PRADINHO DA SERRA



PRADINHO DA SERRA

Mirinha Maciel, essa adorável filha de Figueira, é ariana acelerada e de uma figa. Pura energia cabeça, intelecto e memória privilegiados, coração universal e solto. Platônica, por aderência filosófica e a Simone de Boveauoir, por opção doutrinária.
Inovadora como ela só, construiu a sua Pasárgada tropical e a chamou de Pradinho da Serra. Logo se chamará Agrovila Uka Uka.
Montou esse oráculo na Chapada da Lagoinha, onde, surgindo do acaso, abelhas arapuás que irão se enrolar nos fios do cabelo, silvestres e embriagadoras cagaitas, "oromas" de panãs maduros, marmelada de cachorro enramado nas cercas, colônias de carrapatos ruduleros, grudados nas folhas do araçá e que se alimentarão do sangue de um pequeno ginete cor de burro fugido, que servirá para dar voltas em torno de um eixo.
Lá se acorda com o sopro do vento frio vindo da Chapada dos Pimenta, escutando miríades de trinados dos canários da terra, umas notas como as de um prelúdio de valsa, outras tão altas com tons na escala acima do dó central. Aqui, nesse Éden porreta e curraleiro, ela e os amigos, curtirão, numa boa, a sua merecida aposentadoria. E como a vida é bipolar, há de ser do jeito que Deus pediu e da maneira que o diabo gosta. Será um viver de rédeas soltas nesse mundo doido e sem cancelas...
Dividiu a sua terra em algumas chácaras e chamou os melhores amigos para fazerem parte da egrégora tropical. Alexandre e Maria, Miguel e Tânia, Buteco e Danusa, Virgínia de Paula e Tico Lopes, o artista benzefala da terra do pequi, entre os privilegiados. Virgínia já teve uma revelação mística no local e a sua parte vai se chamar Por (ou Esplendor) do Sol. Tico batizou a sua de Chácara do Tico Tico e foi justo e frouxo ali que recentemente caiu um meteorito!
O objeto cósmico veio com um rasto de fogo do Canadá até Moc City. A NASA diz que o fragmento é oriundo do planeta Capela, da Constelação do Cocheiro.
A galera da "Nova Era" já pintou no pedaço e já taxou o" lance da transação" de Altas Energias.
A dita Agência Nacional de Aviação em sua sapiência e malandragem ofertou (para quando for desenterrado o meteorito) ao Tico Lopes a bagatela de 200 mil dólares pelo "barato estrelar". O nobre Tico e para desencargo de consciência, pensa em passar 20 por cento da bufunfa para sua protetora Mirinha Maciel, a matriarca do pedaço.
Com o restante da grana que veio na maior moleza irá montar uma trupe de músicos, tocadores, cantores, sapateadores de lundu. Será a "Tico Tico Lundu Company". Farão uma turnê pelas cidades similares do mundo. Entre armas levarão na bagagem várias caixas de cachaça Viritatinha, requeijão de Salinas, farinha do Morro Alto, carne de sol dois pelos de Mirabela, pequi de Coração de Jesus e de Bocaiúva, levarão raiz de carapiá para dar cheiro no cigarro de palha.
Como proteção astral levarão patuás de Oxossi pendurados em cordão feito na Roda de Aruanda.
Começarão a excursão pelas cidades similares: de París - Patís. Londres - Lontras. New York - Nova Iorque. Japon - Japonvar.
Farei parte da trupe como cronista, conselheiro, consultor e como sou pedólatra (admirador de pés femininos), farei um estudo libidinoso comparando os pés alvos e delicados das filhas da Rainha com os pés rachados e escolados das "tomadeiras" de água do rio de Lontras.
No repertório musical da companhia e como atração maior, a música Rapariga do Bonfim, do excêntrico roqueiro Eltomar Santoro, o único artista montes-clarense que já foi abduzido (e devolvido) por extraterrestres!
Motivo: Eles não agüentaram a fubuia que o homem toma!
Autor: Rafael Freitas Reis


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