para a dor.
4. Administrar analgésico, conforme prescrito.
5. Avaliar as respostas comportamentais frente à dor.
6. Colaborar com o cliente e equipe para minimização da dor.
7. Encorajar as estratégias de alívio da dor.
8. Ensinar o cliente as novas estratégias para alívio da dor.
Luto antecipado relacionado com a perda; papel de funções alterado 1. Encorajar a verbalização do medo.
2. Encorajar a participação ativa do cliente ou família nas decisões sobre o tratamento.
3. Visitar frequentemente a família para estabelecer e manter o relacionamento.
4. Encorajar a verbalização de sentimentos negativos e raiva.
5. Permitir períodos de choro e expressão da tristeza.
6. Envolver religiosos, conforme desejado pelo cliente.
7. Orientar para o aconselhamento profissional.
8. Permitir a progressão através do processo de luto.
Distúrbio de imagem corporal e baixa auto-estima situacional relacionados com as alterações na aparência, função e papéis 1. Avaliar o sentimento do cliente sobre seu corpo.
2. Identificar as ameaças potenciais à auto-estima.
3. Encorajar a participação contínua nas atividades e tomada de decisão.
4. Encorajar o cliente a verbalizar usa preocupações.
5. Individualizar o cuidado.
6. Assistir a cliente no auto-cuidado.
7. Encorajar o cliente e a parceira a compartilhar as preocupações.
Complicação potencial: risco de problemas hemorrágicos 1. Avaliar o potencial de sangramento.
2. Avaliar o sangramento:
a. Petéquias ou equimoses
b. Diminuição no hematócrito ou hemoglobina.
c. Sangramento prolongado em razão do procedimento invasivo.
d. Sangue macroscópico ou oculto.
e. Sangramento de qualquer orifício.
f. Estado mental alterado.
3. Instruir o cliente e familiares sobre:
a. Usar escova de dente macia.
b. Utilizar barbeador elétrico.
c. Usar lixa para cuidados das unhas.
d. Evitar alimentos de difícil mastigação.
4. Iniciar medidas para minimização do sangramento.
a. Coletar o sangue para exame.
b. Evitar verificar a temperatura por via retal.
c. Evitar injeções intramusculares.
d. Aplicar pressão direta nos sítio de punção venosa.
e. Lubrificar os lábios com vaselina.
f. Evitar o cateterismo vesical.
g. Manter ingesta hídrica.
h. Usar emolientes fecais.
i. Evitar medicamentos que possam interferir na coagulação.
5. Quando a contagem de plaquetas for menos que 20.000/mm3.
a. Manter repouso no leito co grades laterais.
b. Prevenir atividades acentuadas.
c. Transfundir plaquetas, conforme prescrição.
d. Supervisionar a atividade quando fora do leito.
e. Advertir contra o assuar vigoroso do nariz.


3. CONCLUSÃO

Conclui-se que a o plano de cuidados de enfermagem é uma intervenção essencial para o indivíduo submetido internação, sendo a principal terapêutica realizada pela enfermagem em instituições de saúde, norteando as ações da equipe de enfermagem, principalmente as realizadas ao cliente com cuidados especiais, com a quimioterapia, pelo processo neoplásico. Assim enquanto futuros enfermeiros, agentes técnicos e responsáveis destas ações, devemos ter conhecimento técnico-científico acerca do plano de cuidados em enfermagem, seja ela promotora ou intervensora de cuidados.

Contudo, este estudo nos proporcionou maior compreensão acerca da terapêutica de cuidados, pela realização do plano de cuidados em enfermagem ao cliente submetido à quimioterapia, bem como, as intervenções e tomanda de decisão frente a este.


REFERÊNCIAS

1. BRUNER, Bare G e SUDDARTH, Smeltzer C. Tratado de Enfermagem Médico-Cirurgica, 10 ed.Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2005. 16-18.

2. LOBATO SD, VILLASANTEC e VILLAMOR J. Ações de Enfermagem na Complicação da Infusão Parenteral de Substâncias Hipertônica. Med Clin (Barc) 2004; 100: 264-265.

3. FUNDAMENTOS DA CIRCULAÇÃO CORPÓREA. Fisiologia Circulatória. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2008, 22:30:10.

4. TOLENTINO EC, FEREZ O, OLIVEIRA GR, RAMALHO FS, ZAMBELLI RLN, ZUCOLOTO S e SILVA OCJ. Infusão Venosa. Acta Cir. Bras. vol.18 suppl.5 São Paulo 2003.

5. KUMAR, vinay, COTRAN, ramzi S, ROBBINS, stanley L. Patologia Básica. 5º ed. Edt. Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro, 1994. 322-324.

6. ROBINS stanley L,KUMAR, vinay, COTRAN, ramzi. Patologia Básica 6º ed. Edt. Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro, 2000. 639-640.

Autor: Diego Andreazzi Duarte


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