O Cão Negro
Eu tento ler um livro, mas a sua presença me é constante, apesar de estarmos a cinquenta metros de distância um do outro e termos uma janela de vidro blindado nos separando. Isso me incomoda imensamente. Arrisco-me a olhar para fora e o vejo ainda sentado ou em pé, olhando a minha alma.
A madrugada se aproxima e o sono não. Na verdade, creio que durmo e tenho este pesadelo. Desde criança sempre tive medo dele, daquela figura canina e negra. Freud com certeza diria que a imagem do demônio que está lá fora é o reflexo de meu medo de cães negros. E o que estou tendo é um pesadelo.
Eu pego o revólver e checo as balas. Já não aguento mais tanta tortura. Se for sonho, pesadelo, eu acordarei ao puxar o gatilho e não mais verei a figura animalesca e humanoide lá fora. Se for realidade, dormirei no sono da morte, irei encontrar talvez a minha esposa e o meu filho, ambos mortos por um assassino e estuprador. A morte, enfim, parece-me a solução para todos os meus problemas.
Aponto o cano da arma para a minha têmpora esquerda e dou uma última olhada para fora e percebo que ele ainda me olha, agora ainda mais maligno e demoníaco. Puxo o gatilho. O meu corpo tomba numa poça de sangue, com um grande buraco na cabeça. Estou morto.
Mas a figura sombria do cão negro ainda permanece...
Autor: Alec Silva
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